Projetos de Pesquisa

 

Projetos de Pesquisa em Ética:

 

Projeto de Pesquisa: A Questão da Liberdade Na Ética de Benedictus de Spinoza

Coordenador: Prof. Dr. Emanuel Angelo da Rocha Fragoso

Colaboradora: Profa. Dra. Marly Carvalho Soares

Linha de Pesquisa: Ética

Descrição: O presente Projeto tem por objeto o conceito de Liberdade na Ética de Benedictus de Spinoza e se propõe à análise de sua definição, tanto para a coisa finita, quanto para a coisa infinita, bem como expor a problemática de sua aplicabilidade ao homem, enquanto coisa finita, ou enquanto modos pelos quais os atributos de Deus se exprimem de maneira certa e determinada (E1P25C). A tese principal a ser defendida consiste em vincular o método, ou melhor, a ordem geométrica adotada por Spinoza na Ética, à potência do entendimento e seus gêneros de conhecimento, considerando-a como necessária e indispensável na constituição da obra. A Ordine geometrico demonstrata, enquanto determinante da exposição, desenvolvimento e demonstração dos temas abordados, se constitui num verdadeiro exercício potencializador do entendimento finito, que, enquanto parte do entendimento infinito, vai galgando como que por degraus, os gêneros de conhecimento, aumentando gradativamente e ininterruptamente sua capacidade de afeto, possibilitando a superação da questão da liberdade que a rigor aplica-se somente à substância , ao aproximar o homem da divindade pelo amor intelectual de Deus e pelo conhecimento das leis da natureza, às quais estão indissoluvelmente ligados. A ordem geométrica utilizada por Spinoza em sua obra maior, a partir da hipótese das três Éticas proposta por Gilles Deleuze, relaciona a Ética dos escólios, dos corolários, dos apêndices e das introduções, a Ética das proposições e das demonstrações, a Ética da Parte 5, aos três gêneros do conhecimento e suas respectivas formas de expressão, conforme descritos na Ética: o primeiro gênero, dos signos e dos afetos; o segundo, das noções comuns ou conceitos e o terceiro, das essências ou dos perceptos, respectivamente.

 

 

Projeto de Pesquisa: O corpo além da pele. A ética do cuidado como extensão egoística da criação de si.

Coordenador: Prof. Dr. Gustavo Bezerra do Nascimento Costa

Colaboradores: Prof. Dr. Thiago Mota Fontenele e Silva; Prof. Dr. Ruy de Carvalho Rodrigues Jr. (UECE).

Linha de Pesquisa: Ética

Descrição: Pesquisa acerca do problema ético e estético do cuidado, ou ainda, da possível relação entre o cuidado de si e o cuidado dos outros. Mais especificamente, procura-se apresentar, discutir e relacionar questões pertinentes a esse tema, tendo como objetivo principal defender a hipótese de que seria possível pensar uma ética do cuidado como uma extensão – a partir das implicações aí contidas – do problema ético-estético do cuidado ou da criação de si. Tal objetivo implica investigar e problematizar três questões de fundo: primeiramente, seria preciso apresentar e discutir as premissas por meio das quais o tema do cuidado ou criação de si – tema que remonta à filosofia clássica e helenística, enquanto princípio pautado na correlação entre as máximas: “conhece-te a ti mesmo” e “cuida de ti mesmo” – foi reintroduzido na passagem da modernidade para a contemporaneidade. Aqui se abrem duas vias complementares de investigação, a partir das filosofias de Nietzsche e Foucault. Em um segundo momento da pesquisa, caberia compreender como a ética do cuidado aparece no âmbito das teorias contemporâneas da justiça distributivistas e comunitaristas, como contraposição às teorias liberais – em particular, contratualistas e utilitaristas A questão que aqui se coloca é:  como pensar uma ética do cuidado partindo de nossa condição egoísta? Esse é o mote que nos leva a um terceiro momento da investigação, onde seria preciso abrir vias de discussão com algumas pesquisas e teorias recentes no campo da neurobiologia e sociobiologia. Particularmente, no que se referem ao estudo da chamada extensão fenotípica, isto é, da atividade cerebral como fator de expansão da noção de eu para além dos limites do próprio corpo, para onde poderiam ser remetidos, por exemplo, dilemas morais como o da ambivalência de nossas escolhas e a natureza conflituosa de nossas motivações, onde se alternariam interesses individuais (egoístas) e coletivos (altruístas). A hipótese a ser defendida após esse percurso é a de que, se é possível, a partir de si, reconhecer o outro e o próprio “organismo social” como uma extensão de si, talvez seja também possível pensar a extensão do cuidado de si ao cuidado com aquele organismo, bem como com os indivíduos que o compõem. O cuidado com o outro sob essa ótica poderia, então, ser pensado sob um pressuposto aparentemente egoístico, como uma extensão do cuidado para consigo. Um ensejo a se pensar a expansão de si para além dos limites do corpo. Ou ainda, da compreensão do corpo para além, não aquém, dos limites da carne.

