Estudo de genoma é acelerado por software
18 de maio de 2009 - 04:26
Projeto da Fiocruz ganha horas extras com programa que aproveita ociosidade de PCs
Carlos Albuquerque escreve para “O Globo”:
Manter o corpo em movimento, como se sabe, faz bem à saúde. A novidade é que manter os computadores em plena atividade também pode ser excelente para a saúde mundial. É o que demonstra o projeto World Community Grid (WCG), da IBM, que aproveita a capacidade de processamento de mais de um milhão de máquinas ociosas em todo o mundo para a pesquisa científica, em áreas como Aids e câncer.
No Brasil, a iniciativa está sendo usada pela Fiocruz (em parceria com o Departamento de Informática da PUC, sob o comando do professor Sérgio Lifschitz), dentro do seu Projeto de Comparação de Genomas, o primeiro trabalho brasileiro aprovado para participar do WCG.
Graças a isso, foi possível a criação de um banco de dados com os resultados iniciais do projeto, referentes à comparação de mais de 3,5 milhões de sequências de proteínas, de aproximadamente 3.800 organismos, das bactérias mais simples até o homem. Essas informações (disponíveis no site http://www.proteinworlddb.org) podem levar ao desenvolvimento de novas vacinas e drogas.
— Em condições normais, mesmo usando um computador potente, precisaríamos de três mil anos para processar esse material, mas fizemos isso em menos de um ano — revela o pesquisador Win Degrave, da Fiocruz.
Segundo Degrave, tal comparação permite que sejam corrigidos erros nos bancos de dados internacionais, que reúnem informações sobre as proteínas e o DNA de diversos organismos.
— Precisamos fazer uma comparação apurada, detalhada, e isso exige muita capacidade de processamento. Só assim podemos preencher as lacunas dos bancos de dados e obter estatísticas confiáveis. Qualquer pessoa pode participar do projeto. Esse mecenato virtual pode ser feito por qualquer pessoa.
Basta fazer o download de um software livre (http://www.worldcommunitygrid.org/reg/viewRegister.do) que conecta a máquina do usuário a um supercomputador.
A partir daí, a capacidade de processamento do computador dessa pessoa será utilizada para o processamento de dados científicos, sempre que ele estiver inativo.
— O programa não interfere no rendimento do computador — explica Ruth Harada, da IBM Brasil. — O usuário pode, depois,verificar quantas horas ele doou para as pesquisas que escolheu.
(O Globo, 8/5)
Fonte: Jornal da Ciência 3757, 08 de maio de 2009.