Pesquisa em Ciências Biológicas une indústria a academia
11 de fevereiro de 2009 - 10:40
Melhoramento de plantas e criação de novas vacinas levam mestres e doutores a empresas
Técnicas para aumentar a produtividade na agropecuária, pesquisas em saúde e produtos biotecnológicos impulsionam a pós em ciências biológicas e abrem bom campo de trabalho.
“Não conseguimos formar mestres e doutores suficientes para atuar com melhoramento genético”, comenta Marcio Silva Filho, 48, coordenador de Ciências Biológicas 1 na Capes.
Em campos como parasitologia, microbiologia e imunologia -em que pesquisas podem originar novos produtos veterinários e vacinas-, o aproveitamento é grande.
“De dez anos para cá, houve crescimento expressivo”, avalia João Santana da Silva, coordenador de Ciências Biológicas 3 na Capes e do programa de pós em imunologia básica e aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Também crescem pesquisas biotecnológicas, que geram produtos ou técnicas úteis à indústria. “Na área de micro-organismos, pesquisadores trabalham com catalisadores enzimáticos [enzimas que levam ao resultado final] para a indústria do etanol”, diz Wanderley Dias da Silveira, 52, coordenador da pós em genética e biologia molecular da Unicamp.
Essa pós, comenta, tem relações com empresas por meio de professores que fazem pesquisas de interesse comercial.
Biotecnologia e ecologia
Nas empresas, pode-se fazer pesquisa e atuar em sua regulamentação. “Empresas de biotecnologia que façam pesquisa devem montar comissão de biossegurança. A cada experimento, encaminha-se pedido à CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, que regula o setor]. Deve-se ter pós para atuar”, diz Silva Filho.
Estudos em ecologia e ambiente também se destacam. “Os voltados à ecologia marinha são estratégicos. Temos muitos ex-alunos trabalhando na Petrobras”, diz Fábio Scarano, 44, coordenador de ecologia e ambiente na Capes.
“Há grande demanda por doutores. Não conheço nenhum desempregado”, afirma Fernando Fernandez, 47, coordenador do programa de pós em ecologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). “Exportamos doutores para outras instituições”, conta.
A maior parte dos pós-graduados não está no setor privado. “Atuam em órgãos públicos como o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] ou em ONGs”, diz Scarano.
Na universidade, expandem-se os temas estudados. “Surgiram programas no Centro-Oeste, na Amazônia e na caatinga”, lista Scarano. Também ganham importância cursos com enfoque em biodiversidade e conservação.
(Folha de SP, 1/2)
Fonte: Jornal da Ciência 3693, 02 de fevereiro de 2009.