Célula-tronco é criada com proteína
28 de abril de 2009 - 04:37
Novo método reduz risco de dano ao DNA e surgimento de tumores
Alexandre Gonçalves escreve para “O Estado de SP”:
Um método mais seguro e barato para produzir células-tronco de pluripotência induzida (iPS, em inglês) foi descrito ontem em artigo da revista científica Cell Stem Cell. A técnica pode viabilizar a utilização de iPSem terapias.
Nos métodos anteriores, os pesquisadores inserem material genético na célula diferenciada para reprogramá-la como célula-tronco, tornando-a indiferenciada. O processo traz o risco de alterações indesejáveis nos genes que podem gerar tumores. Além disso, tais técnicas de reprogramação são caras e trabalhosas.
A nova abordagem não realiza qualquer alteração no DNA da célula. Lança mão de quatro proteínas capazes de iniciar o processo de transformação Oct4, Sox2, Klf4 e c-Myc. A substâncias, produzidas por bactérias Escherichia coligeneticamente modificadas, são adicionadas ao meio de cultura das células diferenciadas, onde são absorvidas.
Para garantir que os quatro fatores cheguem ao núcleo da célula, os cientistas inserem “caudas” de poliargininanas proteínas. A substância conduz os fatores à “central de comando” da célula para reprogramá-la.
Avanço
Os testes apresentados no trabalho foram realizados com células da pele de embriões de camundongos, mas um dos autores do estudo, Sheng Ding, do Instituto de Pesquisa The Scripps, afirma que diversos tipos de célula podem ser usados no procedimento.
A pesquisadora Virginia Picanço e Castro, do Hemocentro de Ribeirão Preto, que trabalhou no desenvolvimento de uma das linhagens brasileiras de iPS, considera o resultado um grande avanço. “Ainda é menos eficiente do que outros métodos”, explica Virginia, referindo-se à utilização de vírus ou plasmídeos – anéis de DNA que não dependem do núcleo – para inserir genes que reprogra- mamas células. “Mas é mais seguro: o futuro está aqui.”
(O Estado de SP, 24/4)
Fonte: Jornal da Ciência 3748, 24 de abril de 2009.