Unesp usa ultrassom e punção para avaliar câncer de mama

23 de julho de 2009 - 04:45

Técnica é usada como rotina e reduziu em 64% as cirurgias desnecessárias

Fernanda Bassette escreve para a “Folha de SP”:

O Centro de Avaliação em Mastologia do Hospital das Clínicas da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, está realizando ultrassonografia das axilas como rotina para identificar o avanço de tumores de mama nas mulheres.

Através do ultrassom, o médico avalia os linfonodos (gânglios) das axilas das pacientes, para saber se o câncer se espalhou. Os linfonodos funcionam como “guardiões” e tentam impedir que o tumor se espalhe. O primeiro que recebe o câncer é chamado de sentinela.

Grande parte dos centros de saúde faz exames clínicos com apalpação das axilas para identificar alterações nos gânglios.

Se houver alteração, essas mulheres passam por uma cirurgia para retirada do linfonodo sentinela. O material é enviado para biopsia e, se der positivo, a paciente terá que passar por outra cirurgia para retirar os outros gânglios. Se o resultado é negativo, significa que o câncer não se espalhou.

Segundo Eduardo Carvalho Pessoa, mastologista da Unesp, o HC conseguiu reduzir em 64% o número de cirurgias desnecessárias em busca do linfonodo sentinela com o auxílio do exame de imagem e da punção.

Isso porque, depois de o ultrassom detectar possíveis alterações, o material é colhido através de uma punção, realizada com uma agulha ultrafina. Ele é levado para biopsia e a paciente só passa por cirurgia caso o câncer tenha se alastrado.

“O ultrassom não deixa o procedimento mais caro. A única dificuldade é encontrar um profissional totalmente capacitado para fazer esse exame, pois pode haver erro”, diz o mastologista Gilberto Uemura.

Silvio Bromberg, mastologista do hospital Albert Einstein, diz que o hospital faz o ultrassom em todas as pacientes, mas que não se baseia apenas nos resultados da imagem, pois há risco de resultados falsos. Tumores com menos de 2 cm podem não ser detectados.

“O ultrassom ajuda a levantar uma suspeita, mas o gânglio pode estar aparentemente normal e já comprometido. Por isso, fazemos a cirurgia em busca do linfonodo sentinela nas mulheres com indicação.”
(Folha de SP, 8/7)

 

Fonte: Jornal da Ciência 3800, 08 de julho de 2009.