Dois satélites entram na luta contra o aquecimento global
28 de janeiro de 2009 - 09:56
Japão e EUA vão monitorar gases-estufa na atmosfera
O Japão lança hoje um satélite cuja missão é analisar a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera e monitorar seu volume. Chamado de Gosat (Observação do Efeito Estufa por Satélite, na sigla em inglês), ele vai ter a companhia do OCO (Observatório Orbital de Carbono, também na sigla em inglês), satélite da Nasa que tem objetivo parecido e deve ser lançado ainda no primeiro semestre. Serão os primeiros exclusivamente dedicados a esta função.
Os gases do efeito estufa — como o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) — são os responsáveis pelo aquecimento global. O CO2 proveniente de atividades humanas é o principal agente causador das mudanças climáticas associadas ao aquecimento global, mas importantes dados sobre a sua circulação na atmosfera ainda permanecem obscuros.
De acordo com um comunicado da agência espacial japonesa, a Jaxa, o satélite — que será lançado a partir de uma base em Tanegashima — vai “contribuir para os esforços internacionais de combate aos efeitos do aquecimento global”.
O Gosat vai mapear os gases do efeito estufa a uma altitude de 666 quilômetros da Terra, ao longo de cinco anos de missão. Já o satélite da Nasa vai detalhar a concentração de CO2 próximo à superfície, onde o efeito do aquecimento é mais sentido, e apontar os principais locais na atmosfera onde o CO2 é absorvido, os chamados sorvedouros.
Sabe-se que a Terra absorve cerca de 50% do CO2 que liberamos na atmosfera, a maioria indo parar nos oceanos e florestas. Mas os demais sorvedouros ainda são pouco conhecidos.
— O Gosat e o OCO vão tentar medir quantidades semelhantes de CO2, mas seus objetivos científicos diferem sutilmente — explica o pesquisador Paul Palmer, da Universidade de Edimburgo, colaborador da missão japonesa. — O OCO busca encontrar os principais sorvedouros de CO2. Já o Gosat vai tentar identificar e monitorar as fontes de CO2. Mas ele também vai medir os sorvedouros.
Com o Gosat, o Japão pretende monitorar suas fontes de emissão e manter suas metas de redução, de acordo com o Protocolo de Kioto, do qual é um dos signatários. O acordo internacional contra o aquecimento global entrou em vigor em 2005 e expira em 2012.
O satélite japonês pode também ajudar a esclarecer alguns pontos obscuros relacionados às mudanças climáticas. Como, por exemplo, a existência de sorvedouros de CO2 ainda desconhecidos.
— Baseado no que conhecemos sobre o papel das florestas e dos oceanos, ainda restam grandes quantidades de carbono sendo absorvidas, mas não sabemos como — explica Palmer.
(O Globo, 23/1)
Fonte: Jornal da Ciência 3687, 23 de janeiro de 2009.