Estudo da Uece e da Uerj revela impacto do fast food nos hábitos alimentares

14 de maio de 2024 - 14:08

Ascom/Uece - Texto

estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), publicado no início do mês de maio, na “Revista de Nutrição”, revela uma mudança significativa nos hábitos alimentares dos brasileiros ao longo de uma década, de 2008 a 2018. Os dados indicam que o aumento do consumo de fast food está diretamente ligado ao aumento do sobrepeso e da obesidade na população. Além disso, o estudo indicou que houve uma redução no consumo de alimentos como frutas, café, chá, peixes, frutos do mar, carnes processadas, leite e derivados. Por outro lado, houve um aumento no consumo de frango e de ovos, possivelmente relacionado à crise econômica enfrentada pelo país durante o período estudado.

Embora a população brasileira ainda consuma arroz e feijão em maior quantidade, o estudo ressalta a tendência de redução no consumo desses alimentos ao longo do tempo. Segundo a pesquisa, o consumo médio de arroz por homens, por exemplo, diminuiu de 209 gramas por dia, registrados em 2008, para 174 gramas, em 2018, enquanto o consumo de feijão e de outros legumes caiu de 250 para 231 gramas por dia. Já o consumo de fast food aumentou de 31 para 48 gramas diárias no mesmo período. “Essa mudança nos padrões alimentares sugere um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, que estão associados a indicadores de obesidade com tendências positivas, independentemente do sexo e da faixa etária”, explica a professora do PPSAC/Uece llana Nogueira Bezerra, uma das autoras do estudo. A pesquisadora destaca, ainda, que o aumento do consumo de ultraprocessados pode estar relacionado também com o desenvolvimento de outras doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

Quando a comparação é de gênero, o levantamento mostra que a proporção de homens com sobrepeso é maior do que a das mulheres, mas o aumento ao longo dos anos entre as mulheres foi maior do que entre os homens. Para elas, o aumento foi de seis pontos percentuais, de 29%, em 2008, para 35%, em 2018, enquanto, entre os homens, o aumento foi de cerca de quatro pontos percentuais, de 38,4% para 42%. Quando o parâmetro é a obesidade, as mulheres apresentam maior proporção que os homens, mas não houve diferença significativa no período, passando de 16,2% para 17,2%. Já os homens passaram de 9,8% para 12,9%.

A pesquisadora destaca, ainda, que o ganho de peso excessivo está associado também a fatores como “comportamento sedentário, aumento do tempo de tela, diminuição da prática de atividade física e aumento no número de pessoas residindo em áreas urbanas, onde as atividades laborais e o deslocamento tendem a ser mais sedentários”.

Para reverter essa tendência preocupante, o estudo sugere uma série de estratégias, incluindo a priorização dos alimentos consumidos e preparados em casa, a implementação de políticas de rotulagem nutricional, a tributação de alimentos ultraprocessados e a regulação de publicidades e promoções relacionadas a esses produtos. Além disso, são necessárias ações de saúde pública que envolvam, por exemplo, educação nutricional, mudanças na organização do ambiente alimentar e a busca por tornar os alimentos saudáveis mais acessíveis e disponíveis.