 

 

Projeto de Pesquisa: A Vida Ética em Hegel

Coordenadora: Profa. Dra. Marly Carvalho Soares

Colaboradores: Prof. Dr. Estenio Ericson Botelho de Azevedo; Prof. Dr. João Emiliano Fortaleza de Aquino; Prof. Dr. Regenaldo Rodrigues da Costa

Linha de Pesquisa: Ética

Descrição: A análise em torno da vida ética em Hegel tem como objetivo desenvolver dialeticamente o processo de efetivação da liberdade que se concretiza nas instituições sociais: família, sociedade civil e estado. Para demonstrar todo esse conteúdo Hegel usa o seu método especulativo onde forma e conteúdo não se separam. Nesse sentido se deve compreender o que é dito no Prefácio da Filosofia do Direito: a tarefa da filosofia é compreender o que é não descrever ou formular hipóteses explicativas, mas captar a inteligibilidade imanente à práxis social. Evidentemente, todo este desenvolvimento se enxerta numa dialética intemporal do conceito, de onde tudo provém e a onde tudo regressa. Daí seu empenho em mostrar a unidade do pensamento (lógica) e do ser (ontologia), através de sua crítica a todos aqueles que querem falsificar a força da razão. Ao contrário, Hegel quer dar a todo esse conteúdo a sua forma lógica, formando a verdadeira ideia filosófica. O horizonte hermenêutico da nossa leitura é o sistema da eticidade, dentro do qual a filosofia do Direito, como ciência filosófica do direito, tem por objeto, a ideia da liberdade, isto é, seu conceito e sua realização. Daí se deduz que em Hegel, o ponto de vista ético é mais bem interpretado como certo tipo de reflexão crítica sobre as instituições existentes, em contraposição aqueles que tratam inteiramente a ética como uma questão de coerção ou coibição, especialmente do modo como é representada em Kant e Fichte.

 

 

Projeto de Pesquisa: A Ética Hermenêutica do Diálogo

Coordenadora: Profa. Dra. Viviane Magalhães Pereira

Colaborador: Prof. Dr. José Wilson da Silva

Linha de Pesquisa: Ética

Descrição: Neste estudo pretende-se desenvolver uma concepção de ética, que teve alguns de seus pressupostos apresentados na tese de doutorado intitulada “Hermenêutica, ética e diálogo: Gadamer e a releitura da filosofia prática de Platão e Aristóteles”. Trata-se da “ética hermenêutica do diálogo”, cuja base conceitual se encontra em grande medida na hermenêutica filosófica de Hans-Georg Gadamer (1900-2002). Tal pesquisa tem como objetivo apresentar uma solução para um dos problemas da Contemporaneidade, muito bem destacado por Ernst Tugendhat (1930), a saber: Como podemos pensar uma ética filosófica hoje, isto é, ante a coexistência de uma variedade de concepções de ética plausíveis e os problemas morais agravados por “autoritarismos”, “individualismos”, “relativismos”? Uma vez que se defendeu que a teoria gadameriana nos fornece os pressupostos necessários para a formulação de uma concepção de ética que esteja aberta para o diálogo com outras concepções, cabe agora mostrar quais são os princípios desta concepção e como se constitui sua fundamentação, apresentando argumentos para provar que ela oferece uma orientação para a decisão sobre regras morais, que toma como fundamental a convivência com outras pessoas e outras culturas e uma mútua integração frutífera de modos de ser e de viver.

 

 

 

Projeto de Pesquisa: A Ética de Platão: sobre a relação entre a teoria da ação e a tripartição da alma.

