Minicursos

MINICURSO 01: DIDATURA MILITAR: HISTÓRIA, MEMÓRIA E POSSIBILIDADES DE PESQUISA

MINISTRANTE: Flávio da Conceição. Graduado em História e aluno do Mestrado Acadêmico em História e Culturas da UECE.

Francisca Eudésia Nobre Bezerra. Graduada História pela Universidade Estadual do Ceará (2006). Especialista em Perspectivas e Abordagens em História aluno do Mestrado Acadêmico em História e Culturas da UECE.

Sinopse:

O período da ditadura militar no Brasil (1964-1985) se constitui em um tema que levanta muitas problematizações no campo das ciências humanas, mas ainda nota-se poucas pesquisas se desenvolvendo no Ceará sobre o assunto. Em função disso, é necessário novos objetos e discussões permitindo um enriquecimento da história. Durante alguns anos a memória deste período da nossa história permaneceu silenciada, porém latente, pois as marcas físicas, políticas e moral não podiam mais permanecerem na penumbra da história, uma vez que se busca um aprofundamento da democracia, tornando necessário o debate acerca desta memória, relida e reconstruída, que carrega em seu bojo inúmeros confrontos, portanto, ela pode ser pensada em seus vários significados, enfatizando duas vertentes que se complementam para uma melhor compreensão dos acontecimentos passados, a saber, a memória daqueles que sofreram os traumas da ditadura, a propositalmente esquecida, e aquela do discurso oficial, exposta ao público. O minicurso proposto tem como objetivo apresentar e discutir o tema da ditadura militar no Brasil e no Ceará, sobretudo, os novos arquivos e as possibilidades de fontes disponíveis, mas desconhecidas da grande maioria dos discentes refletindo sobre o processo de construção da memória nas suas várias dimensões. Nesse sentido, será feito uma apresentação do tema, principalmente relacionados às novas abordagens presentes também na produção cinematográfica, assim como demonstrar fontes, documentos e bibliografia existentes sobre as discursões acerca do regime militar no Ceará. Levando em conta arquivos e problematizações recentes, que se entrecruzam entre história e memória, no intuito de incentivar discussões e pesquisas sobre esse período da nossa história, priorizando as lacunas e as novas abordagens existentes na história do Ceará.

MINICURSO 02: "FILOSOFIA E HISTÓRIA EM PERSPECTIVAS: (RE)PENSANDO O ENSINO PARA CONSTRUÇÕES DE LIBERDADE"

MINISTRANTE: PROF. ELIELVIR MARINHO DO NASCIMENTO. Professor do Curso de História da FAFIDAM. Graduado em Filosofia pela UFC.

Sinopse:

O pensamento filosófico, desde os primeiros momentos de seu surgimento (séc. V-IV a.c.) até o Iluminismo ( no séc. XVIII), apresenta-se como uma proposta política e educacional que visa possibilitar aos homens a saída da ignorância - estado associado às sombras e à prisão, no qual se encontrariam cativos e sem consciência de sua condição - para o conhecimento. Em tal estado, metaforicamente associado às "luzes" e, por conseguinte à liberdade, ao tomar consciência de si e de sua condição, o homem seria capaz de agir para transformar a si e a sua realidade. No entanto, se acompanharmos mais de perto a história do Ocidente e as íntimas relações que o discurso filosófico moderno, de cunho metafísico e cientificista, manteve com o amplo processo de dominação - política, cultural e econômica - efetivado pelo imperialismo-eurocêntrico-burguês dos últimos séculos, poderemos notar que a promessa de liberdade lançada pela filosofia se transformou, ao longo da história, em seu oposto, isto é, em justificativa "racional" para a dominação do homem sobre o homem e deste sobre a natureza. Inserida no esforço de produzir um pensamento crítico acerca de nosso passado e de nosso presente, a seguinte proposta de minicurso objetiva proporcionar, por meio de uma abordagem interdisciplinar entre filosofia, história e educação, uma discussão acerca dos inúmeros desafios que uma prática educacional que vise à constituição de agentes sociais autônomos, enfrenta em uma sociedade de tipo capitalista industrial globalizada, onde a educação se encontra, muitas vezes, reduzida ao seu mero valor de consumo e à mercadoria, estando, desse modo, esvaziada de seu potencial transformador e construtor de novas realidades e liberdades.

