Tendência é Marte se tornar semelhante à Terra, afirma astrônomo Jim Bell

14 de agosto de 2009 - 05:02

Mas processo vai consumir bilhões de anos, pondera cientista. Professor da Universidade Cornell participa de evento internacional no Rio

Claudia Bojunga escreve para o “G1”:

 

“Procurar por água é procurar por nós mesmos.” A frase, de Jim Bell, professor de astronomia da Universidade de Cornell (EUA), soa filosófica, mas resume o sentido da busca e da análise incessante dos cientistas sobre a presença do elemento nos planetas do Sistema Solar.

 

Bell apresentou nesta quinta-feira, dia 6, à noite a conferência “Água nos planetas”, na 27ª Assembleia da União Astronômica Internacional. O evento, que está sendo realizado no Rio de Janeiro, começou dia 4 e segue até o dia 14.

 

“A existência de água – componente chave dos processos climáticos, geológicos e geoquímicos na atmosfera, na superfície e no interior dos planetas – é fundamental para a definir se um planeta é habitável ou não”, comenta Bell.

 

Nem todo mundo sabe, mas os planetas gasosos Urano, Netuno, Júpiter e Saturno contam com pequenas porcentagens de água em sua composição. Dos planetas telúricos ou rochosos Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, apenas o primeiro pode ser considerado seco, ou seja, não tem água ou qualquer substância líquida.

 

A Terra tem 70% de sua superfície coberta por água. No caso de Vênus, foram observados traços de H2O na atmosfera.

 

Marte

 

Mas Marte é o caso mais intrigante. Bell, estudioso do assunto há cerca de dez anos, ressaltou que não só já foi comprovada a existência de água por lá, como já se sabe que o planeta vermelho era habitável. Esse corpo celeste frio, seco e com uma atmosfera muito fina, tinha no passado um clima muito diferente.

 

As conclusões se devem à descoberta da presença de minerais hidratados, que só podem ter sido formados a partir de água em estado líquido ou pela evaporação de depósitos de água salgada. Reforçam a tese indícios geológicos como crateras e sulcos na superfície de Marte, indicações de que havia depósitos de água, lagos ou, quem sabe até, oceanos.

 

“Dentro de bilhões de anos, o gelo de Marte vai derreter e o planeta vai ficar muito parecido com a Terra”, prevê o cientista. Questionado sobre o futuro do nosso planeta, brinca: “Temos de sair daqui, mas isso só acontecerá daqui a muito tempo, não é preciso se preocupar.”

(G1, 7/8)

 

Fonte: Jornal da Ciência 3822, 07 de agosto de 2009.