Pesquisa com fungos contribui para produção e sustentabilidade agrícola

1 de setembro de 2009 - 06:13

A evolução da pesquisa em micorrizas no Brasil foi discutida durante uma conferência realizada pelo CNPq, no dia 25, em Brasília. O encontro teve o intuito de mostrar um exemplo de sucesso na construção de competência em ciência e tecnologia, e contribuir para o desenvolvimento e competitividade do país. A apresentação foi ministrada pelo diretor de Programas Temáticos e Setoriais do conselho, José Oswaldo Siqueira.

     De acordo com informações do CNPq, a conferência abordou a importância atual das micorrizas, que são associações mutualistas formadas entre certos fungos do solo e raízes absorventes da maioria das plantas. Segundo Siqueira, esta simbiose tem sido de fundamental importância para a evolução e especiação das plantas no ambiente terrestre, uma vez que vegetais micorrizados são mais eficientes em absorver água e nutrientes do solo.

     Durante a conferência, o especialista disse que o Brasil ocupa hoje a 11ª posição em produção científica indexada, e que o país construiu uma boa competência na formação de RH e geração de conhecimento. “Nosso desafio agora é encontrar maneiras para explorar este conhecimento”, afirmou, em notícia publicada no site do CNPq.

     Benefícios
     Ainda de acordo com o diretor, o desenvolvimento tecnológico e a aplicação prática destes fungos pode gerar um impacto econômico para a agricultura nacional estimado em bilhões de dólares, além de reduzir a demanda de fertilizantes fosfatados, um insumo importado. Siqueira afirmou que, sem as micorrizas, a demanda por esses fertilizantes dobraria no país, o que custaria cerca de US$ 3,0 bilhões por ano. “Temos uma grande dependência externa de fosfatos e, sem estes, o agronegócio brasileiro pode parar”, esclareceu.

     Siqueira citou como exemplo as plantações de café que, segundo ele, quando micorrizadas, produzem mais utilizando apenas 1/3 do fosfato. “A inoculação proporciona o aumento da absorção de fósforo e um melhor crescimento e desenvolvimento dos vegetais. O Brasil é o paraíso para essa simbiose”, disse.

     Segundo informações do CNPq, no Brasil são encontrados, aproximadamente, 2/3 das espécies conhecidas destes fungos e existem exemplos reais da sua importância ecológica e função nos agrossistemas, onde contribuem para a produção e sustentabilidade agrícola. Atualmente o país é um dos líderes mundiais no uso de microrganismos benéficos na agricultura, com a tecnologia de inoculação de rizobio na soja, o que dispensa o uso de fertilizante nitrogenado.

     Para conhecer as ações do CNPq acesse o site www.cnpq.br.

 

Fonte: Gestão C&T nº 860, 27 a 30 de agosto de 2009.