Coordenador: Prof. Dr. José Wilson da Silva

Colaboradora: Profa. Dra. Viviane Magalhães Pereira

Linha de Pesquisa: Ética

Descrição: Platão é, ex professo, o primeiro a estabelecer uma teoria de que a alma humana é complexa. O objetivo fundamental desta configuração da psique explica a difícil compreensão das motivações racionais e não-racionais e de sua relação mútua, ou seja, explica as mais diversas facetas do agir humano, mormente o problema ético clássico da fraqueza da vontade (akrasía).  Dado isso, a Teoria da Ação ou a Ética platônica tem por base a Teoria da Tripartição da Alma: a ação é condicionada por uma interação destas partes da psique. Com base nisto, o presente projeto visa compreender como as partes da alma interagem a tal ponto de condicionar a ação humana. Nossa hipótese interpretativa é a de que a interação é possibilitada por uma espécie de diálogo interno, porém, não qualquer um, mas um lógos que seja uma imagem; isto, por exemplo, é declarado no diálogo Timeu (71a-b), mas não é aqui desenvolvido o que sejam tais discursos e como as partes não-racionais são influenciadas por eles. Para tanto, temos dois diálogos platônicos do mesmo período que o Timeu, cuja argumentação pode auxiliar no entendimento desta interação entre as partes da alma, a saber: o Sofista, no qual Platão argumenta sobre a imagem e sua fundamentação metafísica (e aqui aparece a expressão imagem falada, eidola legómena, 234c) e o Filebo 39a-b, por apresentar a gênese de uma imagem falada, ou melhor, como uma imagem se conecta a um discurso. Portanto, será com base neste três diálogos, que a pesquisa pretende compreender como a ação humana é explicada tendo como fundamento a Teoria da Alma Tripartite na última fase da produção intelectual de Platão.

 

 

Projeto de Pesquisa:  A Resposta Kantiana à Pergunta: “Por que Ser Moral?”

Coordenador: Prof. Dr. Konrad Christoph Utz

Colaboradora: Profa. Dra. Marly Carvalho Soares

Linha de Pesquisa: Ética

Descrição: A questão: “Por que (eu devo) ser moral?” parece uma pergunta bastante natural e completamente adequada para a grande maioria das pessoas hoje em dia. Consequentemente, ela é frequentemente discutida também nos debates filosóficos acadêmicos, desde que foi introduzida expressamente por F.H. Bradley em 1876. Contudo, nem todos os autores clássicos da ética filosófica parecem oferecer uma resposta. Entre eles, destaca-se Kant, o pensador que provavelmente é, até hoje, o mais influenciável na área. Alguns de seus intérpretes defendem que, conforme Kant, a pergunta: “Por que ser moral?” não tem resposta, porque a moral não pode ser derivada de interesse qualquer. Eles concluem que a moral precisa ser aceita como um simples fato, o fato da razão prática. Essa pode ser chamada a tese do imediatismo na fundamentação ética. Como o imediatismo, por várias razões, parece insatisfatório, outros leitores de Kant desenvolveram a interpretação do agente racional. Esse último teria valor original, incondicionado para Kant. O porquê da moral seria proteger e fomentar esse valor. Contudo, essa interpretação também enfrenta problemas sérios. Parece desejável desenvolver uma interpretação da ética kantiana que a salve do imediatismo sem tornar a moral dependente de um valor que a anteceda. A pista para tal solução poderia ser um mediação discursiva da moral que seja interna à própria razão prática.

 

 

Projeto de Pesquisa: “Obstáculos filosóficos” na Ética do Ensino da Ciência e dos Estudos do Imaginário – Bachelard e suas traduções.

