Estudo mostra como Alzheimer toma o cérebro

12 de junho de 2009 - 06:40

Proteína defeituosa transmite erros para células saudáveis

Um estudo revelou que uma proteína-chave do cérebro, ligada ao mal de Alzheimer, possui propriedades infecciosas, que permitem que defeitos nessa proteína sejam transmitidos através do órgão, contribuindo para a degeneração dos neurônios. A descoberta, publicada na revista “Natural Cell Biology”, pode ajudar a entender melhor o funcionamento da doença e levar a novos tratamentos.

É a primeira vez que cientistas detectam propriedades infecciosas na chamada proteína tau, que faz com que agregados de partículas, conhecidos como novelos neurofibrilares, cresçam dentro das células do cérebro dos pacientes com a doença. Esses novelos causam os sintomas do mal de Alzheimer.
Formação de novelos é explicada O estudo revela que a proteína tau é capaz de transformar outras proteínas saudáveis do cérebro nas formas defeituosas normalmente associadas com a doença.

Os resultados mostram também que o mal de Alzheimer possui algumas semelhanças com o mal de Creutzfeldt-Jakob, uma doença do cérebro que provavelmente é causada por outro tipo de proteínas defeituosas, chamadas prions.

Há anos, os cientistas sabem que as células do cérebro dos pacientes de Alzheimer apresentam um crescimento da proteína tau, na forma de um complicado novelo, que se espalha, de forma característica, pelo cérebro.

O novo estudo apresenta a primeira explicação plausível sobre a forma como esses novelos se espalham e aponta caminhos para que sejam criadas drogas capazes de retardar a progressão da doença.

— Esse estudo abre caminhos para entendermos como as proteínas tau defeituosas se espalham — diz Michael Goedert, do departamento de Biologia Molecular de Cambridge, e um dos autores do estudo. (Steve Connor, do Independent)
(O Globo, 9/6)

 

Fonte: Jornal da Ciência 3779, 09 de junho de 2009.