Embrapa e UECE debatem inovação no Café com Negócios
19 de maio de 2025 - 10:00
Foto: Francisco Williams
Chefe-geral Gustavo Saavedra, chefe-adjunta de TT, Aline Teixeira, e Jefferson Teixeira, coordenador da AGIN/UECE
Como fortalecer a cultura de inovação nas instituições de pesquisa para materializar conhecimentos científico em soluções palpáveis para a sociedade? Essa e outras questões estiveram no cerne do debate sobre inovação como instrumento de desenvolvimento e transformação, durante a segunda edição do Café Com Negócios, realizada na terça-feira (13), no auditório da Embrapa Agroindústria Tropical. O evento compartilhou com pesquisadores e analistas de diferentes áreas do conhecimento a experiência da Agência de Inovação da Universidade Estadual do Ceará (AGIN/UECE), com o objetivo identificar oportunidades de parceria em projetos de pesquisa inovadores.
O professor Jefferson Teixeira, coordenador da AGIN/UECE, abordou a trajetória do órgão criado há dois anos, destacando os principais desafios da inovação em instituições públicas, o papel das Agências na articulação e ampliação de processos de inovação com setores públicos e privados, a necessidade de consolidar uma cultura de inovação nas instituições e a importância das parcerias para o fortalecimento das pesquisas para desenvolvimento de soluções inovadoras.
“Embora existam dispositivos legais que disciplinam a transferência de tecnologias para materialização do conhecimento produzido, as instituições de ensino e pesquisa ainda enfrentam dificuldades jurídicas. “Precisamos avançar em aspectos normativos para tornar o processo mais ágil e transparente e conferir maior segurança tanto para gestores como para os parceiros, que geralmente se mostram receosos quanto a questões legais e de mercado. Essa resistência por parte de atores envolvidos no processo reflete que a cultura de inovação e empreendedorismo ainda não está plenamente internalizada nas instituições”, avalia Jefferson Teixeira.
O Café com Negócios é um projeto coordenado pela Área de Transferência de Tecnologias da Embrapa Agroindústria Tropical, voltado para a promoção de debates em torno de temas de pesquisas e sua inserção no contexto do agronegócio. O objetivo da iniciativa é identificar alternativas para aumentar a adoção de tecnologias da empresa por diferentes públicos e prospectar potenciais oportunidades de pesquisa e negócio e novas parcerias.
Mudança cultural
Outro desafio enfrentado pelas instituições na promoção da inovação é uma postura pouco receptiva por parte de atores que poderiam figurar como chave em processos de inovação. No contexto da UECE, conforme explica o coordenador da AGIN, a maioria dos pesquisadores se formou em um ambiente sem alternativa de inovação, aspecto que influencia o processo decisório de abraçar iniciativas que envolvem processos inovadores.
Para modificar esse cenário, fruto de uma herança cultural, foi necessário investir em ações educativas que mostram o processo de inovação envolve riscos, mas também proporcionam vantagens e benefícios. “Por meio da Agência, trabalhamos para fortalecer a cultura da inovação na universidade, orientando professores e estudantes de pós-graduação com perfil inovador sobre as possibilidades disponíveis no ambiente acadêmico e facilitando o acesso aos mecanismos necessários para transformar os conhecimentos gerados em produtos e serviços com valor para o mercado”, ressalta Jefferson Teixeira.
Problemas comuns
Processos de inovação são cruciais para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social de um país. Ao desenvolver novas tecnologias, processos e modelos de negócios inovadores é possível conferir maior eficiência à produção, criar novos empregos e melhorar a qualidade de vida da população. Universidades e instituições de pesquisa são ambientes férteis para projetos inovadores para a geração de conhecimentos tecnológicos em prol da sociedade. A Embrapa conta com uma Política de Inovação que traduz o seu posicionamento frente ao cenário nacional de desenvolvimento, alinhado a avanços previstos no Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do país.
De acordo com a chefe-adjunta de Transferência de Tecnologias da Embrapa Agroindústria Tropical, Aline Teixeira, a experiência da UECE mostra avanços que podem inspirar a Unidade em novos processos de inovação, mas também revela problemas comuns às instituições, que podem ser resolvidos com a soma de esforços. A Agência de Inovação da UECE é parceira da Embrapa de longa data e a atuação conjunta tem possibilitado avanços na área da inovação. Entre os resultados práticos dessa colaboração está o depósito de patentes em parceria.
“Também investimos conjuntamente em ações de interação entre profissionais, com o intuito de fortalecer e disseminar a cultura da inovação, dentro e fora da universidade e da Embrapa, discutindo esse tema de forma mais abrangente, com exemplos práticos e concretos. Esses debates são essenciais para superar barreiras ainda existentes e impulsionar a inovação como uma prática integrada à nossa realidade”, defende a gestora, que também esclarece que a Embrapa tem a sua própria normativa para os seus processos de inovação, mas exemplos de sucesso, validados por outras instituições que investem em ciência e tecnologia podem contribuir para aprimorar aspectos como gestão da inovação, registro de patentes e exploração comercial de patentes já concedidas.
Ecossistema de inovação do Ceará
A AGIN/UECE integra o ecossistema de inovação do Estado do Ceará, ambiente que congrega uma rede de empresas, universidades, instituições de pesquisa (incluindo a Embrapa), órgãos de fomento e startups, entre outros agentes, que atuam de forma colaborativa. A proposta é que os diferentes atores possam compartilhar conhecimentos, recursos e experiências para viabilizar a criação de soluções inovadoras para problemas do estado e que impulsionem a economia local.
O Brasil é um grande produtor de conhecimentos científicos e ativos tecnológicos, mas ainda é pouco eficiente na transferência de tecnologias. Segundo Jefferson Teixeira, é imprescindível tornar esse conhecimento algo palpável para a sociedade. Na UECE, os avanços na proteção de tecnologias por meio de patentes e registros, especialmente de softwares, obtidos a partir da implementação da Agência, colocam a Universidade em lugar de destaque como agente de proteção de conhecimento no Ceará.
“Estamos aprendendo a lidar com negócios e mercado e proteção ao conhecimento, mas precisamos avançar na transferência dessas tecnologias para permitir que sejam disponibilizadas para o mercado. De modo geral, esse é um processo lento no Brasil, em função das dificuldades no processo de inovação enfrentadas por universidades e outras instituições públicas. Buscamos superar inseguranças jurídicas para melhorar esse processo e a parceria da universidade com empresas e indústrias que estão no mercado”, destaca.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Agroindústria Tropical
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Fonte: Embrapa