Coordenador: Prof. Dr. Gabriel Kafure da Rocha

Colaborador: Prof. Dr. João Emiliano Fortaleza de Aquino

Linhas de Pesquisa: Ética

Descrição: O presente projeto de pesquisa procura focar em detalhes ainda não evidentes (quiçá ocultos) nos estudos da obra bachelardiana. Um deles, podemos dizer, é justamente a questão da ética numa pedagogia do movimento que transforme a imagem e o conceito em uma dialética das virtudes do saber. Tem como objetivo geral atualizar o pensamento bachelardiano no Brasil por meio do estudo na íntegra da língua francesa e do resgate de obras ainda não traduzidas, de modo a trazer para o público acadêmico novas referências críticas para estudos aprofundados sobre Gaston Bachelard após 60 anos de sua morte e suas possíveis relações com outros pensadores e pensadoras da Filosofia Francesa Contemporânea de Expressão Francesa. Como objetivos específicos, o projeto busca: a) enfatizar o caráter aberto da filosofia da imaginação bachelardiana por meio da linguagem do filósofo em palestras radiofônicas como as Causeries publicadas e as que estão ainda em formato de áudio; b) desvelar o lado da crítica artística de Bachelard pelo aprofundamento da obra Paysages no qual o filósofo faz uma interpretação das obras do gravurista Albert Flocon; e c) realçar os estudos epistemológicos trazendo à tona uma possível tradução de A atividade racionalista da física contemporânea, livro central de sua obra e ainda pouco estudado e trabalhado no Brasil.

 

 

Projeto de Pesquisa: O supremo bem da Retórica. Repercussões ético-onto-epistemológicas do Górgias platônico.

Coordenador: Prof. Dr. Vicente Thiago Freire Brazil

Colaborador: Prof. Dr. José Wilson da Silva

Linhas de Pesquisa: Ética

Descrição: Já se tornou um lugar-comum o esforço investigativo de analisar as teses do sofista Górgias a partir de uma abordagem comparativa com os argumentos da personagem Górgias do diálogo platônico que carrega o nome do pensador de Leontinos. A tradição, todavia, dedicou-se a realizar tal empresa interpretativa, majoritariamente, com o objetivo de demonstrar a razoabilidade – para não dizer a absoluta pertinência – das críticas platônicas à sofística como um todo, e de modo mais específico a Górgias. Tal opção hermenêutica carrega consigo, no entanto, um problema insuperável: a argumentação socrático-platônica só será válida como um ataque à sofística se os pressupostos gorgianos forem, de fato, aqueles apresentados pelo personagem Górgias do diálogo .A presente pesquisa de pós-graduação pretende dedicar-se, de modo transversal, a demonstrar que as proposições do Górgias platônico não são compatíveis com a proposta filosófica, a que se tem acesso através da doxologia disponível, do notável sofista siciliano. Tem como objetivo geral: identificar, analisar e demonstrar as repercussões onto-epistemológicas da concepção platônica de retórica/ arte política como supremo bem no Górgias. E como objetivos específicos: 1) diferenciar o Górgias platônico do Górgias histórico; 2) apresentar as características gerais da retórica sofística na perspectiva como Platão a representa no Górgias; 3) Demonstrar as especificidades da arte política / πολιτική τέχνη socrática como promotora do supremo bem; 4) Discutir as implicações ético-onto-epistemológicas da abordagem platônica com relação a arte política / πολιτική τέχνη proposta por Sócrates no Górgias.

 

Projeto de Pesquisa: Quando o Eros é feminino: Uma leitura do encômio aristofânico n’O banquete de Platão

Coordenador: Prof. Dr. Vicente Thiago Freire Brazil

Colaborador: Prof. Dr. José Wilson da Silva

Linhas de Pesquisa: Ética

Descrição: A pesquisa tem como objetivo geral: Analisar as características do Eros no discurso aristofânico d’O banquete platônico; o que implica: 1) Analisar as principais características do homoerotismo feminino apresentado por Aristófanes em seu encômio no Banquete; 2) Realizar um rastreamento do termo que designa exclusivamente o homoerotismo feminino na literatura antiga; 3) Identificar as diferenças de abordagens platônicas para a questão homoerótica n’O Banquete e n’As leis; 4) Apontar outras fontes literárias do mundo antigo que utilizam-se do debate sobre o homoerotismo feminino; 5) Demonstrar as características específicas do feminino derivado dos seres primitivos andróginos; 6) Analisar as metáforas órficas existentes nesse momento do discurso aristofânico; 7) Discutir o papel da sexualidade a partir dos seres derivados dos andróginos primitivos; e 8) Apontar as imagens cômicas presentes no discurso de Aristófanes em louvor do Eros. Sendo um dos simposiastas que constituem a cena dramática do célebre jantar comemorativo do Banquete platônico, Aristófanes, renomado comediógrafo grego destaca-se entre aqueles, pela beleza com que constitui seu encômio a Eros, assim como, pela destacável referência que este faz ao feminino. A partir de uma análise do elogio aristofânico à potestade erótica poder-se-á demonstrar o concomitante gabo que o poeta elabora ao feminino em si.

