Professor do Instituto de Economia da UNICAMP Afirma que Crescimento Abre mais Espaço para PeD
7 de julho de 2008 - 09:25
Carlos Américo Pacheco, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas afirma, em entrevista à revista de Inovação da UNICAMP, que o crescimento da economia brasileira impulsionou a Pesquisa e o Desenvolvimento, porém a inovação não teve papel central nesse aumento econômico.
O principal motivo apresentado pelo professor para o crescimento da economia doméstica foi a melhoria da renda, principalmente das classes mais baixas, combinadas com a explosão do crédito. Caracteriza que mesmo não tendo papel central no crescimento, a inovação vai aumentar, já que as estratégias empresariais variam de acordo com os mercados. Assim, a indústria tem de se adaptar a nova estrutura de mercado, diferente da que existia, inovando nos seus negócios por meio da pesquisa, criando produtos para atender às novas demandas.
Afirma que é necessário P&D para lançar esses novos produtos, e que, ao contrário do senso comum, criar produtos para atender setores com renda mais baixa não é diminuir a qualidade ou tornar o produto menos sofisticado, mas sim desenvolver uma nova produção, com novas mercadorias para atender esses novos consumidores. Cita como exemplo o “boom” dos carros populares, que apesar de não possuir tanta eletrônica, foi desenvolvido um sistema de flex para atender essa demanda.
Sobre a percepção do empresariado brasileiro sobre a importância da inovação, o professor da UNICAMP afirma que as indústrias “captam” os sinais que o governo dá, através de medidas de incentivo às empresas, como as ações do BNDES e a formação de linhas de crédito e subvenção. Assim, as empresas poderão adotar políticas e estratégias mais agressivas de competição e o tema da inovação vai estar na agenda empresarial.
Acerca dos fundos setoriais, programa que idealizou e ajudou a implantar quando foi nomeado secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), defende que estes cumpriram parcialmente seu papel, já que foram um instrumento importante para mobilizar recursos. Defende que não há no país, um processo de “desindustrialização”, o que ocorre é um processo de “reestruturação do tecido industrial”, esclarece, há vários setores com dificuldades para competir com os produtos importados, há setores com aumento da taxa de formação do capital bruto, mas julga a palavra desindustrializaçao forte.
Conclui que o balanço da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) é positivo e defende que é preciso fazer uma política industrial e tecnológica com forte articulação entre o setor privado e o Estado, mas que isso seja com transparência, para evitar a concessão de privilégios.
(fonte: Inovação da UNICAMP).