Estudo decifra doença de Huntington

12 de junho de 2009 - 05:57

Combinação de proteínas afeta área cerebral responsável por movimento

Cientistas decifraram por que pessoas como mal de Huntington têm uma proteína defeituosa que destrói apenas certas células do cérebro e não outras. A descoberta, de cientistas da Universidade Johns Hopkins, publicada na revista “Science”, pode ajudar a desenvolver tratamentos para esse problema incurável e outras alterações do cérebro, como o mal de Alzheimer.

A doença hereditária rara causa movimentos involuntários bruscos e irregulares, dos braços, das pernas e do rosto; perda progressiva de memória e senilidade mental precoce, entre outros sintomas graves. Ela se manifesta por volta dos 30 anos a 50 anos, e leva à morte em dez a 15 anos.

— Até agora não tínhamos qualquer ideia da causa desse dano cerebral — disse o doutor Solomon Snyder, principal autor do trabalho.

Hoje só há tratamento para reduzir os movimentos convulsivos. A causa do mal seria a mutação num gene descoberto em 1993. O filho de alguém com Huntington tem 50% de chances de herdar o defeito. Snyder disse que o gene da doença produz uma proteína defeituosa em todas as células. Mas as únicas que morrem são certos neurônios, a maioria na região do cérebro chamada de corpo estriado, que controla movimentos.

Segundo Snyder, uma segunda proteína é a culpada. É uma molécula pouco conhecida, chamada Rhes, encontrada quase exclusivamente no cérebro estriado. Quando ela se combina com a proteína defeituosa, há reação química.

Os autores querem saber se a eliminação da Rhes em cobaias com Huntington pode impedir o avanço da doença ou interrompê-la, sem causar muitos efeitos secundários. Se isso for possível, a etapa seguinte é pesquisar alguma droga contra o problema.
(O Globo, 5/6)

 

Fonte: Jornal da Ciência 3777, 05 de junho de 2009.