Sistema doméstico converte lixo orgânico em adubo

14 de setembro de 2009 - 06:28

Se você já separa os materiais recicláveis, prepare-se para o próximo passo: transformar seus resíduos orgânicos em adubo dentro de casa, fechando o ciclo do lixo.

Foto: Instituto Coopera

Sistema é comercializado em dois modelos

Desde o ano passado, cascas de fruta, aparas de verdura, guardanapos usados, restos de alimentos e borra de café são transformados, pelo professor Rafael Teixeira Neto, em adubo e biofertilizante líquido para as violetas e orquídeas que cultiva em seu apartamento, em Brasília. O lixo orgânico é depositado na Minhocasa, um sistema fechado e portátil de compostagem doméstica em que minhocas convertem os resíduos em fertilizante natural.

Mais importante do que o adubo que passou a ter em casa, avisa Neto, está a certeza de que não precisa mais colocar seu lixo orgânico na rua para que seja recolhido e descartado em lixões ou aterros, onde atrairá vetores de doença, colocará em risco lençóis freáticos e emitirá o temido gás metano, 21 vezes mais agressivo em termos de aquecimento global que o CO2. “A Minhocasa fica na cozinha de casa. A adaptação é tranquila e o sistema não deixa mesmo mal cheiro nem atrai insetos”, garante.

Adaptada pelo Instituto Coopera (DF) para os padrões alimentares brasileiros, a Minhocasa teve como inspiração um sistema similar implementado em Sidney, na Austrália. Por lá, a própria prefeitura subsidiou a proliferação dos minhocários e passou a dar incentivos fiscais para o tratamento doméstico do lixo orgânico, incluindo abatimentos no IPTU. A decisão levou em conta não só o efeito da prática para a conservação ambiental, mas também a redução de gastos de logística com caminhões de coleta e o prolongamento da vida útil dos aterros australianos.

“Temos muitos paradigmas para quebrar em relação ao lixo no Brasil. Geralmente as pessoas querem o lixo orgânico longe de si e não pensam que a contribuição que podem fazer nem é tão difícil como imaginam”, afirma César Danna, do  Instituto Coopera. No país, estima-se que de 60% a 70% do lixo doméstico seja orgânico. Uma família de três a quatro pessoas, segundo Danna, chega a gerar um litro dele por dia.
            
Na prática

O grande salto do Kit Minhocasa é oferecer um sistema simples e fácil de operar que cabe em locais pequenos, incluindo apartamentos. Trata-se de um sistema fechado, composto por três caixas plásticas empilhadas. No compartimento do meio, uma colônia de minhocas de duas espécies – vermelha da Califórnia e gigante africana – se alimenta de sobras de alimentos, folhas secas e papel, convertendo-os em dois tipos de adubo: húmus e um biofertilizante líquido.

Ao final de 50 dias, o sistema produz de 7 kg a 15 kg de húmus e as minhocas passam naturalmente a ocupar a caixa de cima, onde o ciclo recomeça. Na caixa de baixo, o excesso de umidade do lixo fica sob a forma do biofertilizante líquido, com PH neutro, que escorre para a caixa de baixo e pode ser coletado por uma torneira. “As únicas exceções ao sistema são carne e cítricos, que as minhocas não toleram muito”, avisa Danna.

Segundo ele, o mal-cheiro é eliminado da Minhocasa porque não há fermentação. Para isso, basta que a relação entre nitrogênio (lixo molhado) e carbono (matéria orgânica seca) seja balanceada na proporção de um para dois, respectivamente. Outra qualidade do sistema, avisa, está na adaptação das minhocas ao sistema. “Elas podem ficar até três meses sem receber alimentos. Não morrem, só diminuem ou param a reprodução”, diz Danna.

Serviço
 
CAIXA GRANDE
Absorve até um litro de resíduo orgânico por dia (produção de três a quatro pessoas, em média), 45 cm de largura x 60 cm de profundidade x 80 cm de altura.  R$ 275 + taxa de entrega
CAIXA PEQUENA
Absorve até meio litro de resíduo orgânico por dia (produção de duas pessoas, em média), 40 cm de largura x 35 cm de profundidade x 60 cm de altura. R$ 195 + taxa de entrega

Site: www.minhocasa.com

Como funciona a Minhocasa

O que pode ser colocado

O que não pode ser colocado

• – carnes de qualquer espécie
• – excesso de frutas cítricas (cascas de limão, laranja, abacaxi e mexerica)
• – papel higiênico

 Fonte: Portal RTS, 09 de setembro de 2009.