Fiocruz recupera acervo do Museu de Patologia
22 de setembro de 2009 - 06:34
Digitalizadas, amostras poderão ser consultadas online
Clarissa Thomé escreve para “O Estado de SP”:
Um dos mais importantes acervos para a saúde pública do Brasil está sendo recuperado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). São milhares de amostras – entre fragmentos de fígados coletados em campanhas para controle da febre amarela e órgãos humanos estudados em importantes casos médicos – que estão passando por restauração e, em breve, poderão ser observados numa versão eletrônica do Museu da Patologia da Fiocruz.
Por enquanto é possível fazer uma visita virtual no endereço http://museudapatologia.ioc.fiocruz.br/
O museu teve início em 1903, quando Oswaldo Cruz pediu que patologistas guardassem peças anatômicas e amostras para estudos. Surgia, assim, a maior coleção sobre febre amarela do mundo, hoje com 498 mil amostras de fígado. Por conta dessa iniciativa, foram preservados até corações usados pelo sanitarista Carlos Chagas para identificar a doença transmitida pelo barbeiro e que ficou conhecida pelo sobrenome do médico.
Enquanto a coleção de febre amarela estava preservada no Departamento de Patologia, a de anatomia patológica havia se perdido na Fiocruz. Em 1970, durante o regime militar, dez cientistas foram cassados e proibidos de trabalhar. Para “abrir espaço” nas salas, lâminas e amostras de órgãos foram jogados fora.
“Não havia a consciência da importância desse material”, diz o pesquisador Marcelo Pelajo, chefe do Laboratório de Patologia do Instituto Oswaldo Cruz. Mas a maior parte da coleção não foi para o lixo: ficou perdida nas salas da Fiocruz. Há quatro anos o material foi reencontrado e agora está sendo recuperado.
Dois ex-funcionários, os técnicos Nelson Silva, de 66 anos, e José Carvalho Filho, de 73, foram reintegrados à equipe como bolsistas e cuidam do restauro das lâminas – cerca de 2.500 por semana – para que elas possam ser digitalizadas. “Isso permitirá que pesquisadores de outros Estados ou países acessem o nosso acervo. Também poderemos mapear a evolução das doenças ou esclarecer, a partir de técnicas modernas, casos que ficaram sem diagnóstico”, diz Pelajo.
(O Estado de SP, 12/9)
Fonte: Jornal da Ciência 3847, 14 de setembro de 2009.