Cientistas acham sistema solar com dois anéis de asteróides
31 de outubro de 2008 - 09:22
Epsilon Eridani parece uma versão mais jovem do nosso Sistema Solar e abriga planetas ainda não vistos
Carlos Orsi escreve para o “Estado de SP”:
A estrela Epsilon Eridani tem dois anéis de asteróides e um cinturão externo de material congelado, semelhante à região do nosso Sistema Solar onde se originam alguns cometas. Para os cientistas, a presença dos cinturões indica que há planetas ainda não vistos no sistema. A gravidade desses planetas é necessária para manter os cinturões “na linha”.
O mais interno dos anéis é idêntico ao cinturão de rochas que orbita o Sol, enquanto que a outra faixa rochosa tem 20 vezes mais material. Epsilon Eridani é menor e mais fria que o Sol, e fica a cerca de 10 anos-luz da Terra. É a estrela mais próxima da Terra a ter um planeta confirmado – Epsilon Eridani b, descoberto em 2000 e confirmado em 2006.
Visível no céu a olho nu, na constelação de Eridanus, ela é a 9ª estrela mais próxima do Sol. Tem 850 milhões de anos – menos de um quarto da idade do Sol. Segundo o principal autor do trabalho que descreve a descoberta, Dana Backman, do Instituto Seti, o sistema “se parece com o nosso quando era mais novo”.
Nosso Sistema Solar tem um cinturão de asteróides localizado entre Marte e Júpiter, com 5% da massa da Lua. Usando o Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa, a equipe de Backman encontrou um cinturão idêntico a uma distância equivalente da estrela.
O segundo cinturão fica seis vezes mais longe da estrela, numa distância equivalente à que separa o Sol de Urano. Esse cinturão tem massa igual à da Lua. O terceiro anel, de material congelado, fica ainda mais longe, indo de cerca de 30 vezes a cerca de 100 vezes a distância que separa a Terra do Sol. O Sol tem um cinturão de fragmentos congelados para além da órbita de Netuno, o Cinturão de Kuiper, mas o anel de gelo de Epsilon Eridani contém 100 vezes mais massa.
Segundo os autores, três planetas, com massas intermediárias entre as de Netuno e Júpiter, poderiam explicar a distribuição de material observada em Eridani. O planeta descoberto em 2000 ficaria perto do anel mais interior, mas a presença desse cinturão restringe a possível órbita do astro, já que sua gravidade poderia arrancar os asteróides da formação.
A descoberta dos anéis será descrita em janeiro na publicação The Astrophysical Journal.
(Estado de SP, 29/10)
Fonte: Jornal da Ciência 3630, 29 de outubro de 2008.