MINICURSO 03: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIDADE

MINISTRANTES: ANA CAROLINA RODRIGUES DA SILVA e JOSÉ MARIA ALMEIDA NETO. Alunos do Mestrado em História Social da UFC.

Sinopse:

A partir de dois campos da pesquisa histórica, a memória e a cidade, o minicurso se propõe a criar um espaço de diálogo que analise as possibilidades teórico-metodológicas de trabalhos nestas áreas. Busca-se entender como o historiador pode construir interpretações a partir de fontes como: textos memorialísticos, crônicas, fotografias e etc. que permitam estudar a cidade e/ou a memória atrelados ao diálogo com a historiografia básica. Apresentando conceitos e bibliografias que perpassam os diversos temas que permeiam estas áreas. Entende-se por cidade um espaço construído socialmente com inúmeras representações e disputas. A memória é tratada, nesse sentido, (em suas aproximações e distanciamentos com a História) não como sinônimo da História, mas sim como objeto de estudo da mesma, devendo ser desnaturalizada e desconstruída, para que dela possamos produzir interpretações sobre o passado. Apoiando-nos nestes aspectos, temos como objetivos, num primeiro instante, ampliar as possibilidades de trabalho em história social, discutindo os embates entre memória e história, prezando por um olhar crítico sobre os relatos de memória. Serão discutidas alternativas de pesquisa histórica sobre as cidades, bem como, viabilidade do trabalho com relatos memorialísticos e as representações feitas sobre as cidades. Além disso, acreditamos ser de importância realizar um compartilhamento das práticas de pesquisa dos participantes enfatizando as possibilidades de análise e de escrita da história, a partir de conhecimentos tratados no minicurso.

MINICURSO 04: METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA: A LITERATURA COMO PENSADORA DA HISTÓRIA

Ministrante: JOSÉ DÉRCIO BRAÚNA: Mestre em História Social pela UFC.

Sinopse:

Já há algumas décadas que o campo da história passa por uma renovação epistemológica, notadamente no que respeita a uma mais detida atenção a seu caráter de construção discursa. E tal renovação tem coincidido com um manifesto interesse da literatura pela história, marcada por correntes de pensamento como o pós-modernismo e o pós-colonialismo.

A essa literatura tem-se denominado "metaficção historiográfica": uma literatura que se faz tomando em sua tessitura os discursos (as fontes, os registros documentais) do passado e problematizando-os, expondo seu caráter de construto humano. Assim procedendo, questionam-se as versões tradicionais da história; chama-se atenção para os "espaços em branco" do passado ignorados nesses discursos (tradicionais, oficiais). Por meio da atenção que dá a outros pontos de vista para o mesmo "fato histórico", essa literatura deixa patente sua visão de que qualquer situação histórica implica uma pluralidade de possibilidades divergentes que excedem/transbordam o curso efetivo dos "acontecimentos", e que sua transformação em "fato histórico" é um trabalho posterior, numa clara consciência de de que, como disse certo romancista (Mia Couto), "a história de qualqueríssimo país [e não só] é um texto de parágrafos salteados. Só o futuro os ordena, alisando as linhas, retocando as versões."

O minicurso aqui proposto visará a uma discussão acerca dessa temática e suas problematizações epistemológicas. Para tanto, serão tomados em análise tanto textos literários (de autores como José Saramago, Mia Couto, Pepetela, José Eduardo Agualusa) como textos historiográficos e ensaísticos (de historiadores e pensadores como Edward Said, Hayden White, Linda Hutcheon, Partha Chatterjee, Georges Duby, Lynn Hunt) a fim de, por suas leituras, perceber as "contaminações recíprocas" e enriquecimentos epistemológicos que literatura e história, nos tempos recentes, têm propiciado a seus estudiosos.

