Brasil pode ganhar novos mercados com a crise mundial, avalia Sergio Rezende

30 de outubro de 2008 - 09:28

Programa de defesa agropecuária, lançado na quinta-feira, tem orçamento de R$ 120 milhões para três anos

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, afirmou na quinta-feira (23) que a crise financeira mundial pode abrir caminho para que o Brasil amplie seus mercados.

Em entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia Ministro, nos estúdios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ele avaliou que, apesar da queda no comércio global, produtos de determinados países vão ficar mais caros e quem tem vantagem competitiva entra em “um novo caminho”.

“Temos que usar a nossa inteligência, o nosso conhecimento e a nossa competência para aproveitar esse momento de dificuldade, criar mecanismos e inserir os nossos produtos em novos mercados. A agropecuária é uma das áreas na qual o Brasil é extremamente competitivo.”

De acordo com o ministro, países produtores como o Brasil precisam ter ciência e tecnologia não apenas para produzir com boa qualidade mas também para comprovar que o produto é de boa qualidade.

Ao comentar o programa Defesa Agropecuária: Mais Ciência, Mais Tecnologia, lançado nesta quinta-feira, Rezende avaliou que um melhor controle da produção pode ser feito por meio de análises e de uma demonstração segura da origem desses produtos. A rastreabilidade, segundo o ministro, é o foco da parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“A agropecuária, no mundo todo, está muito competitiva. Sabemos que os países mais ricos – da Europa e os Estados Unidos principalmente – procuram proteger seus produtores por meio de incentivos e de barreiras comerciais. Essas barreiras comerciais, gradualmente, foram perdendo força por conta dos acordos comerciais e criaram o que chamam de barreiras técnicas, dizendo que não compram o produto se ele não tiver tal especificação e tal controle.”

R$ 120 milhões para defesa agropecuária

Pesquisadores, professores e especialistas de instituições de ensino superior e centros de pesquisa e desenvolvimento sem fins lucrativos com sede no Brasil poderão concorrer a bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na área de defesa agropecuária.

O programa de Defesa Agropecuária: Mais Ciência, Mais Tecnologia lançado nesta quinta-feira (23) pelos ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, terá recursos de R$ 120 milhões para os próximos três anos.

“O consumidor é cada vez mais exigente e o mercado externo tem pilotado essas exigências, o que é muito bom porque nos obriga a ter uma condição cada vez melhor em termos da qualidade do que vai para a mesa das pessoas. Esse convênio inova porque efetivamente procura investir em ciência e tecnologia e inovação para podermos atuar em melhores condições tanto na área de defesa agropecuária quanto na qualidade dos produtos agrícolas”, explicou Stephanes.

Ações isoladas nesse sentido já existem, como o primeiro chip 100% brasileiro para rastreabilidade bovina, lançado há um mês pelo Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). O país sofreu, no início do ano, com falhas no sistema de rastreabilidade do gado, que foram responsáveis pelo embargo da carne bovina brasileira decretado pela União Européia.

O programa também aceitará projetos destinados à capacitação de recursos humanos, apontado pelo ministro Sérgio Rezende como um dos principais problemas da área e que, segundo ele, poderá receber, no futuro, outros investimentos adicionais.

Os pesquisadores devem encaminhar as propostas até o dia 24 de novembro, às 18h, via internet pelo Formulário de Propostas Online, à disposição no site http://carloschagas.cnpq.br.

O valor das bolsas varia de R$ 200 mil a R$ 1 milhão, dependendo da linha de atuação.

A divulgação dos projetos aceitos pelo CNPq será a partir do dia 4 de dezembro no Diário Oficial da União e a contratação será feita logo em seguida. Mais informações sobre as regras do programa podem ser encontradas no site http://www.cnpq.br.
(Agência Brasil)

Fonte: Jornal da Ciência 3629, 28 de outubro de 2008.