Crianças obesas têm artérias envelhecidas
24 de novembro de 2008 - 12:34
Estudo mostrou que elas podem sofrer infarto aos 30 anos
As artérias de um menino obeso podem ser tão entupidas quanto às de um adulto de meia idade. É o que mostra estudo da médica Geetha Raghuveer, da Escola de Medicina da Universidade do Missouri e do Hospital de Meninos da Misericórdia, nos Estados Unidos.
O acúmulo de placa nos vasos aumenta o risco de a pessoa obesa na infância sofrer um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral (derrame) até os 30 anos.
Para especialistas, esse é um dado preocupante. A equipe de Geetha usou o exame de ultra-sonografia para medir a espessura das paredes internas de artérias carótidas no pescoço, que levam sangue ao cérebro, em 70 crianças, a maioria obesas, com média de idade de 13 anos. Os autores observaram que o estado das artérias era semelhante ao de um indivíduo de 45 anos. A pesquisa foi apresentada no encontro da Associação Americana do Coração, em Nova Orleans.
Estudos indicam que o número de crianças obesas está aumentando em muitos países. A última pesquisa americana confirma que o excesso de peso pode causar doença cardiovascular precocemente.
As crianças do estudo tinham altos níveis de fração ruim de colesterol (o LDL), baixos níveis de colesterol bom (HDL), além de altas taxas de triglicerídeos. Pelo menos 40 eram obesas: — Analisamos a idade vascular das artérias. Nas crianças elas eram geralmente três décadas maior que sua idade cronológica.
Mudança no estilo de vida reduz bloqueio arterial
A obesidade e os níveis de triglicerídeos altos estavam muito associados com idade vascular avançada, segundo pesquisadores. E esta combinação de taxas serve de alerta para uma maior chance de sofrer doenças cardíacas. O acúmulo de placa — é formada por gordura, cálcio e outros componentes sangüíneos — entope as artérias. É o que se chama de aterosclerose.
Geetha afirma que o bloqueio arterial pode ser reduzido nas crianças a partir de mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, com a prescrição de medicamentos específicos para controlar o colesterol.
Em julho deste ano, a Academia Americana de Pediatria divulgou um comunicado dizendo que crianças a partir de 8 anos deveriam ser tratadas com estatinas quando apresentarem certos níveis de colesterol.
(O Globo, 13/11)
Fonte: Jornal da Ciência 3641, 13 de novembro de 2008.