Projeto melhora sistema de captação de oxigênio para uso hospitalar
30 de novembro de 2009 - 06:19
O engenheiro Cláudio Truchlaeff, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Claeff, uma empresa com atuação em Pernambuco e no Ceará, desenvolveu um processo de produção de oxigênio para uso hospitalar que otimiza a captura do gás e pode baratear o custo dos estabelecimentos de saúde com o insumo. Resultado de um trabalho de sete anos, o estudo consegue captar o oxigênio e o nitrogênio do ar através do processo de peneira molecular. Nesse sistema, são usados zeólitos, que consistem em poros microscópicos capazes de “peneirar” moléculas maiores das menores. Dessa forma, as de nitrogênio são separadas das de oxigênio. Os dois gases compõem a maior parte do ar atmosférico.
O processo de decomposição do ar através de peneiras moleculares, também chamado de adsorção, já é usado em países desenvolvidos e no Brasil. No entanto, o diferencial do processo desenvolvido na Claeff, segundo o engenheiro, é que ele otimiza o aproveitamento do oxigênio e consegue capturar entre 30% e 50% mais de gás que os equipamentos atuais. A tecnologia rendeu, inclusive, o primeiro lugar regional do Prêmio Finep de Inovação desse ano, na categoria Inventor Inovador.
Segundo o engenheiro, na técnica usada atualmente, o ar atmosférico é capturado em uma torre de alta pressão que separa o nitrogênio e libera o oxigênio pelo topo dessa mesma torre para ser levado a outro reservatório. Essa pressão, no entanto, só consegue ser mantida com teores altos de oxigênio – entre 70% a 90 %. Quando esse percentual começa a cair, o sistema perde pressão e, consequentemente, a capacidade de captura. Na tecnologia desenvolvida pela Claeff, o ciclo de captura dos gases recebe uma pressão adicional para manter os mesmos níveis de adsorção, mesmo com baixo teor de oxigênio. Isso significa menos perda do gás e redução de custos operacionais.
Atualmente, o oxigênio para hospitais é obtido ou por adsorção ou por liquefação, ou seja, o gás é resfriado a baixíssimas temperaturas e, depois de tomar a forma líquida, transportado até os estabelecimentos de saúde em cilindros de alta pressão. Lá, ele é transformado em gás novamente. Esse processo é ainda mais caro e, de acordo com Cláudio, eleva o preço do metro cúbico do gás para um valor que varia entre 2 e 20 reais (a diferença é grande porque o custo do transporte aumenta muito em grandes trajetos, por causa da manutenção das baixas temperaturas e da pressão.
Por isso, a grande vantagem para os hospitais, garante Cláudio, é a redução no preço do metro cúbico do oxigênio. Com o sistema desenvolvido pela Claeff, o preço do gás poderia ser vendido por algo entre 30 e 40 centavos, de acordo com ele.
Desafio é o financiamento
Apesar de ter recebido o Prêmio Finep de Inovação, o engenheiro ainda busca parceiros dispostos a investir no seu projeto. Atualmente, a produção de oxigênio tem sido obtida em um protótipo. Para produzir máquinas capazes de operar em escala industrial, seria necessário um investimento de cerca de 500 mil reais. E a categoria Inventor Inovador, na qual ele foi reconhecido, não prevê premiação em dinheiro.
“Já compramos um terreno no Eusébio onde pretendemos montar a fábrica. Mas ainda estamos procurando interessados que possam entrar com o capital”, afirma. Para quem estiver disposto a estabelecer uma parceria, mais informações podem ser obtidas no site www.claeff.com.br. Contatos com o pesquisador podem ser feitos no e-mail contato@claeff.com.br ou pelos telefones 8601-2998, 8854-8303 e 8872-6986.
Fonte: Agência Funcap, 26 de novembro de 2009.