 

Projetos de Pesquisa em Filosofia Social e Política:

 

Projeto de Pesquisa: A Fundamentação Política em Benedictus de Spinoza

Coordenadora: Prof. Dr. Emanuel Angelo da Rocha Fragoso

Colaboradores: Prof. Dr. João Emiliano Fortaleza de Aquino

Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política

Descrição: O projeto visa a investigar a fundamentação política na filosofia de Benedictus de Spinoza (1632-1677). É em seu opus magnum, a Ética, na qual se encontra o quadro conceitual e descritivo da ontologia fundante do absoluto enquanto substância única e de seus modos ou modificações, e, por conseguinte de tudo o que existe, que iniciaremos a averiguação dos pressupostos que substanciam a ideia de liberdade política tal como é postulada e demonstrada por Spinoza. Por sua vez, a política se localiza em duas obras: o Tratado Teológico-Político (TTP) e o Tratado Político (TP). Através do desenvolvimento do tema da liberdade política, será feito um esforço para estabelecer as relações deste conceito, considerando a estrutura na qual se erigem as relações sociais contemporâneas, com o sistema de Spinoza em sua totalidade. Com isto, pretende-se contribuir com a construção de pensamentos voltados ao exercício de uma cidadania plena, que procuram instrumentalizar o indivíduo para a ação humana consciente e, portanto, transformadora da realidade; assim, contribuindo de forma decisiva na construção de indivíduos capazes de se relacionarem com equidade e justiça, como pressuposto para a construção de uma sociedade democrática.

 

 

Projeto de Pesquisa: Hannah Arendt e o Direito

Coordenador: Prof. Dr. Odílio Alves Aguiar

Colaboradores: Prof. Dr. Regenaldo Rodrigues da Costa; Prof. Dr. Lucas Barreto Dias.

Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política

Descrição: Partindo da hipótese do refugiado como paradigma, a pesquisa enseja rastrear e explicitar a compreensão que emerge sobre o direito no pensamento de Hannah Arendt em suas diversas obras. Serão dadas ênfases à ideia do “direito a ter direitos” , a compreensão e prática da legalidade totalitária, a ideia de lei como limite e relação, a ligação entre direito e poder, a importância da compreensão arendtiana do poder constituinte e, por último, a desobediência civil.

 

Projeto de Pesquisa: A Legitimidade dos Direitos Humanos na teoria do Discurso de Jürgen Habermas

Coordenador: Prof. Dr. Regenaldo Rodrigues da Costa

Colaborador: Prof. Dr. Odílio Alves Aguiar

Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política

Descrição: Nas sociedades modernas, as relações sociais se tornaram cada vez mais ricas de determinações e, portanto, cada vez mais complexas. Neste contexto, pode-se dizer que são exigidas das relações políticas e jurídicas uma constante maturação e capacitação para lidar com problemas éticos novos e complexos, haja vista as implicações e desafios ético-políticos e jurídicos da engenharia genética, da biotecnologia, das fusões e incorporações de conglomerados econômicos, da reestruturação do Estado nacional e do papel das nações no cenário mundial, da formação de blocos econômicos, políticos e sociais de nações, do surgimento do trabalho virtual, das organizações não governamentais e supra nacionais, etc.). Assim sendo, se faz necessária uma concepção universal de valores que orientem a convivência dos povos e das nações em escala planetária. Isso tem como implicação que há a necessidade urgente da cooperação solidária dos indivíduos, das culturas e nações na fundamentação de direitos intersubjetivos, principalmente dos Direitos Humanos, que sirvam de parâmetro mínimo para as relações entre indivíduos, culturas e nações de modo a evitar não só a arbitrariedade do poder estatal sobre os indivíduos humanos (e as minorias), mas, também, ao mesmo tempo, evitar uma iminente destruição da própria coletividade humana (que pode ocorrer, por exemplo, através de uma guerra nuclear de extermínio ou através do desequilíbrio do ecossistema planetário gerado pela crise ecológica causada pelo modelo moderno de produção industrial). No entendimento de Habermas é através da ideia de Direitos Humanos que, por um lado, que ainda podemos justificar a pretensão à validade deontológica do direito e, por conseguinte, da dominação legal legítima. Assim sendo, não pode haver normas jurídicas racionalmente válidas sem que haja Direitos Humanos racionalmente válidos, de modo que se pretendemos validade racional para o direito e para a justiça, para as relações entre os Estados e dentro dos Estados, se impõe como tarefa a justificação racional dos Direitos Humanos. Mas, é mesmo possível uma justificação racional suficiente da ideia de Direitos Humanos perante todos os afetados e afetáveis (principalmente, frente aos opositores da mesma)? É na perspectiva dessa problemática que se insere nossa pesquisa, ou seja, ela é uma pesquisa que pretende investigar se e como a partir da Teoria do Discurso de Habermas é possível justificar de forma racionalmente validada a pretensão à validade deontológica universal dos Direitos Humanos e, por conseguinte, justificar a pretensão do estabelecimento de devidos, e tão necessários nos tempos atuais, limites para a autodeterminação de indivíduos, de culturas e de Estados, de modo a evitar a arbitrariedade dos mesmos. Nesse horizonte, o projeto tem como objetivos específicos: a) tematizar a relação entre Direitos Humanos e diversidade cultural; b) tematizar a relação entre Direitos Humanos e Soberania dos Estados; e c) tematizar a relação entre Justificação Racional e Direitos Humanos.

