Bahia e Ceará iniciam cooperação na área de ciência e tecnologia
12 de agosto de 2008 - 11:26
Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Ildes Ferreira, conhece projeto Cinturão Digital
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Ildes Ferreira, visitou na quinta-feira o seu colega do Ceará, René Barreira, da Pasta de Ciência, Tecnologia e Educação Superior. Na ocasião, o presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (eTICe), Fernando Carvalho, ex-secretário regional da SBPC, apresentou o Cinturão Digital, que irá prover banda larga a 82% da população urbana do Ceará.
Ildes Ferreira trouxe consigo o superintendente de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Paulo César Bastos e o responsável pela área de Gestão de Tecnologia da Informação e Comunicação do governo baiano, Álvaro Ferreira dos Santos, da Casa Civil. O secretário demonstrou interesse nas aplicações do Cinturão Digital em segurança pública, telemedicina e rastreamento das cargas nos postos de fronteira, além da conectividade banda larga.
René Barreira colocou-se à disposição do colega baiano para agendar com outros secretários do Ceará visitas de outros gestores e técnicos da Bahia a Fortaleza para conhecer as aplicações do Cinturão Digital. Terça-feira, o governador da Bahia, Jaques Wagner, em companhia de Ildes Ferreira, recebeu em Salvador o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE), do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara, que expôs projetos de capacitação, Infovias e biodiesel.
O secretário baiano disse que o governador ficou “entusiasmado” com o projeto do Centro de Educação a Distância que será implantado em Sobral para gerar conteúdo e transmitir aulas de aperfeiçoamento do ensino fundamental, médio e profissional. Ariosto Holanda apresentou e entregou a seguir projetos detalhados do Centro de EAD, do Centro Vocacional Tecnológico (CVT), Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), Centro de Inclusão Digital (CID), Infovias a Serviço da Transparência e biodiesel.
Segundo o deputado, Jaques Wagner manifestou interesse em acompanhar o governador Cid Gomes na audiência com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a ser agendada para pleitear para cada estado a implantação de 20 mini-usinas extratoras de óleo para produtores da agricultura familiar. Tanto o Ceará como a Bahia possuem usinas de biodiesel da Petrobras que garantem a compra do óleo dos pequenos produtores. O governador quis também vir conhecer os projetos do Ceará e Ariosto sugeriu levá-los ao CVT e CID e Centec.
O Cinturão Digital, orçado em cerca de R$ 50 milhões, está em fase de execução dos 3 mil Km de fibras ópticas e ativos. Em seguida licita as partes da tecnologia DWDM, que aumenta a capacidade de transmissão em uma fibra óptica, antenas, complementos, gerência e manutenção. O projeto tem por objetivos prover os órgãos do governo com serviços de dados e voz e videoconferência, incluindo escolas, bibliotecas, ilhas digitais e atrair empresas de serviços que gerem renda, principalmente às classes D e E.
Fernando Carvalho disse que a Etice vai prover apenas infra-estrutura. As empresas, por meio da aquisição de cotas, vão oferecer serviços. Poderão transitar pela infra-estrutura aplicações mais caras como TV Digital, os serviços de custo intermediário como telefonia IP fixa, internet banda larga, 3G e os de menor custo como telefonia fixa (WLL), SMS, TV Digital aberta/pública, internet, e-mail, telemedicina, escolas, segurança, informa.
Hoje, apenas cinco dos 184 municípios do Ceará possuem banda larga de 1 a 2 Mbps, a preços considerados caros, com baixa velocidade de acesso e baixa qualidade. O Cinturão Digital chegará a 24 cidades do interior e Fortaleza na chamada na última milha, o trecho final da rede com central que irradia até o consumidor-alvo.
Como resultados esperados com a implantação do Cinturão Digital, Fernando Carvalho destacou o fomento à competição nas telecomunicações, maior transparência, governança e menor corrupção. Citou ainda a atração de empresas – com o fim da guerra fiscal, em vez de incentivos tributários o governo vai poder oferecer infra-estrutura -, capacitação de recursos humanos, captação de serviços de software no mercado offshore, ambiente “seguro” e infra-estrutura para atender às demandas do porto do Pecém (ZPE, Siderúrgica e Refinaria).
A seguir, a íntegra da entrevista com o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Ildes Ferreira, que participou em Fortaleza do IV Seminário de Gestão da Inovação Tecnológica no Nordeste (Inova):
– Que leitura o senhor faz dos projetos que conheceu no Ceará? Como pode se desenvolver essa interação da Bahia com o Ceará na área de ciência, tecnologia e inovação?
O Ceará está alguns anos-luz à frente da Bahia nesse campo da ciência e tecnologia. Tem a experiência dos CVT – nós estamos bebendo nessa fonte. Tem uma experiência da inclusão digital que também temos, mas diferente. Está com toda essa experiência de levar banda larga para os municípios, que sequer iniciamos. Temos muito o que aprender com a equipe do prof. René, a equipe do governador Cid Gomes. Enfim, esse intercâmbio só tem a nos ajudar. Essa apresentação do prof. Fernando Carvalho foi de uma importância muito grande. Não é um projeto; é uma experiência que está se realizando. Certamente isso vai ser muito útil para a Bahia
– O senhor acompanhou a exposição que o deputado Ariosto Holanda fez para o governador da Bahia, Jaques Wagner. Qual o resultado?
O deputado Ariosto, que é um apaixonado pela ciência e tecnologia, nos deu a satisfação de ir à Bahia só para isso. Ele foi pela missão dele. Ficamos mais de uma hora com o governador. O governador o ouviu. Também para nós foi interessante porque também posso acompanhar o que está acontecendo aqui. Foi muito positiva a ida do deputado Ariosto Holanda à Bahia.
– Que o senhor achou do projeto do Centro de Educação a Distância?
Não temos esse projeto na Bahia. Estamos muito atrás. O governador da Bahia, Jaques Wagner, se entusiasmou com o Centro. Certamente é um assunto que vai ficar na pauta das nossas próximas discussões na Bahia,
– Qual a participação do senhor no Inova?
Participamos de dois painéis durante a tarde e da abertura. Viemos porque queremos fazer o nosso Inova na Bahia. Teremos a nosso Seminário de Inovação e Feira em novembro, na Bahia. Viemos para aprender a experiência daqui e realizar a nossa Feira e Seminário em novembro.
– O que o senhor acha da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio)?
A Secretaria participa do Renorbio. Tem que ser valorizado e fortalecido. Temos o maior interesse de estar contribuindo. A biotecnologia é um campo que tem tudo para ir para a frente. Iniciamos segunda-feira as obras de implantação do nosso Parque Tecnológico em Salvador. O trator está lá trabalhando. Uma das áreas estratégicas do parque é a biotecnologia. Nós da Bahia temos muito interesse em continuar participando e na medida do possível fortalecendo.
– Qual o investimento no Parque Tecnológico?
No investimento inicial, licitamos as obras de infra-estrutura – arruamentos, água, energia etc. – que custaram R$ 9 milhões e pouco. Vamos licitar agora edificações que chegam a custar em torno de R$ 27 milhões a R$ 30 milhões. Nestes dois próximos anos – 2008 e 2009 -, estaremos investindo em torno de R$ 50 milhões.
(Flamínio Araripe, da Assessoria de Comunicação da Secitece)
Fonte: Jornal da Ciência nº 3572, 08 de agosto de 2008