Ceará desponta em inovação e criatividade
11 de março de 2009 - 06:44
Mesmo com perfil inovador, falta ao brasileiro e cearense cultura de proteger os seus inventos
Com talento quase nato para o humor, o cearense vem ganhando espaço no cenário nacional — e até internacional — quando o assunto é inovação. Embora as estatísticas oficiais não dêem conta dessa habilidade, algumas pessoas físicas e empresas originárias no Estado apostam na criatividade para enfrentar e vencer a acirrada concorrência global. De colete para motociclistas, passando por máquina de extração de água de coco a vácuo, turbina eólica de eixo vertical e até etanol de mandioca, o cearense busca o sucesso sem fórmulas prontas, com engenhosidade.
Entretanto, os números alimentam a fama de a indústria brasileira ser pouco inovadora. Com o Estado, não é diferente. Dados do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) mostram que o perfil inovador do cearense nem sempre se converte em marcas e patentes novas. Entre anos de altos e baixos, o Ceará registra incremento de 19% no total de patentes depositadas, no intervalo de 1997 a 2007, que saltaram, respectivamente, de 57 para 68 pedidos requeridos.
Falta cultura
Segundo Rita Pinheiro Machado, coordenadora geral de Articulação Institucional e Difusão Regional do INPI, o melhor caminho para quem tem um invento é sempre, antes de fazer um depósito de patentes, checar no banco de patentes do INPI e dos escritórios americano e europeu (disponíveis gratuitamente na internet) se a tecnologia já não existe. “A pesquisa evita perda de tempo, dinheiro e frustração”. Ainda há uma falta de cultura do brasileiro em proteger seus inventos — comenta Rita. Tanto que o INPI registra uma média de 30% de depósitos de patentes de pessoas residentes no País.
Em 2007, o órgão registrou 24.107 depósitos de patentes. Em 2008, até setembro, foram 20.188 pedidos, o que assegura a superação do total do exercício anterior, levando em conta a média mensal de dois mil pedidos registrados.
O INPI, reforça a coordenadora, tem feito um esforço muito grande de disseminar a cultura da propriedade intelectual no Brasil. “É um trabalho de formiguinha. O maior crescimento é em relação à participação das universidades”, diz. Já o registro de marcas, por fazer parte do cotidiano das pessoas, tem sido mais elevado. Em 2008, até setembro, foram 94.219 depósitos, contra 107.446 no ano de 2007.
O inventor brasileiro precisa ter paciência. Nos países desenvolvidos, um processo de patente leva em torno de quatro anos. No Brasil, conforme Rita Machado, consomem-se sete anos, em média.
“Demora um pouco mais em áreas como Física”, revela. No entanto, com a entrada, via concurso público, de novos examinadores no INPI — que também passa por um processo de informatização —, a meta é chegar, em 2010, aos níveis internacionais.
PARQUES TECNOLÓGICOS
País precisa de R$ 10,2 bi para iniciativas
O Brasil precisará de R$ 10,2 bilhões para alavancar a evolução do setor de empreendedorismo inovador no País. A conclusão é do inédito estudo “Parques Tecnológicos no Brasil”, desenvolvido pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A pesquisa foi desenvolvida em 2007.
Dos 57 parques tecnológicos brasileiros identificados, 35 foram analisados. Já no cenário internacional, os países estudados foram França, Reino Unido, Espanha, Irlanda, Finlândia, Japão, China, Índia, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura, Malásia, Nova Zelândia e EUA.
Depois da conclusão do mapeamento, o estudo fez a classificação para definir padrões e parâmetros de avaliação e comparação. Por fim, estabeleceu-se visão de futuro dos parques tecnológicos, proposições de políticas públicas e programas de apoio aos centros e às empresas instaladas.
Para José Eduardo Fiates, dirigente da Anprotec e responsável pela pesquisa, nenhum dos parques tecnológicos brasileiros contribui de maneira efetiva para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do País.
“É preciso haver estratégia política para equilibrar e otimizar o potencial do Brasil. A atuação desses centros precisaria estar mais integrada às necessidades regionais e às prioridades econômicas brasileiras. Sem aporte de instituições de pesquisa, é difícil gerar desenvolvimento sustentado”.
Veja artigo completo: http://www.fiec.org.br/artigos/tecnologia/inovacao_ceara_desponta.html
Fonte: Diário do Nordeste, 08 de janeiro de 2009.