Nova edição do Boletim de Ciências Naturais do Goeldi na internet
15 de junho de 2009 - 06:03
Dos castanhais nativos aos manguezais, a publicação apresenta artigos científicos sobre estudos que investigam a estrutura ecológica e geológica de diferentes ecossistemas da Amazônia brasileira
Apesar de estarem distantes apenas 10 km e apresentarem semelhantes características bióticas e abióticas, os platôs Almeidas e Aviso, na Amazônia setentrional brasileira, possuem populações de castanheiras nativas com significativas diferenças demográficas.
É o que revela o estudo “Densidade, estrutura e distribuição espacial de castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa H. & B.) em dois platôs de floresta ombrófila densa na Amazônia setentrional brasileira”, publicado na mais recente edição do Boletim de Ciências Naturais do Museu Paraense Emílio Goeldi. O estudo avaliou a abundância, a distribuição espacial, a estrutura em diâmetro, altura e idade de castanheiras nativas dos dois platôs, localizados na Floresta Nacional Saracá-Taquera, no distrito de Porto Trombetas, município de Oriximiná, no estado do Pará.
Os inventários florestais realizados registraram todas as árvores da espécie Bertholletia excelsa, com medida DAP (diâmetro altura do peito) igual ou superior a 10 centímetros. No platô Almeidas, que possui 763 hectares, foram encontradas 1.140 castanheiras, sendo nove centenárias, com diâmetros acima de 300 cm, fato considerado raro nos dias atuais pelos especialistas, enquanto que no Aviso, que possui uma área maior, com 1.365 hectares, foram identificadas apenas sete exemplares.
“A abundância de castanheiras nos platôs Almeidas e Aviso é uma questão intrigante e difícil de desvendar”, afirma, no artigo, o pesquisador Rafael de Paiva Salomão, da Coordenação de Botânica do Museu Goeldi, que realizou a pesquisa. “Existe a possibilidade de se considerar a origem antrópica dos castanhais do platô Almeidas, que poderá ou não ser confirmada por meio de futuros estudos”.
Outros estudos
Referente ao período de janeiro a abril de 2009, a nova edição do Boletim de Ciências Naturais do Museu Paraense Emílio Goeldi apresenta ainda resultados de pesquisas relevantes para a compreensão de aspectos ecológicos, taxonômicos e geológicos dos diferentes ecossistemas da Amazônia, como mostram os artigos “Análise estrutural de dois bosques de mangue do rio Cajutuba, município de Marapanim, Pará, Brasil”, escrito por especialistas do Instituto de Estudos Costeiros da Universidade Federal do Pará (UFPA); “Licófitas ocorrentes na Floresta Nacional de Caxiuanã, estado do Pará, Brasil: Lycopodiaceae e Selaginellaceae”, de autoria de pesquisadores do Museu Goeldi; “Macrofauna associada às galerias de Neoteredo reynei (Bartsch, 1920) (Mollusca: Bivalvia) em troncos de Rhizophora mangle Linnaeus durante o período menos chuvoso, em manguezal de São Caetano de Odivelas, Pará (costa norte do Brasil)”, das pesquisadoras Daiane Aviz, Clara Ferreira de Mello e Patrícia Fernandes da Silva; e “Proveniência de arenitos albianos (Grupo Itapecuru), borda leste da bacia de São Luís-Grajaú, Maranhão, usando análise de minerais pesados e química mineral”, escrito por Anderson Conceição Mendes e Werner Truckenbrodt, do Instituto de Geociências da UFPA.
Destinada à publicação de estudos científicos nas áreas de Taxonomia, Anatomia, Biodiversidade, Ecologia, Vegetação, Conservação da Natureza e Geologia (Estratigrafia e Paleontologia), o Boletim Ciências Naturais do Museu Goeldi conta com nova editora científica, Anna Luiza Ilkiu Borges, do Museu Goeldi. “Ao lado da qualidade, buscamos aumentar o número de trabalhos publicados, incluindo, certamente, mais textos em língua estrangeira, e atingir a pontualidade na publicação”, afirma a pesquisadora na “Carta do Editor”.
Na Carta, a editora explica ainda que “embora a reforma editorial esteja consolidada, os desafios atuais continuam sendo selecionar trabalhos de qualidade, garantir a periodicidade e conquistar a indexação na base SciELO”. Ela informa ainda que, para atender ao crescente número de submissões e ao cumprimento dos prazos com maior presteza, o corpo editorial do Boletim foi ampliado com a admissão de novos editores associados por área.
A nova edição do Boletim de Ciências Naturais do Museu Goeldi pode ser acessada, gratuitamente, no site http://www.museu-goeldi.br/editora/index.html. Já a versão impressa custa R$ 25,00 e pode ser adquirida através dos e-mails mgdoc@museu-goeldi.br e livraria@museu-goeldi.br
Mais informações pelo telefone (91) 3274-1811.
(Assessoria de Comunicação do Museu Goeldi)
Fonte: Jornal da Ciência 3781, 10 de junho de 2009.