Uece e Energia Pecém inauguram Espaço BioEnergia e planta piloto do projeto de biomassa do coco
28 de julho de 2025 - 17:01
Iniciativa inédita entre academia e empresa pesquisa o poder energético e a boa estabilidade térmica no processamento da casca do coco para a geração de energia no Estado
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) e a Energia Pecém, com suporte técnico do Instituto de Desenvolvimento, Estratégia e Conhecimento (Idesco), inauguram, no próximo dia 30 de julho, às 15h, o Espaço BioEnergia e a planta piloto do projeto de PDI para produção de biochar (biocarvão) a partir da casca do coco verde, com posterior aplicação em blends com carvão mineral em caldeiras industriais.
O evento será realizado no Laboratório LAIS, no campus Itaperi, e contará com a presença do reitor da Uece, professor Hidelbrando dos Santos Soares, de representantes do Governo do Estado e das empresas parceiras.
O projeto faz parte da agenda estratégica de transição energética da Energia Pecém, buscando soluções que combinem desempenho térmico, viabilidade operacional e redução de emissões de carbono. De forma inédita, a parceria envolve a universidade e cerca de 37 estudiosos entre professores doutores, especialistas e estudantes bolsistas de áreas como Engenharia, Física e Química.
Serão investidos R$ 2,7 milhões no projeto, que conta com financiamento do programa de PDI da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e terá duração de 24 meses (término em dez/2026). “A produção de biochar a partir da biomassa do coco é uma solução que conecta inovação, sustentabilidade e eficiência energética. Ao integrar resíduos regionais ao processo térmico da usina de Pecém, estamos construindo uma rota tecnológica de baixo carbono com potencial de aplicação industrial imediata”, destaca Pedro Litsek, presidente da Energia Pecém.
Quanto maior o percentual de biocarvão, proveniente de fontes renováveis como a casca do coco verde, maior o potencial de redução nas emissões, já que parte do carbono emitido é de origem biogênica e, portanto, neutro do ponto de vista climático.
A definição da composição ideal, capaz de maximizar a redução de emissões sem comprometer o desempenho energético nas caldeiras da UTE Energia Pecém, será um dos principais resultados esperados ao final da pesquisa desenvolvida em parceria com a Uece.
Outro impacto positivo do projeto é o aproveitamento do resíduo do coco, reduzindo a destinação inadequada do material, uma vez que para produzir um quilo do biocarvão são necessários 8,5 kg de coco in natura. O coco é um resíduo abundante no litoral do Ceará. A região industrial do Pecém e seu entorno possuem grande disponibilidade de casca de coco verde, gerada por comércios, fábricas de água de coco e centros urbanos.
Segundo estudo dos pesquisadores da Uece, os municípios de Paraipaba (31%), Acaraú (22%) e Trairi (16%) são os maiores produtores no Estado. Esse mapeamento reforça a viabilidade logística da iniciativa.
No Espaço BioEnergia foi montada a Unidade Piloto de Pirólise e Torrefação de Biomassa (UPTB) que será utilizada para processar grandes volumes de casca de coco e para avaliar os parâmetros críticos de operação: temperatura, tempo de residência, granulometria, rendimento e qualidade do biochar produzido. O investimento no galpão técnico permitirá o início da operação contínua com biomassa real (casca de coco).
Sobre o projeto
O projeto de carvão híbrido é executado com recursos do programa de Pesquisa & Desenvolvimento regulado pela Aneel. Conta com a coordenação técnica da Energia Pecém, execução acadêmica da Universidade Estadual do Ceará e suporte técnico do Idesco. A iniciativa se alinha aos compromissos ambientais da empresa e da universidade, com foco em transição energética, inovação aplicada e desenvolvimento regional.
O que é o carvão híbrido?
Ele é um blend tecnicamente controlado entre dois tipos de carvão: o carvão vegetal, produzido a partir da pirólise lenta da casca do coco verde e, futuramente, também do lodo de estações de tratamento de efluentes (ETE), e o carvão mineral, de origem fóssil, amplamente utilizado nas usinas termelétricas.
O processo de mistura permite obter um produto com propriedades físico-químicas otimizadas para melhorar o desempenho térmico e reduzir a pegada de carbono em caldeiras como da Energia Pecém.