 

 

Projeto de Pesquisa:  Weil: O Interesse pela Política

Coordenadora: Profa. Dra. Marly Soares Carvalho

Colaboradora: Profa. Dra. Viviane Magalhães Pereira

Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política

Descrição: O presente projeto trata do sentido da Política cujo objetivo é analisar o interesse de Éric Weil pela formação política, na qual pretende compreender o campo em que põem as questões que visam a um determinado saber e um determinado saber-fazer. O que significa a pressuposição da moral e compreensão da política na sua totalidade e na sua unidade estruturada, como compreensão da ação humana na história. A filosofia política é a consideração razoável da realidade histórica. É a visão concreta da vida agente do homem, tal como ela é, para ele e em si mesma. O método utilizado por Éric Weil é chamado “retomada” no sentido de compreender cada discurso através da categoria correspondente a uma vida atitude que é fundamental para compreender o percurso feito pelo nosso filósofo. Os resultados alcançados nos levam a concluir a distinção entre o verdadeiro sentido da política e as outras ciências. E a necessidade da Moral como pressuposto da política.

 

 

Projeto de Pesquisa: Biopolítica, Segurança e Estado de Exceção na Política Contemporânea

Coordenador: Prof. Dr. Estenio Ericson Botelho de Azevedo

Colaborador: Prof. Dr. Odílio Alves Aguiar

Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política

Descrição: Destacando o diálogo do pensamento do filósofo italiano Giorgio Agamben com filósofo francês Michel Foucault, esta proposta de pesquisa visa pensar a estrutura da política moderna, buscando compreender a partir dos referidos autores os conceitos de biopolítica, segurança e exceção. Partindo das indicações do projeto de filósofo de Agamben, Homo Sacer, o presente projeto pretende pensar o elo categorial entre estado de exceção, estado de segurança e seus modos de expressão na experiência política contemporânea. Grosso modo, intenta-se aqui demonstrar de que maneira o estado de exceção- compreendido por Agamben não como uma deturpação da norma e da democracia, mas como aplicação da lei por meio da sua desaplicação vem sendo apropriado pelas mais diversas formas de governo como um instrumento permanente de administração da vida pública. Para pensar melhor esta relação, a proposta aponta, como indicado pelo próprio Agamben, como se estabelecem na reflexão de Foucault os dispositivos biopolíticos de segurança e como estes ganham determinado sentido em tempos hodiernos.

 

 

Projeto de Pesquisa: Cornelius Castoriadis e Guy Debord: capitalismo moderno, crise, alienação e projeto de autonomia.

