Cientistas comemoram inauguração do Observatório Pierre Auger

24 de novembro de 2008 - 11:31

Evento nesta sexta-feira marca o início da segunda fase da iniciativa, que inclui planos de expansão do observatório da Argentina e a construção de um outro no Hemisfério Norte, em Colorado, EUA

Cientistas da Colaboração Auger, um projeto que estuda os mistérios de raios cósmicos ultra-energéticos que atingem a atmosfera da Terra, comemoram nesta sexta-feira (14), a inauguração do Observatório Pierre Auger, em Malargüe, Argentina.

O evento, no qual estarão presentes pesquisadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCT), marca também o início da segunda fase da iniciativa, que inclui não só planos de expansão do observatório da Argentina, como também a construção de um outro no Hemisfério Norte, em Colorado, Estados Unidos.

Raios cósmicos são prótons e outros núcleos atômicos que viajam pelo universo a velocidades próximas à da luz e se chocam contra outros núcleos no alto da atmosfera, criando uma cascata de partículas secundárias, chamadas de chuveiros atmosféricos. Embora até agora não haja consenso sobre como se formam esses raios, cientistas que trabalham no projeto anunciaram, no ano passado, que as partículas mais energéticas conhecidas pela ciência teriam origem nos buracos negros supermassivos.

Ronald Shellard, pesquisador do CBPF e co-presidente do Conselho da Colaboração Auger, explica que essas partículas são muito comuns na natureza e a própria Terra é constantemente bombardeada por raios cósmicos de baixa energia oriundos do Sol. Os raios ultra-energéticos, em contrapartida, percorrem uma linha reta desde suas fontes, sendo pouco afetados por esses campos magnéticos. No entanto, eles são mais difíceis de serem mapeados, já que, mais raros, atingem a Terra num fluxo de cerca de um por quilômetros quadrado, a cada século.

O Observatório Pierre Auger registra chuveiros de raios cósmicos usando uma rede de 1,6 mil detectores de partículas dispostos numa rede triangular, com uma separação de 1,5 km entre eles, ocupando uma área de 3 mil quilômetros quadrados, tamanho equivalente a três vezes o município do Rio de Janeiro. Além desses detectores terrestres, os pesquisadores contam com 24 telescópios especiais, projetados para registrar a emissão da luz fluorescente gerada pela passagem do chuveiro atmosférico pela atmosfera.

Construído por uma equipe de aproximadamente 400 cientistas e engenheiros de 17 países, o observatório ganhou seu nome da homenagem ao físico francês Pierre Vitor Auger (1899-1993), o primeiro a observar, em 1938, chuveiros atmosféricos extensos, gerados pela interação de raios cósmicos de altíssima energia com a atmosfera da Terra.
(Assessoria de Comunicação do CBPF)

Fonte: Jornal da Ciência 3641, 13 de novembro de 2008.