Programa científico ajuda pacientes de neurocirurgia
23 de junho de 2009 - 07:38
Parceria Público Privada oferece exames de ponta
Laura Antunes escreve para “O Globo”:
Um programa científico tem trazido alento a pacientes da rede pública, que encontram dificuldade para realizar exames de ressonância magnética para diagnosticar com precisão tumores intracranianos. Por meio de uma Parceria Público Privada (PPP), a UFRJ, Uerj e a rede Labs D’Or criaram uma frente multidisciplinar para realizar exames de neuroimagem de pacientes com esse tipo de doença — com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj)
Agora, o programa chega ao principal objetivo: lançar um portal na internet, nos próximos dias, com um minucioso banco de dados com imagens, diagnósticos e tratamentos indicados a cada um dos 120 pacientes (que têm o anonimato preservado) atendidos.
O “Portal de Neurociência do Rio” servirá de material de pesquisa para profissionais da área. Leigos também poderão consultar parte desse banco de dados para conhecer mais sobre esse tipo de doença.
O programa recebeu, há dois anos, financiamento de R$ 600 mil da Faperj, que foi destinado à montagem de toda a estrutura para o seu funcionamento. O equipamento de última geração de ressonância magnética pertence ao Labs D’Or.
Meta é receber novamente apoio da Faperj
Prestes a abrir o portal de imagens na internet, o objetivo agora da coordenação do programa científico é renovar o financiamento junto à Faperj, o que possibilitaria a manutenção do serviço. O financiamento termina em outubro.
— O objetivo do projeto é educativo, com a criação de um banco de imagens e informações científicas para a comunidade médica. Mas os pacientes que participam também têm à disposição o melhor do conhecimento que se tem atualmente e as melhores chances de tratamento — explica o chefe do Serviço de Neurocirurgia da UFRJ e integrante do grupo executivo do programa científico, Jorge Marcondes.
O equipamento está à disposição de pacientes das redes pública e privada. Basta que o neurocirurgião que acompanha o caso se inscreva no programa e encaminhe o paciente (que não pode procurar o serviço por conta própria).
No caso dos pacientes da rede privada, o pagamento dos exames de ressonância magnética (entre R$ 800 e R$ 1 mil) é feito pelos planos de saúde. O paciente que é encaminhado pela rede pública fica isento.
Mesmo com o acompanhamento por parte desse banco de imagens e dados, Jorge Marcondes esclarece que os pacientes continuam a fazer seus tratamentos nos hospitais de origem.
Não há fila de pacientes pelos exames de ressonância
De acordo com a radiologista Fernanda Tovar Moll, do Centro de Neurociências da rede Labs D’Or e uma das coordenadoras clínicas do programa científico, o sistema reúne atualmente imagens de cerca de 120 pacientes, a metade proveniente da rede pública. Fernanda diz que já são 70 neurocirurgiões inscritos no programa.
— Os pacientes são acompanhados de maneira sistemática por patologistas, radiologistas e neurologistas. Por esse método de imagem, é possível saber com precisão a localização dos tumores, o que ajuda em muito no planejamento das cirurgias. Trata-se de um benefício para o paciente e também para a ciência — afirma a radiologista, acrescentando que a verba repassada pela Faperj serviu também para a realização de 50 exames de pacientes da rede pública encaminhados pelos seus neurocirurgiões.
Fernanda Moll garante ainda que não há fila de espera de pacientes para a realização dos exames de ressonância magnética.
(O Globo, 21/6)
Fonte: Jornal da Ciência 3788, 22 de junho de 2009.