Agência Funcap – Novos fitofármacos podem ser produzidos a partir de plantas do semiárido
22 de abril de 2010 - 06:52
A escassez de chuvas do semiárido nordestino chega, muitas vezes, a durar anos. As secas constantes integram o cotidiano dos moradores. Essas condições ambientais desfavoráveis fazem com que os habitantes do semiárido tenham na agricultura e na pecuária suas principais atividades econômicas, ainda de base frágil, utilizando-se de tecnologias tradicionais. Além das vulnerabilidades climáticas da região, boa parte dos solos encontra-se degradada. Flora e fauna vêm sofrendo ação predatória do homem, ameaçando a sobrevivência de espécies vegetais e animais.
Apesar das adversidades, há quem reconheça o potencial das espécies presentes no semiárido. Liderados pela professora Sonia Maria Oliveira Costa, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), um grupo de pesquisadores estuda o potencial de produção de novos fitofármacos a partir de produtos naturais da região.
De acordo com a professora Sônia, a diversidade da flora, a relativa facilidade de coleta de material, o potencial para desenvolvimento sustentável e a diversidade estrutural de seus bioconstituintes apontam as plantas do semiárido como importante fonte renovável para a descoberta e o desenvolvimento de novos fármacos, além de outros bioprodutos que podem ser utilizados para diversas finalidades sociais e econômicas.
Seis espécies são estudadas pelos pesquisadores: Byrsonima sericea (murici bravo), Eugenia jambolana (azeitona roxa), Zanthoxylum syncarpum (limãozinho branco), Terminalia catappa (castanhola), Pectis apodocephala (chá de moça) e Pecris oligocephala (limãozinho). Dessas, cinco apresentaram resultado positivo com relação à atividade antioxidante (que pode ajudar no tratamento de doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como câncer, enfisema, cirrose e artrites), e duas (limãozinho branco e chá de moça) mostraram resultados satisfatórios frente às larvas do Aedes aegypti.
Segundo a professora Sônia, ainda não existem fitofármacos produzidos a partir das espécies com atividades comprovadas, pois é necessário um estudo mais aprofundado dos componentes de cada uma. “O ideal é encontrar o princípio ativo de cada espécie para que o mesmo possa se tornar um fitomármaco”, explica a pesquisadora. Ela ressalta, também, que várias plantas já são vendidas no mercado na forma de chás ou extratos (fitoterápicos).
Intitulado “Bioprospecção de produtos naturais do semiárido nordestino para descoberta de novos fitofármacos”, o projeto foi apoiado pela Funcap entre 2007 e 2009, período de vigência do edital a que foi submetido. Também integram a equipe os pesquisadores Selene Maia de Morais, Eveline Sólon Barreira Cavalcanti, Raimundo Nonato de Menezes, Maria Izabel Florindo Guedes, e Jane Eire Silva Alencar de Menezes.
Fonte: Agencia FUNCAP – Por Giselle Soares, 07 de abril de 2010.