Uece e Energia Pecém inauguram Espaço de BioEnergia no campus Itaperi
1 de agosto de 2025 - 16:41
A Universidade Estadual do Ceará (Uece), em parceria com Energia Pecém, e com suporte técnico do Instituto de Desenvolvimento, Estratégia e Conhecimento (IDESCO), inaugurou no último dia (30), o Espaço BioEnergia e a planta piloto do projeto de PDI para produção de biochar (biocarvão), a partir da casca do coco verde, com posterior aplicação em blends com carvão mineral em caldeiras industriais. O projeto faz parte da agenda estratégica de transição energética da Energia Pecém, buscando soluções que combinem desempenho térmico, viabilidade operacional e redução de emissões de carbono. Serão investidos R$ 2,7 milhões no projeto, que conta com financiamento do programa de PDI da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e terá duração de 24 meses (término em dez/2026).
Durante a apresentação do projeto, a professora Mona Lisa Moura, coordenadora do Laboratório de Conversão Energética da Uece, integrante dos Laboratórios Associados de Energia, Inovação e Sustentabilidade (LAIS), fez um resumo do que representa essa novidade e destacou: “a geração de energia de baixo carbono no estado é uma iniciativa única da Uece. Uma universidade pública mantida pelo Governo do Ceará”, conforme informou Mona Lisa Moura.
O LAIS é um exemplo de atuação nas áreas de energia, nutrição e gestão de cidades. No caso da produção específica de bioenergia, o projeto está vinculado ao Laboratório de Proteção Energética (LPE). A professora Mona Lisa Moura lembrou que o LPE atua, há 10 anos, na qualificação e especialização de profissionais com foco na valorização e reaproveitamento de biomassas, para a redução de emissores de CO2 e o aumento da eficácia energética.
O vice-reitor da Uece, Dárcio Teixeira, que representou o reitor Hidelbrando Soares, destacou que o LAIS é um recurso de multiuso e multidisciplinar, por agregar inúmeras áreas do conhecimento, para que possam desenvolver inovações para ampliar a capacidade de soluções voltadas às demandas sociais, com a redução de efeitos sobre a natureza. Segundo ele, esse é outro projeto desenvolvido na Uece que conta com biotecnologia dialógica, reunindo o melhor de cada área, para impulsionar a produção e o uso de energia sustentável e renovável.
A secretária em exercício da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Adeline Lobão (ela é Secretária Executiva de Planejamento e Gestão Interna da Secitece), que representou o governador Elmano de Freitas, enalteceu a iniciativa da Uece, ao afirmar que “o projeto tem tudo a ver com o novo tempo, com a solução das demandas do desenvolvimento sustentável”. Segundo ela, o estado do Ceará assume um posicionamento claro pela inovação e sustentabilidade com o laboratório de biomassa. A secretária Adeline Lobão afirmou ainda que “tratar de energia significa tratar de transição energética e justiça social”. Para ela, “esse projeto de bioenergia envolve ações pacíficas, de escuta e coragem, unindo gente qualificada da ciência, com propósitos na tecnologia que serve às pessoas e na universidade que olha para frente com os pés fincados, graças a parcerias do público com a iniciativa privada”. Destacou que o Laboratório de Proteção Energética dialoga com o meio rural, com a produção agrícola, com a indústria e com o meio ambiente, e aponta para o horizonte do Estado do Ceará “mais sustentável e mais soberano”. E concluiu seu pronunciamento citando o slogan do Governo: “É o Ceará que não pára, não pára, não pára”.
Por sua vez, o gestor executivo de Operações e coordenador do Projeto PDI da Energia Pecém, Cayo Morais, disse que estava emocionado por participar da solenidade que mostra o resultado do trabalho coletivo, por meio de várias mãos, porque mostra “o fazer acontecer e o pioneirismo”. Lembrou que nos últimos anos, foram concretizados pelo menos três projetos de inovação em favor do desenvolvendo sustentável, com inovações, em parceria com a UFC, no funcionamento da termoelétrica do Porto do Pecém: o uso da cinza do carvão, como revestimento de um trecho da rodovia; o primeiro ônibus elétrico a energia solar, para transporte intermunicipal de trabalhadores da termoelétrica; e a primeira planta de hidrogênio verde no Brasil. E citou o projeto inovador, em parceria com a Uece e dezenas de outras instituições, para desenvolver o carvão híbrido (a partir da queima da casca de coco verde).
