Cbers-2 encerra vida útil

10 de fevereiro de 2009 - 11:56

Satélite que fez do Brasil o maior distribuidor de imagens orbitais do mundo, o Cbers-2 deixou de operar no último dia 15 de janeiro, fato anunciado nesta quarta-feira, dia 28, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

Quando lançado do Centro de Taiyuan, na China, em 21 de outubro de 2003, o satélite sino-brasileiro tinha vida útil projetada de dois anos. Nestes mais de cinco anos, superou todas as expectativas ao produzir mais de 175 mil imagens que serviram para monitorar o meio ambiente, avaliar desmatamentos, áreas agrícolas e o desenvolvimento urbano.

Desde o lançamento do Cbers-2B, em setembro de 2007, o Brasil vinha contando com dois satélites próprios para vigiar o seu território com melhor capacidade e frequência de observação. Os satélites são resultado do sucesso do Programa Cbers (sigla para China-Brazil Earth Resources Satellite; em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), parceria iniciada com a China há 20 anos e que garantiu a ambos os países o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto.

Para garantir o fornecimento ininterrupto de dados aos milhares de usuários conquistados pelo Cbers, o Brasil precisa manter e ampliar seu programa de satélites de observação da Terra. Já estão programados os lançamentos de mais dois satélites, em 2011 e 2014. E já se discute com a China o desenvolvimento de outros dois.

Além do fornecimento gratuito de imagens de satélite, que contribuiu para a popularização do sensoriamento remoto e para o crescimento do mercado de geoinformação brasileiro, o Programa Cbers promove a inovação na indústria espacial nacional, gerando empregos em um setor de alta tecnologia fundamental para o crescimento do país.

O programa é um exemplo bem sucedido de cooperação Sul-Sul em matéria de alta tecnologia e é um dos pilares da parceria estratégica entre o Brasil e a China. O Cbers é hoje um dos principais programas de sensoriamento remoto em todo o mundo, ao lado do norte-americano Landsat, do francês Spot e do indiano ResourceSat.

A missão de desenvolver e construir satélites no Brasil cabe ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do MCT. Na China, o programa está sob a responsabilidade da Chinese Academy of Space Technology (Cast).

Superação

Os últimos sinais do Cbers foram detectados em 15 de janeiro pelos técnicos brasileiros e chineses. Os dias seguintes foram dedicados a tentar restabelecer a comunicação com o satélite. Como não foi possível, Inpe e Cast decretaram encerrada a missão do Cbers-2.

Como todos os satélites, os da série Cbers são projetados para funcionar durante um determinado período, e muitas vezes enfrentam problemas em sua operação. Com a impossibilidade de manutenção em órbita, o risco de falha é calculado minuciosamente na fase de projeto e nos testes que antecedem o lançamento.

O Cbers-1, lançado em outubro de 1999, operou com sucesso até agosto de 2003, por quase quatro anos. O Cbers-2 alcançou superação ainda maior, operando por mais de cinco anos.

Imagens gratuitas

O Cbers fez do Brasil o maior distribuidor de imagens de satélite do mundo. Além dos usuários brasileiros, as imagens Cbers são fornecidas gratuitamente para todo e qualquer usuário. Os países da América do Sul que estão na abrangência das antenas de recepção do Inpe em Cuiabá (MT) são os mais beneficiados por esta política. O download gratuito das imagens é feito a partir do site http://www.obt.inpe.br/catalogo

Investimento

O acordo de cooperação firmado em 1988 previa que 70% do custo do programa caberia à China e 30%, ao Brasil. Isto significou investimento nacional de US$ 118 milhões nos Cbers-1 e 2, e outros US$ 15 milhões no Cbers-2B, que teve custo menor por utilizar equipamentos e peças remanescentes do Cbers-2. No total, foram investidos cerca de US$ 350 milhões pelos dois países.

Em 2002, quando foi assinado o acordo para a continuação do programa, com a construção dos Cbers-3 e 4, estabeleceu-se uma nova divisão de responsabilidades técnicas e financeiras entre o Brasil e a China – 50% para cada país. Nestes satélites o Brasil está investindo cerca de US$ 150 milhões.

Números

De acordo com o Centro de Rastreio e Controle de Satélites do Inpe, enquanto operacional o Cbers-2 atingiu as seguintes marcas:
27.442 órbitas completadas
26.854 km/h de velocidade orbital
44.925 quilômetros percorridos por órbita
1.232.800.000 quilômetros percorridos desde o lançamento até 15/01/2009
11 manobras planejadas e executadas na fase operacional (6 pelo Brasil, 5 pela China)

Mais informações sobre o programa no site http://www.cbers.inpe.br
(Com informações da Assessoria de Comunicação da Assessora de Imprensa do Inpe)

Fonte: Jornal da Ciência 3691, 29 de janeiro de 2009.