Coordenador: Prof. Dr. João Emiliano Fortaleza de Aquino

Colaborador: Prof. Dr. Gabriel Kafure da Rocha; Prof. Dr. Francisco Luciano Teixeira Filho (UECE)

Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política

Descrição: Este projeto de pesquisa visa a compreender a tentativa de elaboração teórica, entre os anos ’50 e ’60 do século XX, sobre o capitalismo no segundo pós-guerra, articulada a um projeto de autonomia, entendido como autogoverno de uma sociedade sem classes. De modo mais concreto, temos em vista a produção teórica de Castoriadis entre 1949 e 1961, portanto, ainda no terreno do marxismo; e, de Guy Debord, entre 1957 e 1972. Antes de tudo, há que observar que os autores aqui em questão desenvolvem, ao cabo desse percurso, teorias distintas; contudo, partem ambos de um diagnóstico sobre o capitalismo desenvolvido, que conheceu radicais transformações em relação ao capitalismo do século XIX. Nessa nova fase do capitalismo, que conta com uma intervenção reguladora do Estado no plano econômico, possibilitando aumento de salário e consumo, pleno emprego e políticas sociais, ambos, em suas elaborações teóricas, defendem a tese de que as condições que tradicionalmente conduziam o capitalismo à crise econômica haviam sido domadas. Desse modo, sustentam que, apesar do afastamento da hipótese da crise em seus termos clássicos, seja como crise de superprodução, seja como crise conduzida pela baixa da taxa de lucros, permanece uma contradição fundamental na sociedade capitalista, a da alienação da atividade de trabalho na produção. Esta seria a base de outras formas de contradição e de crise, distintas das contradições e crises econômicas anteriores, e que passam a impor-se, em diversas manifestações, na vida cotidiana. Segundo a hipótese condutora dessa pesquisa, este diagnóstico é a base de seus projetos de autonomia, na medida em que, não estando mais em voga as antigas reivindicações, pois já satisfeitas e incorporadas à dinâmica do capitalismo desenvolvido, e já estando toda a vida cotidiana dominada pela alienação, se trataria doravante de superá-la pela gestão operária da produção (Castoriadis) ou pela autogestão generalizada (Debord). Como se pode ver, no diagnóstico da superação das tendências da economia capitalista à crise, torna-se necessário, para essa pesquisa, um diálogo com Karl Marx e com os autores que, nas primeiras décadas do século XX, discutiram a adequação da crítica da economia política de Marx às crises históricas, tais como Rosa Luxemburgo e Heinrik Grossman. O ponto de chegada dessa revisão crítica é a compreensão mais larga das teses a que chega Castoriadis em Le mouvement révolutionnaire sous le capitalisme moderne (1959-61), no qual apresenta uma profunda crítica do pensamento marxiano e marxista acerca das crises. De outro lado, é necessário pensar, sendo este igualmente um problema importante da pesquisa, a reivindicação por Debord da crítica da economia política de Marx, de quem toma como central, em La société du spectacle (1967), o conceito de caráter fetiche da mercadoria. E isso se torna particularmente grave, em teoria, quando se compreende – algo que a pesquisa procurará mais bem delinear – que é central à teoria marxiana da crise a natureza fetichista das relações econômicas capitalistas e suas leis. Desse modo, uma segunda hipótese se apresenta à nossa pesquisa, que é a diferença existente, entre Castoriadis e Debord, acerca do caráter fetichista das relações sociais nucleadas na produção e reprodução do valor econômico (mercadoria, dinheiro e capital).

 

Projeto de Pesquisa: A fenomenologia política de Hannah Arendt.

Coordenador: Prof. Dr. Lucas Barreto Dias.

Colaborador: Prof. Dr. Odílio Alves Aguiar

Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política

Descrição: A pesquisa visa proporcionar uma interpretação sobre as bases fenomenológicas do pensamento arendtiano e em como esta pertença teórica impacta em sua teoria política. Trata-se, assim, não apenas de rastrear os elementos da fenomenologia presentes no pensamento arendtiano, mas, inclusive, de circunscrever como suas reflexões nos encaminham para um modelo fenomenológico distinto de seus mestres. A fenomenologia de Arendt tem raízes políticas, provém do mundo vivido e experienciado de modo plural. Cabe, assim, perceber em que medida nosso pensamento está vinculado com o mundo comum, com a aparência e a pluralidade que o constitui. Metodologicamente, esta pesquisa se vincula ao pensamento de Arendt como um exemplo de fenomenologia política, ainda que não desenvolvida como uma teoria sistemática, mas como um experimento de pensamento. Nesse sentido, esta investigação se desenvolve tendo a fenomenologia política arendtiana como um exemplo não limítrofe, mas expansivo para pensarmos o mundo comum em que vivemos, os nossos eventos políticos e aqueles do passado que ainda ecoam no nosso modo de interpretar a vida pública compartilhada.