Em 2009, estudantes terão Olimpíada Brasileira das Ciências
11 de setembro de 2008 - 10:02
Organização será da SBPC, Capes e MEC
Alunos de todo o país vão ter, no ano que vem, mais uma competição de conhecimentos: a Olimpíada Brasileira das Ciências, que será organizada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Ministério da Educação (MEC). A informação foi dada pela secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar, em entrevista à Agência Brasil.
“O projeto será para as séries iniciais e finais do ensino fundamental, além do ensino médio. O foco está na melhoria do ensino da ciência a partir desse debate que se cria com as olimpíadas”, afirmou Pilar.
Segundo o conselheiro do grupo de trabalho de educação da SBPC, Isaac Roitman, a idéia foi inspirada no sucesso da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que atraiu na edição deste ano 18 milhões de alunos. Ela é promovida pela Sociedade Brasileira de Matemática, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), e os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação.
“O principal objetivo das olimpíadas é ser um instrumento de estímulo e educação científica para os jovens tanto em escolas públicas quanto privadas. Além de funcionar como instrumento de identificação de talentos, ela cria um ambiente acadêmico que estimula os estudantes de forma positiva, contribuindo para a melhoria da qualidade da educação”, defendeu.
O modelo da competição deverá ser o mesmo das Olimpíadas de Matemáticas, promovida em parceria com o MEC. “A SBPC irá chamar as associações de física e química que promovem essas olimpíadas hoje e apresentar o formato”, explicou a secretária do MEC.
Olimpíadas educacionais crescem no país
Os jogos de Pequim já foram encerrados, mas nas escolas do Brasil o clima olímpico permanece. Na última semana, 18 milhões de alunos participaram da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). O projeto é apenas um entre as várias competições educacionais que se espalham pelo país.
Praticamente, há uma olimpíada escolar para cada área do conhecimento. Entre as mais concorridas estão as Olimpíadas Brasileiras de Física, Astronomia, Química, Biologia, Informática, Geografia e Língua Portuguesa.
Assim como os atletas do esporte, os alunos passam por várias etapas de seleção até a premiação com medalha de ouro, prata e bronze para os melhores colocados. Em algumas edições, a premiação inclui bolsas de estudo, computadores e viagens. O objetivo, segundo as entidades que organizam as competições, é estimular o estudo, melhorar o aprendizado e descobrir talentos.
“O ser humano gosta de competir. A gente não pode limitar a escola a isso, mas os jogos também são espaços de aprendizado, de respeito ao outro. A escola é o espaço para mostrar que todos prosseguem, alguns em matemática, outros em português, outros no esporte”, avalia a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar.
Para Pilar, a competição é saudável, mas não deve ser o foco principal desses concursos. “No caso da educação, ela não pode ser uma disputa pura, precisa envolver o maior número possível de alunos e a formação de professores para causar uma reflexão sobre as prática em sala de aula”, defende.
A secretária cita a Olimpíada da Língua Portuguesa, que envolve a formação por dois anos dos professores participantes e oficinas de literatura para os alunos, como um modelo da disputa que provoca essa mudança no aprendizado. A competição é organizada pelo MEC e a Fundação Itaú Cultural e cerca de 6 milhões de alunos participam da edição de 2008. O tema dos textos, dividos nas categorias poesia, memória e prosa, é O Lugar onde Vivo.
“Em alguns modelos você identifica o melhor aluno de matemática da turma, mas e os outros 40 que não sabem? É importante a escola descobrir quem tem um talento especial e incentivá-lo para que ele não fique desmotivado. Mas outros colegas também têm direito a aprender”, afirma.
A melhoria da aprendizagem é um dos resultados que essas competições podem trazer. Segundo Pilar, o último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que funciona como um termômetro da qualidade da educação, já mostrou esses efeitos. “A gente já sentiu uma melhora forte na matemática nos anos inciais do ensino fundamental. Uma das explicações para isso é a enorme adesão que existe hoje à Obmep que pode provocar melhor prática em sala de aula”, acrescenta.
Muitas competições, como a Olimpíada Brasileira de Física (OBF), funcionam também como etapas seletivas para concursos internacionais. Em outubro, quatro estudantes brasileiros vencedores da edição de 2007 da OBF participam no México da Olimpíada Ibero-americana de Física.
“Esse ano ganhamos uma medalha de prata, bronze e duas menções honrosas na Olimpíada Internacional de Física, em julho”, comemora o coordenador do projeto, Euclydes Júnior. Em 2008, cerca de 750 mil estão participando da competição.
(Informações da Agência Brasil)
Fonte: Jornal da Ciência 3588, 1º de setembro de 2008.