Inovar, apesar da crise, artigo de Odenildo Sena
5 de dezembro de 2008 - 09:42
“É preciso, entretanto, um extraordinário esforço dos governos federal e estaduais para não comprometer o nosso ritmo do avanço da ciência”
Odenildo Sena é presidente da FAP do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). Artigo publicado no “Portal Amazônia”:
Desde o início do governo Lula, tem-se investido muito em pesquisa tecnológica no país. As agências de fomento vinculadas ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), tanto a Finep quanto o CNPq, vêm aumentando substancialmente seus orçamentos e dando uma demonstração de rara competência na execução desses recursos.
Ao lado disso, há um cenário complementar novo e importante no horizonte. O surgimento de novas fundações de amparo à pesquisa nos estados, ao lado das poucas mais antigas e tradicionais, tem representado um extraordinário suporte nesse esforço conjunto para consolidar, ainda que com bastante atraso, a cultura da inovação tecnológica no Brasil.
Hoje são 23 fundações estaduais cujos orçamentos para o corrente ano significaram no seu total um aporte de 1,7 bilhão. São recursos estaduais que, somados aos federais, sob forma de salutar parceria, têm permitido um avanço na ciência brasileira como nunca visto.
Quem está inserido nesse contexto sabe muito bem do que estou falando. Mas eu me referia anteriormente à cultura da inovação, peça-chave nessa vertente da política de ciência e tecnologia empreendida nos últimos anos e um dos retornos já visíveis dos investimentos na modalidade subvenção econômica.
Estimular essa cultura, principalmente no âmbito das micro e pequenas empresas, promove o convencimento de que se elas não estiverem sintonizadas com o avanço tecnológico, traduzido em processos e produtos inovadores, estarão fadadas a parar no tempo, a perder sua competitividade, num mercado globalizado altamente exigente, a definhar e a sumir do mapa. A compreensão dessa evidência tem gerado um clima animador e favorável nos quatro cantos do país.
Por outro lado, esse quadro positivo começa a conviver com as adversidades da crise econômica, que começa a respingar no Brasil. É preciso, entretanto, um extraordinário esforço dos governos federal e estaduais para não comprometer o nosso ritmo do avanço da ciência.
Afinal, a história tem dado exemplos contundentes de que a sustentabilidade e a independência de um país, o que projeta a sua soberania é ele estar cientificamente à frente de outras nações. E, nesse campo, tempo perdido não se recupera.
A esperança é que, a despeito da crise, se ela se intensificar ainda mais, nossos governantes mantenham firme a sensibilidade para preservar os investimentos, sem os quais o Brasil dará um perigoso e grande passo atrás, pondo a perder as tantas conquistas acumuladas nos últimos anos.
(Portal Amazônia, 25/11)
Fonte: Jornal da Ciência 3649, 26 de novembro de 2008.