Pesquisas revelam marcadores genéticos da história das populações na América
11 de setembro de 2008 - 10:17
Genética busca responder origens do povoamento na Amazônia. Pesquisadores da UFPA e do Goeldi têm colaborado para identificar o DNA das populações ancestrais na região
A pesquisa genética se transformou em aliada da arqueologia quando se trata de definir o tempo a partir do qual as Américas passaram a ser habitadas pelo Homo sapiens.
Essa interação entre campos de conhecimento distintos significa, para a pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, Ândrea Kely Campos Ribeiro dos Santos, “mais dados, que, agrupados a outros já existentes de outras áreas do conhecimento, contribuem para o melhor conhecimento acerca do processo ocorrido durante as grandes migrações humanas”.
A maior preocupação dos pesquisadores, depois de conhecer mais sobre nós mesmos, são as interpretações que devem ser contextualizadas e cuidadosas. Além disso, o material a ser investigado tem que ser da mais alta confiabilidade no que tange procedência, forma de coleta, transporte, manuseio, entre outras variáveis.
A genética é capaz de, entre outras revelações, auxiliar a mensurar o tempo. “O tempo de entrada dos primeiros habitantes das Américas, da origem e do quantitativo de indivíduos que migraram para o novo continente ainda são questões atuais e extremamente discutidas por diferentes áreas do conhecimento”, diz a geneticista Ândrea Santos.
Nem tudo, porém, é ganho. Dados genéticos acumulados através de pesquisas desenvolvidas até o momento “apontam para a perda de parte da variabilidade biológica das populações ameríndias contemporâneas”.
A afirmação é também da pesquisadora da Federal do Pará. Ela e Sheila M. Ferraz de Souza, da Fiocruz, coordenam sessão sobre o tema durante o I Encontro Internacional de Arqueologia Amazônica, que acontece em Belém até esta sexta-feira.
Para o antropólogo Hilton Silva, também da Federal do Pará, “a genética de populações amazônicas, do passado e do presente, pode nos ajudar a compreender de onde vieram esses povos, há quanto tempo aqui chegaram e como se espalharam por essa enorme Amazônia.” Ela não pode, no entanto, ressalta ele “dizer se alguém é Tembé, Guajá ou Yanomami ou se um esqueleto é Marajoara ou Tapajônico,” pois, segundo ele, essas são definições sócio-culturais.
(Assessoria de Comunicação do Museu Goeldi)
Fonte: Jornal da Ciência 3591, 04 de setembro de 2008.