Projeto explora potencial de fibras naturais do Amazonas e de Cuba
14 de agosto de 2009 - 07:11
Parceria une USP, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Instituto Superior Politécnico José Antônio Echeverria (Ispjae), de Havana
Matá-matá, malva da Amazônia, arumã, patixulin e buritirizeiro são alguns produtos naturais que estão sendo estudados de forma sustentável por pesquisadores do Brasil e de Cuba com o intuito de descobrir o potencial de fibras naturais e fabricar ecologicamente novos produtos.
Materiais compostos alternativos a partir de fibras naturais e alguns tipos de argila disponíveis nestes países podem ser aproveitados na industrialização de produtos que necessitam de fibras mais resistentes.
O projeto no Brasil está sendo coordenado pelo pesquisador Edilson Gonçalves, da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e, em Cuba, pela Faculdade de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Politécnico José Antônio Echeverria (Ispjae) de Havana.
Segundo o coordenador do Departamento de Tecnologia de Construção de Maquinarias da Faculdade de Engenharia Mecânica do Ispjae e professor visitante da UEA, José Luis Valin, a nova missão dos pesquisadores esquematiza um estudo que teve início no segundo semestre de 2008.
“Realizaremos a caracterização de vários tipos de fibras naturais de forma integrada entre os dois países para a obtenção de materiais com melhores prestações e avaliações das suas propriedades”, explica Valin, um dos cinco professores cubanos envolvidos no projeto.
O estudo de fibras naturais tem sido desenvolvido há anos. A nanotecnologia vem expandido a agregação de polímeros no espaço de alguns tipos de argila que futuramente terão diversas finalidades. No intercâmbio de conhecimento entre Brasil e Cuba, pretende-se desenvolver os métodos necessários para apresentação matemática das fibras naturais. “Um material fibroso que tem uma dispersão maior na sua geometria que os produtos obtidos sinteticamente, e por sua vez desenhar configurações estruturais onde se aproveite o aporte e o desempenho mecânico” enfatiza Valin.
A vantagem maior na aplicabilidade das fibras naturais após o êxito dos estudos será a sua biodegradabilidade. Entre as fibras analisadas estão a envireira, ubim, ambé, côco, canarana, tauarí, matá-matá, arumã, buritizeiro, bambu, tucumanzeiro, juta da Amazônia, malva da Amazônia, sisal da Amazônia, escada de jabuti, patixulin, curauá, munguba (todas estas encontradas na região norte do Brasil) e fibras de côco, do bagaço da cana de açúcar e do henequen (estas procedentes de Cuba). Assim como a utilização de argilas de tipo bentônica, encontrada em Cuba, e argila do tipo caulim, comum na cidade de Manaus.
O estudo faz parte de um programa de pesquisa baseado no protocolo assinado entre Brasil e Cuba, em 19 de julho de 1996, e tem como objetivo estimular, por meio de projetos conjuntos de pesquisa, o intercâmbio de docentes e pesquisadores brasileiros e cubanos, vinculados a Programas de Pós-Graduação de Instituições de Ensino Superior (IES) e promover a formação de recursos humanos de alto nível, nas diversas áreas do conhecimento.
Este projeto apoia o desenvolvimento de cinco teses de doutorado, duas a serem desenvolvidas por professores da Escola Superior de Tecnologia da UEA e outras três que serão desenvolvidas por professores do Ispjae, de Cuba. No total, serão 16 pesquisadores envolvidos, sendo financiados pela Capes.
Participam do projeto da Escola Superior de Tecnologia da UEA os professores pesquisadores Gilberto García Del Pino; José Costa de Macedo Neto, Raimundo Nonato Pinheiro do Nascimento e José Luiz Sansone. E os alunos Gino José Andrade de Andrade, Edson Alberto Costa Matias e Carlos Fábio Guedes de Moraes, todos bolsistas do Programa de Apoio à Iniciação Cientifica (PAIC), financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Pela Faculdade de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Politécnico José Antônio Echeverria (Ispjae) da Havana, os professores pesquisadores Leonardo Goyos Pérez, Daniel Díaz Batista, Ángel Alexander Rodríguez Soto e Francisco Jesús Mondelo García.
(Assessoria de Comunicação da UEA)
Fonte: Jornal da Ciência 3826, 13 de agosto de 2009.