Semana Universitária tem mesa-redonda sobre violência de gênero na universidade

8 de outubro de 2025 - 16:00

A XXX Semana Universitária da Universidade Estadual do Ceará (Uece) deu início na manhã da última segunda-feira (6), com uma mesa-redonda sobre o tema “Violência de gênero no ambiente acadêmico: redes de enfrentamento e a experiência do Núcleo de Acolhimento Humanizado NAH-Uece, no campus Itaperi. O evento aconteceu no anexo da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PROPGPq).

O encontro reuniu as debatedoras professora Socorro Osterne, professora Teresa Esmeraldo, professora Izandra Falcão e Izy Rebeka Gomes, que trouxeram reflexões e experiências sobre os desafios e as
estratégias de enfrentamento à violência de gênero no contexto universitário.

O NAH surgiu em 2017 a partir de mobilizações estudantis contra o machismo, tendo como missão central combater e prevenir a violência de gênero na Uece por meio de diversas ações. Suas atribuições incluem
oferecer acolhimento humanizado, escuta qualificada e atendimento psicossocial, além de garantir o encaminhamento de denúncias e o acompanhamento de processos administrativos. O público-alvo abrange
toda a comunidade feminina da universidade e o núcleo se baseia em importantes diretrizes e bases legais como a Lei Maria da Penha e convenções internacionais, atuando contra diferentes tipos de violência, com destaque para a violência psicológica, assédio sexual e assédio moral praticados predominantemente por colegas de curso e professores. O NAH-Uece se organiza através de um Coletivo Gestor, que inclui
assistentes sociais, psicólogas, bolsistas e estagiárias, além do Grupo de Estudos Gênero e Interseccionalidades.

Em sua fala, a professora Socorro Osterne, fez um relato sobre a realidade do cotidiano feminino dentro de um contexto histórico-cultural e todas as determinantes de expectativa de vida e da valorização das mulheres. “Nessa perspectiva, trata dos principais elementos com implicação direta na questão da dominação. mas sempre apontando tematicamente os caminhos para uma coexistência pacifica, saindo da situação de eterno bloqueio para uma edificação mais humana. A libertação da mulher não é, apenas, uma questão de gênero, mas uma reflexividade crítica sobre os projetos próprios e sobre investimento pessoal com vistas a uma identidade coletiva”.

Sua origem remonta à campanha “QUEM SEGURA AS MULHERES?”, realizada em 2016 pelo Núcleo Feminista Jana Barroso, que promoveu debates, rodas de conversa, oficinas, ações diretas e um ato político
denunciando casos de violência contra as mulheres nos campi da Universidade. Entre as principais conquistas do movimento, destaca-se justamente a criação do NAH, hoje uma importante rede de apoio e
enfrentamento.

Durante o evento, a coordenadora do Núcleo de Acolhimento Humanizado às Mulheres em Situação de Violência (NAH-UECE), professora Teresa Esmeraldo, destacou que “Durante a toda minha trajetória de
formação profissional e na militância feminista, aprendi que valorizar a profissão de serviço social é fortalecer as lutas das mulheres trabalhadoras em defesa da vida, da democracia e da justiça social, abraçando as lutas plurais de todos os movimentos que resistem e lutam pelo direito a ter direitos em nosso país. Considero que o Sindicato tem um papel fundamental neste processo, aliando as lutas em defesa da nossa categoria com as lutas feministas contra o capitalismo, o patriarcado e o racismo.”

Para a professora Izandra Falcão, coordenadora do o REVIF (Re)existências: Vivências e Escritas Femininas, que se apresenta como um movimento político, acadêmico e poético que nasceu entre 2016 e 2017, no
interior do Ceará. Ele se constitui como uma resposta à urgência de consolidar o 8 de março em um espaço de luta, memória e produção de saberes feministas. Mais do que um evento, o REVIF é concebido como um
território de escuta e resistência. O movimento reúne mulheres e dissidências de gênero vindas da universidade, das comunidades e das margens para compartilhar suas vivências, dores e potências por meio
de rodas, oficinas, arte e palavras.

Ao longo de suas edições, o REVIF afirma o direito de existir em liberdade; a força das epistemologias forjadas na luta; a denúncia de violências e a celebração de ancestralidades; e o compromisso com a
transformação social e a justiça de gênero nos territórios.

O evento contou ainda, com a participação da aluna do curso de Serviço Social, Henriett dos Santos, bolsista de Iniciação Científica  do Projeto na Performa pela Vida das Mulheres. Henriett é uma artista autodidata, cantora e poeta.