De forma inédita, a parceria envolve a universidade e cerca de 37 estudiosos, entre professores doutores, especialistas e estudantes bolsistas de diferentes áreas, como Engenharia, Física e Química. “Trata-se da formação de recursos humanos qualificados e especializados em resolver questões vinculadas ao uso de resíduos de biomassa no estado e geração de energia de baixo carbono. Uma iniciativa única dentro de uma universidade pública e de qualidade do estado do Ceará”, destaca a Profa. Mona Lisa Moura.
Quanto maior o percentual de biocarvão – proveniente de fontes renováveis como a casca do coco verde — maior o potencial de redução nas emissões, já que parte do carbono emitido é de origem biogênica e, portanto, neutro do ponto de vista climático. A definição da composição ideal, capaz de maximizar a redução de emissões sem comprometer o desempenho energético nas caldeiras da UTE Energia Pecém, será um dos principais resultados esperados ao final da pesquisa desenvolvida em parceria com a Uece.
Outro impacto positivo do projeto é o aproveitamento do resíduo do coco, reduzindo a destinação inadequada do material, uma vez que para produzir um quilo do biocarvão são necessários 8,5 kg de coco in natura. O coco é um resíduo abundante no litoral do Ceará. A região industrial do Pecém e seu entorno possuem grande disponibilidade de casca de coco verde, gerada por comércios, fábricas de água de coco e centros urbanos. Segundo estudo dos pesquisadores da Uece, os municípios de Paraipaba (31%), Acaraú (22%) e Trairi (16%) são os maiores produtores no Estado. Esse mapeamento reforça a viabilidade logística da iniciativa.
No Espaço BioEnergia foi montada a Unidade Piloto de Pirólise e Torrefação de Biomassa (UPTB) que será utilizada para processar grandes volumes de casca de coco e para avaliar os parâmetros críticos de operação: temperatura, tempo de residência, granulometria, rendimento e qualidade do biochar produzido. O investimento no galpão técnico permitirá o início da operação contínua com biomassa real (casca de coco).
Sobre o projeto
O projeto de carvão híbrido é executado com recursos do programa de Pesquisa & Desenvolvimento regulado pela Aneel. Conta com a coordenação técnica da Energia Pecém, execução acadêmica da Universidade Estadual do Ceará e suporte técnico do IDESCO. A iniciativa se alinha aos compromissos ambientais da empresa, com foco em transição energética, inovação aplicada e desenvolvimento regional.
O que é o carvão híbrido: É um blend tecnicamente controlado entre dois tipos de carvão: o carvão vegetal, produzido a partir da pirólise lenta da casca do coco verde e, futuramente, também do lodo de estações de tratamento de efluentes (ETE), e o carvão mineral, de origem fóssil, amplamente utilizado nas usinas termelétricas. O processo de mistura permite obter um produto com propriedades físico- químicas otimizadas para melhorar o desempenho térmico e reduzir a pegada de carbono em caldeiras como da Energia Pecém.
O evento contou com as presenças do vice-reitor da Uece, professor Dárcio Teixeira, do chefe de gabinete da Reitoria da Uece, professor Altemar Muniz; da Secretária Executiva de Planejamento e Gestão Interna da Secitece, professora Adeline Lobão, neste ato representou o Governador do Estado, Elmano de Freitas; da coordenadora geral do Projeto e do Laboratório de Conversão Energética da Uece, professora Mona Lisa Moura; do Gestor Executivo de Operação e coordenador dos Projetos PDI da Energia Pecém, Cayo Morais; do diretor de Operação da Energia do Pecém, James Cambuhy; do diretor Administrativo Financeiro da Energia Pecém, José Gleylson Fernandes; e de representantes das empresas parceiras, demais professores, estudantes de mestrado e doutorado, servidores e convidados.
Durante o evento, o reitor, professor Hidelbrando Soares, estava em compromisso com o prefeito Evandro Leitão, para desenvolver projeto de revitalização e desenvolvimento urbano e ecológico da Lagoa Itaperoaba, que fica em frente a Uece, em benefício da sociedade.