Brasil amplia presença na Arca de Noé vegetal

20 de fevereiro de 2009 - 07:37

Cofre, na Noruega, guarda sementes do mundo todo

Carlos Albuquerque escreve para “O Globo”:

Dois anos após ser concebido, o cofre global de sementes, na Noruega, já começa a dar frutos. O ambicioso projeto para preservar, num prédio subterrâneo, plantas alimentícias de diversas localidades já tem 53 mil amostras de 100 mil espécies em risco de extinção. O Brasil já enviou amostras, mas pretende ampliar significativamente sua participação.

No total, essa Arca de Noé das plantas vai abrigar cerca de três milhões de sementes, quase tudo o que se cultivou em milhares de anos de agricultura. Do lado de fora, ficam ameaças como terremotos, inundações e secas.

— Estamos crescendo mais depressa do que imaginávamos — conta Cary Fowler, diretor executivo do Fundo Global de Diversidade de Cultivos, empresa que administra o cofre, durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Chicago. — Estamos trabalhando em associação com bancos genéticos de diversos países e acredito que em breve atingiremos a marca de cem mil espécies protegidas.

O Brasil participa do projeto através da Embrapa e, de acordo com Fowler, já cedeu algumas espécies de milho para o cofre, localizado num túnel subterrâneo, em Spitsbergen, no Ártico norueguês. Segundo o executivo, o Brasil deve se tornar um dos maiores contribuintes do projeto.

— Devo viajar para o Brasil em breve para acertar com a Embrapa maiores detalhes de futuras contribuições — diz Fowler. — Por sua riqueza, o país será um dos maiores fornecedores de material para o cofre.

O objetivo é preservar as plantas (num ambiente a 18 graus Celsius negativos) num momento em que as mudanças climáticas estão se tornando mais intensas e o aquecimento pode levar à destruição de diversos cultivares.

— O cofre serve também como um refúgio para sementes que se encontravam armazenadas em países que não tinham condições de preser vá-las apropriadamente — conta ele, ressaltando que a maior parte das amostras vem da África, do sudoeste asiático e das Américas do Sul e Central.
(O Globo, 17/2)

Fonte: Jornal da Ciência 3704, 17 de fevereiro de 2009.