 MINICURSO 05: NOVAS TENDÊNCIAS NO ESTUDO DA CULTURA MATERIAL

Ministrante: Ana Paula Gomes Bezerra: mestranda em História pelo Mestrado Acadêmico em História (MAHIS/UECE). Atua no Grupo de Pesquisa Práticas Urbanas (GPPUR/ MAHIS/UECE) - Linha de Pesquisa: Cultura e Práticas Sociais Urbanas. Foi técnica do SEDARQ (Serviço Estadual de Arquivos/ Arquivo Público do Estado do Ceará). Foi estagiária em História no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Atuou como Professora do Ensino Fundamental e Médio na disciplina de História, nas redes particular e estadual de ensino. Atuou como professora Universitária do Curso de História no IDECC/ UVA. E-mail: paula.gomes@aluno.uece.br

Lucina Meire Gomes Reges: mestranda em História Social da Universidade Federal do Ceará - UFC. Graduada em História pela Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos - FAFIDAM/UECE. Contato: lucianareges@bol.com.br

O estudo da cultura material, por algum tempo foi domínio de arqueólogos, museólogos, antropólogos e sociólogos, só recentemente despertou o interesse de historiadores que passaram a realizar pesquisas relacionada à diferentes temáticas como: cotidiano, gênero, consumo, vestuário, patrimônio etc. O presente mini curso tem por objetivo discutir as recentes tendências conceituais, teóricas e metodológicas do estudo de cultura material. Entendendo que seu estudo não se restringe apenas ao objeto em si, mas a sua técnica, uso, função, valor simbólico ou econômico, apropriações sociais, estética. O pesquisador pode eleger como objeto de estudo: a mobília, vestuário, a alimentação. O estudo da cultura material permite ao pesquisador um diálogo com outras ciências, como a arqueologia e museologia, através do estudo dos artefatos encontrados em escavações ou peças exposta em museus.

MINICURSO 06: O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURAS AFRICANAS, AFRO-BRASILEIRAS E INDÍGENAS

Ministrante: MARIA EDLEUZA MAIA: Professora da Educação Básica (SEDUC-CE) e aluna do Mestrado Acadêmico Intercampi em Educação e Ensino (FAFIDAM/FECLESC/UECE).

Sinopse

Tradicionalmente o ensino de História buscou, em diferentes tempos históricos, instituir e legitimar poderes e identidades sociais "únicas", apresentadas como "verdades" históricas. Mas as concepções que fundamentavam essa perspectiva de ensino têm sido superadas, acrescentando novas exigências e desafios ao fazer pedagógico. No Brasil, a aprovação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 introduz a obrigatoriedade do ensino de História e Culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas nas escolas, reconhecendo o direito de grande contingente da sua população de ter suas histórias incluídas e, consequentemente, conhecidas e estudadas com respeito e reconhecimento por todos os cidadãos do país. Os desafios de implementação dessas leis são diversos: falta de formação dos professores em relação à temática, limitação da carga horária para o ensino de história, falta de material didático, resistência por parte de alunos e professores, predominância da perspectiva eurocêntrica, etc. Esta proposta de trabalho objetiva promover um debate inicial acerca desses desafios, construir com os participantes algumas estratégias para enfrentá-los na prática pedagógica e socializar experiências. Os recursos didáticos serão compostos de textos, imagens, vídeo-documentário, músicas e poemas. As oito horas de trabalho serão divididas para contemplar as questões específicas da temática geral (história e culturas africanas, afrodescendentes e indígenas).

