Profusão de mundos

16 de dezembro de 2009 - 06:49

Europeus descobrem mais 32 planetas na Via Láctea
Astrônomos europeus anunciaram ontem a descoberta de mais 32 planetas fora do Sistema Solar, revelando que planetas relativamente pequenos (do tamanho da Terra) seriam comuns na Via Láctea e fortalecendo a teoria de que o Universo teria diversos lugares onde a vida poderia se desenvolver.
 
– Nossos resultados mostram que pelo menos 40% das estrelas similares ao Sol têm planetas relativamente pequenos em sua órbita – explicou Stephane Udry, da Universidade de Genebra, na Suíça. – Isso é importante porque significa que esses planetas estão, basicamente, em todos os lugares. O mais interessante é que os modelos apontavam para a existência deles, e nós os estamos encontrando. E a previsão é de que haja muito mais planetas de tamanho similar ao da Terra.
 
Segundo os cientistas, no entanto, nenhum dos novos planetas poderia ser habitável. Ainda assim, com o anúncio, o número de planetas já descobertos fora do Sistema Solar é de aproximadamente 400.
 
Seis dos planetas recém-descobertos são cinco vezes maiores do que a Terra, aumentando a população das chamadas super Terras em mais de 30%. A grande maioria, no entanto, é do tamanho de Júpiter ou ainda maior. Um deles é cinco vezes maior do que Júpiter.
 
Para Udry, os resultados comprovam que a formação de planetas é algo corriqueiro, especialmente ao redor de estrelas comuns.
 
– Acredito que existam planetas como a Terra por toda parte – afirmou o astrônomo. – A natureza não gosta de vácuos. Se há espaço para colocar um planeta, haverá um planeta.
 
Alan Boss, astrônomo da Instituição Carnegie, de Washington, concorda com o colega. Segundo ele, a descoberta sugere que os planetas similares ao nosso seriam muito comuns.
 
– Na verdade, o Universo deve estar coalhado de planetas habitáveis – afirmou.
 
As descobertas revelam que cerca de 40% das estrelas parecidas com o Sol teriam, em sua órbita, planetas de tamanho mais similar ao da Terra do que ao de Júpiter. O gigante gasoso, como é conhecido, é 300 vezes maior que a Terra.
 
Para Boss, encontrar 32 planetas de uma vez só é um recorde e mostra que os europeus assumiram a liderança na busca de exoplanetas. A Agência Espacial Europeia não revelou quais estrelas os 32 planetas descobertos orbitam.
 
Corpos são achados por sua gravidade
 
O aparelho usado para a detecção dos planetas, um espectrógrafo de alta acurácia ligado ao telescópio europeu que funciona em La Silla, no Chile, não produz imagens diretas dos planetas. O equipamento calcula seu tamanho e massa a partir da detecção de alterações no movimento das estrelas causadas pela força gravitacional dos planetas.
 
O mesmo equipamento já identificou um planeta que é apenas duas vezes maior que a Terra, num anúncio feito este ano. Os cientistas sabem, no entanto, que ele não poderia abrigar vida porque sua órbita é muito próxima de sua estrela, o que torna as temperaturas neste mundo elevadíssimas.
 
A grande maioria dos planetas exosolares descobertos até agora é de gigantes gasosos, onde não há a menor possibilidade de existência de vida. O grupo do observatório europeu, no entanto, tem como alvo objetos menores, mais frios, com características consideradas compatíveis com a vida.
 
O grande objetivo do grupo, agora, é encontrar um planeta rochoso que orbite uma estrela numa zona considerada habitável, ou seja onde as temperaturas permitiriam a presença de água em estado líquido.
 
Ao anunciar ontem a descoberta dos 32 novos planetas, o grupo de cientistas informou que espera confirmar a existência de um outro grupo de novos corpos celestes, similar em número, ao longo dos próximos seis meses.
(O Globo, 20/10)

 

Fonte: Jornal da Ciência 3872, 20 de outubro de 2009.