Máquina de fazer andar

1 de setembro de 2008 - 09:00

Exoesqueleto desenvolvido em Israel promete ajudar paraplégicos

Um exoesqueleto computadorizado, chamado ReWalk e ainda em fase de testes, promete auxiliar paraplégicos a ficar de pé, caminhar e subir escadas. É o caso de Radi Kaiof, 41, que foi ferido há 20 anos, quando servia ao exército israelense e perdeu o movimento das pernas.

O sistema foi chamado de exoesqueleto porque dá sustentação ao corpo, como a estrutura anatômica homônima dos invertebrados.

— Nunca sonhei que poderia andar de novo. Depois de ser ferido, até esqueci como é caminhar — disse ele.

O dispositivo foi criado pelo engenheiro Amit Goffer, fundador da Argo Medical Technologies, uma pequena empresa de alta tecnologia em Israel. O sistema, que precisa de muletas para ajudar no equilíbrio, consiste em apoios motorizados para as pernas, sensores corporais e uma mochila contendo uma caixa de controle computadorizada e baterias recarregáveis.

— Nosso objetivo é devolver a dignidade às pessoas — contou Goffer. — O simples fato de se levantar, andar, sentar, subir escadas e ser independente em tarefas de higiene pessoal, possibilitará às pessoas voltarem a ter atividades cotidianas, devolvendo a auto-estima e reduzindo gastos enormes derivados da dependência. Com um controle remoto preso no pulso, o usuário escolhe um modo — ficar de pé, sentar, caminhar, descer ou subir — e então move o corpo, ativando os sensores e colocando as pernas robóticas em movimento.

Produto deve custar cerca de US$ 20 mil

Kate Parkin, diretora de terapia ocupacional do Centro Médico da Universidade de Nova York, diz que o aparelho pode ajudar o paraplégico não apenas fisicamente, mas também psicologicamente.

— O ReWalk permite que a pessoa viva no nível das outras e faça contato visual com elas. — disse Kate.

Kaiof confirma a opinião da médica: — Somente quando estou em pé posso perceber a minha altura e falar com as pessoas olhando nos olhos, e não olhando de baixo — contou o ex-soldado.

O aparelho encontra-se em fase final de testes no Centro Médico Sheba, em Tel Aviv, com uma outra etapa prevista para acontecer, no Instituto Moss de Pesquisas e Reabilitação, na Pensilvânia, nos EUA.

O produto deve chegar ao mercado em 2010 e custará caro, com preço semelhante ao de cadeiras de rodas mais sofisticadas, vendidas hoje por cerca de US$ 20 mil.

O inventor do ReWalk, porém, não poderá utilizá-lo. Paralisado por causa de um acidente em 1997, Amit Goffer perdeu os movimentos dos braços e não é capaz de comandar o aparelho que criou.

Em maio deste ano, a empresa americana Berkeley Bionics anunciou que estava aceitando pedidos antecipados para um exoesqueleto que se encontrava em fase final de produção. O produto, chamado de HULC (de Human Universal Load Carrier), será capaz de auxiliar uma pessoa a andar carregando um peso de até 90 quilos. O HULC não poderá ser utilizado por paraplégicos. Seu principal uso deverá ser militar.
(O Globo, 27/8)

Fonte: Jornal da Ciência 3586, 28 de agosto de 2008