Brasil leva vantagem por contar com fontes renováveis de energia, diz Sec. de Des. Energético

15 de junho de 2009 - 05:50

Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) promoveu nesta terça-feira audiência para debater a questão energética

De toda a energia consumida no mundo, apenas 14% vem de matrizes renováveis. No Brasil, este percentual chega a 46%, o que deixa o país em uma situação privilegiada. Os dados foram fornecidos pelo secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério das Minas e Energia, Altino Ventura Filho, que representou o ministro Edison Lobão em audiência pública realizada nesta terça-feira (9) na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC).

“Enquanto 70% da energia utilizada no mundo vêm de combustíveis fósseis, no Brasil quase a metade da energia vem de fontes renováveis. Essa é uma situação privilegiada, já que são baixas as emissões de CO2 na geração de energia renovável, o que contribui pouco para as mudanças climáticas”, afirmou Altino Ventura.

A grande vantagem do Brasil, segundo o secretário do Ministério das Minas e Energia, vem do fato de ter um território continental com muitos rios e um grande potencial hidroelétrico. Altino Ventura Filho observou que, além disso, o país dispõe de amplas possibilidades de utilizar fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a gerada pela biomassa.

O relator da CMMC, deputado Colbert Martins (PMDB-BA), pediu informações sobre a ampliação da capacidade do Brasil em gerar energia nuclear. Altino respondeu que a energia nuclear continuará sendo complementar. Ele informou que o Conselho Nacional de Política Energética já decidiu pela construção da usina de Angra III. Até 2030 serão construídas mais duas usinas: uma no Nordeste, entre Recife e Salvador, e outra na região Sudeste.

Já o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) lamentou que nos últimos anos o Brasil tenha ampliado as geradoras de energia movidas a combustível. O secretário de desenvolvimento energético explicou que o motivo foi o fato de, na década de 1990, o país ter abandonado o estudo da ampliação dos seus recursos hidroelétricos. O deputado Sarney Filho (PV-MA) lamentou que o debate não tenha se aprofundado em torno da mudança de modelo de desenvolvimento para a chamada “economia de baixo carbono”.

O senador Jefferson Praia (PDT-AM) disse ter ficado preocupado com a revelação feita por Altino Ventura de que a intenção do governo é ampliar o número de hidroelétricas na região Norte do país, o que tocaria na questão ambiental. O secretário comparou que as hidroelétricas são as usinas de energia que implicam menos impactos financeiros, econômicos e ambientais para o Brasil.

Por sua vez, a senadora Marina Silva (PT-AC) avaliou que a afirmação feita por Altino de que vê com ceticismo a possibilidade de o mundo alterar radicalmente suas fontes de energia, o tornaria também cético com o futuro do planeta. A senadora registrou que vários cientistas já vislumbram que a situação poderá se transformar em catastrófica até 2030 se o quadro de degradação ambiental não for alterado.

Por fim, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP) opinou que a taxação da emissão de carbono é a única saída para que os países possam intervir de forma inteligente no mercado visando a diminuição do efeito estufa. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) presidiu o início da reunião da CMMC até ser substituída pela vice-presidente Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
(Agência Senado)

Brasil deverá ter mais quatro usinas nucleares até 2030

Depois da Usina Nuclear de Angra 3, que deverá entrar em operação em 2014, o governo pretende construir mais quatro usinas nucleares até 2030, cada uma com 1 mil megawatts de potência. A primeira deve entrar em operação em 2019, na Região Nordeste, entre Recife e Salvador. Outra usina deve ser construída na mesma região, e mais duas na Região Sudeste, entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.

As informações são do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, que participou da audiência pública na Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas. “O prosseguimento do programa nuclear será feito através de dois sítios de usinas, um na Região Nordeste e um no Sudeste, e cada um poderá ter várias unidades. Mas o que se está planejando até 2030 são duas unidades no sítio do Nordeste e duas no Sudeste”, explicou.

Durante a audiência pública, Ventura chegou a dizer que o preço do megawatt-hora da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), deve ficar em torno de R$ 50. Entretanto, depois, ele afirmou que o preço não deverá ser tão baixo, ficando abaixo do custo da energia das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira (RO), que ficaram em R$ 78,8 e R$ 71,4, respectivamente.

Para ele, Belo Monte é uma usina extremamente favorável, tem uma obra fácil de ser feita e já está com transmissão de energia pronta, que é a linha Turucuí-Manaus. “[A usina] tem uma estrutura local que facilitará sua construção, o Rio Xingu tem uma característica hidrológica de ter muita água, em suma, tem vários fatores que sinalizam que é uma usina econômica”, disse o secretário.

Ventura lembrou que o Brasil se destaca atualmente no uso de energias renováveis, com 46% de matriz energética composta por essas fontes, enquanto no mundo esse percentual é de 14%. “Até 2030, a politica energética brasileira procurará manter esses valores e se manter auto-suficiente, com metade de fontes renováveis”, afirmou.

Segundo o secretário, apesar de o Brasil estar concentrando seus esforços para diminuir o uso de combustíveis fósseis, isso não o impede de investir na exploração de petróleo, como na camada pré-sal. “Infelizmente, o mundo vai continuar usando os combustíveis fósseis e, se o Brasil souber explorar [seus recursos] adequadamente, seremos um dos grandes exportadores de petróleo e gás natural, e temos esperança de nos tornarmos um gigante no futuro.”
(Agência Brasil)

 

Fonte: Jornal da Ciência 3781, 10 de junho de 2009.