Energias alternativas na agenda governamental
25 de novembro de 2008 - 09:14
Ministros participam de plenárias intergovernamentais na Conferência sobre Biocombustíveis
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, coordenou nesta quarta-feira (20), em São Paulo (SP), os debates em duas sessões intergovernamentais, como parte da programação da 1ª Conferência Internacional sobre Biocombustíveis.
Pela manhã, os participantes discutiram o tema “Biocombustíveis e Segurança Energética: transição da matriz energética; diversificação das fontes; universalização de acesso”. Na seqüência, representantes de governos debateram o tema “Biocombustíveis e Mudança do Clima: Mitigação das emissões de gases de efeito estufa; mudança do uso da terra, análises comparativas de ciclo de vida”.
À tarde, Rezende coordenou os trabalhos na 4ª Sessão Intergovernamental, que teve como tema “Biocombustíveis e Inovação: pesquisa e desenvolvimento; biocombustíveis de primeira e segunda geração; oportunidades para a ciência e tecnologia”.
Em entrevista, Sergio Rezende destacou a importância das discussões na plenária. De acordo com ele, os debates colocaram o tema das energias alternativas na agenda governamental. Rezende destacou o papel essencial do Brasil, que tem uma trajetória importante na área do etanol e poderá contribuir de forma significativa para o progresso neste setor.
O ministro também ressaltou a disposição demonstrada por representantes de vários governos em cooperar. “Muitos países já se colocaram a disposição e estão abertos para estabelecer programas de cooperação nessas áreas. Temos um ambiente muito favorável a cooperação internacional”, disse em entrevista.
Na primeira sessão, o debate foi aberto pelo ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim, que ressaltou a importância do evento, que reúne representantes de 30 organismos internacionais e de quase uma centena de países.
“Estamos todos aqui dispostos a discutir a economia real, ou seja, o crescimento econômico, investimentos e geração de emprego. É tudo o que o Brasil vem fazendo, há mais de 30 anos, com a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, reduzindo a dependência do petróleo, a emissão de gases de efeito estufa e gerando emprego e renda no campo”, disse.
Amorim também criticou os subsídios agrícolas milionários e a imposição de vários tipos de barreiras, que impedem a criação de um mercado internacional para os biocombustíveis. “Esses produtos fazem parte da solução para enfrentar três grandes desafios da atualidade: segurança energética, mudança do clima e combate à fome e à pobreza”, destacou.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também participou das discussões e destacou que o Brasil está comprometido com o aumento de 11% ao ano do uso do etanol na matriz energética. Minc disse que, com esta medida, dentro de dez anos, o país deixará de jogar 508 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
Ele enfatizou que o governo brasileiro está empenhado em parcerias que viabilizem a transferência de tecnologia dos biocombustíveis para nações pobres da América Latina, Caribe, África e Ásia. No plano doméstico, o uso de subprodutos, como a palha da cana – como fonte de energia renovável – e do vinhoto – na composição do biogás e dos biofertilizantes – estão contribuindo para reduzir os custos na cadeia produtiva.
O relator da Sessão, Paul Roberts, destaca que entre as alternativas para reduzir a dependência de petróleo, a plenária sugeriu a mistura, obrigatória, de 10% de etanol em toda gasolina consumida mundialmente, uma vez que as tecnologias disponíveis tornam a ação viável.
Roberts ressaltou ainda a necessidade da adoção de políticas públicas relacionadas com a segurança energética, bem como o uso dos biocombustíveis como alternativa para o setor de transportes e a importância da cooperação internacional, a partir de experiências já existentes.
Dezesseis países participaram da sessão e a representante da União Européia anunciou que até 2010 a meta do uso de energia renovável deverá atingir 5,75% da matriz energética do continente e em 2020, chegar a 10%.
(Com informações das Assessorias do MCT e da 1ª Conferência Internacional sobre Biocombustíveis)
Fonte: Jornal da Ciência 3646, 21 de novembro de 2008.