MINICURSO 07: PARA ALÉM DOS MANUAIS DIDÁTICOS: "GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)"- OUTRAS HISTÓRIAS

Ministrante: PROFª DRª MARIA REGINA SANTOS DE SOUZA: Graduação e Mestrado em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC). DOUTORADO em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tem experiências docentes nas áreas de História (do Brasil e da Europa) e de Educação, atuando principalmente nos temas: guerras, revoltas, crimes, militares, política e sociedade. Atualmente é Professora Substituta da Universidade Estadual do Ceará (UECE)/Campus- Limoeiro do Norte/Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM).

Sinopse

A "guerra do Paraguai"- até hoje o maior conflito internacional do qual o Brasil participou como um dos principais protagonistas- calcinou, devastou e despedaçou a vida daqueles que, direta ou indiretamente, estiveram envolvidos nele. Porém, estes impactos do conflito na sociedade brasileira têm sido pouco ressaltados nos livros didáticos atuais. Estes ainda trazem visões equivocadas sobre a guerra a exemplo, da versão do imperialismo inglês na região do Rio da Prata. Constatados os equívocos e os silêncios, o presente minicurso visa mostrar, sobretudo as implicações político-sociais da "guerra do Paraguai" no Brasil. De início, discutiremos as motivações ideológicas que colocaram de um lado, o Brasil, o partido Colorado do Uruguai e o governo Argentino de Buenos Aires; e de outro, o Paraguai. Em seguida, focalizaremos a arregimentação militar nas províncias brasileiras durante o conflito (como ela modificou o cotidiano das pessoas comuns), bem como as transformações pelas quais passou a política nacional no pós-guerra. Por fim, analisaremos imagens do front contidas em manuais didáticos, brasileiros e paraguaios, para refletirmos sobre os equívocos dos olhares.

1ª Sessão: "Guerra do Paraguai" ou Guerra entre Brasil e Paraguai? Um conflito, várias versões/ Historiografia nacional

2ª Sessão: Impactos político-sociais da guerra no Brasil

3ª Sessão: Impactos sociais da guerra na província do Ceará

4ª Sessão: A iconografia do conflito e os livros didáticos: equívocos dos olhares

MINICURSO 08: ENSINO DE HISTÓRIA: ASPECTOS E CUIDADOS NO USO DE METODOLOGIAS E RECURSOS ALTERNATIVOS

Ministrante: Prof. Gustavo Adolfo d'Almeida Lôbo: Possui graduação em História pela Universidade Estadual do Ceará (1994) e mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2000). Atualmente é professor assistente da Universidade Estadual do Ceará. Coordenador do Curso de História da Faculdde de Filosofia Dom Aureliano Matos - FAFIDAM/UECE.

Sinopse

Os avanços tecnológicos das últimas décadas têm colocado a educação diante da necessidade de atualização e de uma revisão constante de suas ferramentas de trabalho; precisamos proporcionar aos futuros e atuais docentes uma formação que os tornem aptos a utilizarem, de forma efetiva e bem sucedida, os recursos advindos com a modernidade. Precisamos superar as tradicionais práticas pedagógicas e a centralização da aula na pessoa do professor, atrelando-o a recursos limitados como o quadro, o livro didático e a voz. No modelo tradicional de educação, o ensino de história além de não deixar explícitos os objetivos de cada aula e o valor de todos os conteúdos estudados, permanece trabalhando cronologicamente estes conteúdos e avaliando de forma punitiva, classificatória e excludente os alunos de turmas que são, na maioria das vezes, numerosas e heterogêneas. É objetivo deste minicurso que se apresente aspectos do uso de alguns recursos e metodologias alternativas, com o intuito de tornar o processo de formação do aluno e de aprendizagem dos conhecimentos de História uma prática interdisciplinar, dinâmica, flexível e prazerosa. Cuida, também, de apontar os cuidados inerentes ao uso de alguns recursos (filmes com temas históricos, documentários, aulas prontas, slides para exibição em data show, músicas e jornal).