Conhecimento para todos
4 de junho de 2010 - 06:23
Lançado nesta terça-feira, o Espaço Aberto de Conhecimento é a principal aposta da RTS para intensificar a produção e sistematização de informações sobre Tecnologias Sociais. Hospedado no Portal da RTS, o espaço disponibiliza um banco permanente de TSs e um novo ambiente para redes sociais.
Foto: RTS |
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Espaço Aberto de Conhecimento da RTS já está no ar |
27/05/2010 – Imagine você, ao tempo de um clique, ter acesso a soluções tecnológicas simples e de baixo custos capazes de gerar transformação social com sustentabilidade. Pense em todo este conhecimento partilhado de forma gratuita e colaborativa, com você podendo criar fóruns e comunidades virtuais para debater com gestores e lideranças comunitárias a tecnologia que mais lhe interessou. Estas são apenas algumas das possibilidades criadas pelo Espaço Aberto do Conhecimento, nova plataforma virtual da RTS cuja finalidade é disponibilizar um banco permanente de Tecnologias Sociais (TSs) e ferramentas de colaboração e construção coletiva do conhecimento.
Lançado nesta terça-feira (25/05) no Portal da RTS, o Espaço já traz o registro de 50 Tecnologias Sociais. Entre elas estão o fogão ecoeficiente, o Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC), o sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) e diversas tecnologias de captação de água de chuva para a produção de alimentos. Cada uma traz informações básicas como o principal problema enfrentado pela Tecnologia Social, o passo-a-passo para colocá-la em prática e a descrição dos ambientes mais favoráveis para sua multiplicação.
“Faltava para nós uma ferramenta que disponibilizasse informações sobre Tecnologias Sociais para todos”, conta a animadora de redes da RTS, Isabel Miranda. Na prática, explica, o Espaço permitirá a criação de um ambiente único capaz de reunir informações básicas sobre determinada Tecnologia Social e comunidades dedicadas a aprofundar as discussões sobre estas tecnologias. A ferramenta foi desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), que também é instituição associada à RTS.
“Assim não teremos um banco de Tecnologias Sociais estático. Caberá às próprias instituições incluir sua TS e atualizar as informações sobre o processo de reaplicação”, diz. Para isso, a base de dados está agrupada em 23 temas. São eles: Agricultura familiar, Comunicação, Cultura, Democratização do conhecimento, Desenvolvimento local, Economia solidária, Educação, Energia, Geração de trabalho e renda, Juventude, Meio ambiente, Microfinanças, Moradia, Organização e fortalecimento de capital social, Processo produtivo, Promoção de direitos (gênero, raça e deficiências), Reciclagem de resíduos sólidos, Recursos hídricos, Saneamento básico, Saúde, Segurança alimentar e nutricional, Segurança Pública e Tecnologias assistivas / ajudas técnicas.
“O usuário não será um ator passivo. Ao contrário, ele será estimulado o tempo todo a fazer uploads e participar ativamente”, explica Saulo Barreto,
Foto: Vinicius Carvalho |
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Saulo Barreto, do IPTI, explica as funcionalidades do Espaço. |
pesquisador do IPTI responsável pelo desenvolvimento da tecnologia. Para isso, avisa, um dos principais desafios será consolidar um conjunto básico de valores e governança capaz de garantir a horizontalidade do Espaço e a boa convivência entre os participantes.
Entre as ferramentas que os internautas terão à disposição estão conferências online (chat/VoIP); ambientes de publicação de vídeos, áudio, imagem e textos e a classificação dos conteúdos via tags. Além disso, a Plataforma trará um mecanismo baseado em algoritmos matemáticos e estatísticos capaz de analisar as interações entre os usuários da rede. O resultado destas análises será visualizado através de sociogramas e permitirá à RTS
ter um conhecimento mais detalhado sobre a evolução do próprio Espaço. “Quem fala mais e com que intensidade? Quem são aquelas pessoas com maior centralidade na Rede? Isso não é algo que a RTS vai definir. Será a própria dinâmica da Plataforma”, conclui Saulo.
Revisão
“Uma das ações mais importantes no processo de alimentação do banco de dados será o momento de validação dos textos, que serão, aos poucos, inseridos pelas instituições e pessoas que as desenvolveram. Por isso a participação dos editores é tão importante”, diz a animadora de redes da RTS, Isabel Miranda. O papel dos editores, avisa, será o de fazer uma leitura das fichas de registro de TSs preenchidas no Portal e, se for o caso, propor ajustes, de forma que o texto seja claro e comunique bem o passo-a-passo para reaplicação de cada tecnologia.
Um dos editores do tema Energia é o professor Augustin T. Woelz, que também já cadastrou uma de suas Tecnologias Sociais no Espaço Aberto: o Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC). Criado para substituir parcialmente a energia elétrica consumida por 36 milhões de famílias brasileiras usuárias do chuveiro elétrico, o projeto ensina como construir, com a ajuda de um manual disponível na internet, um aquecedor solar de água, de 200 a 1.000 litros, a partir de componentes hidráulicos de PVC encontrados em lojas de construção. “O trabalho dos editores é extremamente sensível e faremos tudo com muito carinho”, promete.
Monitoramento
Também em 2010 entrará no ar o Sistema de Monitoramento e Avaliação da Rede de Tecnologia Social (Smarts). Um dos objetivos da ferramenta, desenvolvida pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (Forproex), será identificar os principais resultados das Tecnologias Sociais reaplicadas no âmbito da Rede e avaliar seu potencial de reaplicação e difusão.
“O tipo de informação que será monitorada é quantitativa e qualitativa e refere-se aos resultados (eficiência, eficácia e efetividade) que estão sendo alcançados pelos projetos de reaplicação financiados pela RTS”, explica Vanessa Brito, técnica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que integra a equipe Smarts. Em termos de classes de informação, avisa, o sistema permitirá acessar, para cada TS, categorias como mobilização e participação comunitária; difusão e articulação; e monitoramento e avaliação.
Além das ações de reaplicação, o Smarts permitirá que sejam realizados monitoramento e avaliação das dimensões de difusão e dinâmica de rede associadas à RTS.
Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS