Pesquisadores do MHNCE/Uece descobrem duas novas espécies de morcegos no Ceará

23 de julho de 2025 - 16:59

 

Duas novas espécies de morcegos acabam de ser registradas no Ceará por pesquisadores do Museu de História Natural do Ceará (MHNCE), vinculado à Universidade Estadual do Ceará (Uece). A descoberta amplia para 55 o número de espécies de quirópteros conhecidas no Estado e reforça a relevância do trabalho científico desenvolvido pela instituição na área da biodiversidade.

O artigo com os registros tem como primeira autora a bióloga Nádia Cavalcante, integrante da equipe de Mastozoologia do MHNCE. As espécies identificadas são Myotis ruber e Molossus pretiosus, encontradas, respectivamente, nos municípios de Guaramiranga e Pacoti, no Maciço de Baturité.

Myotis ruber, foto: Nádia Cavalcante

O Myotis ruber, conhecido popularmente como morcego-borboleta-avermelhado, foi capturado vivo no Sítio Nova Olinda, em Guaramiranga, em área de remanescente de Mata Atlântica. A coloração marrom-avermelhada da pelagem chamou a atenção dos pesquisadores, por destoar dos tons mais comuns nas espécies previamente registradas no Ceará. Já o Molossus pretiosus foi identificado a partir de um exemplar encontrado morto no campus experimental da Uece em Pacoti, e sua confirmação exigiu análise especializada.

Molossus pretiosus, foto: Roberto Leonan Morim Novaes

A pesquisa foi realizada por uma equipe multidisciplinar, com apoio de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Museu Nacional, e utilizou redes de neblina para a captura dos morcegos ao entardecer, com inspeções periódicas a cada 15 minutos até o fim da noite. Após a coleta, os animais foram analisados em laboratório para confirmação da espécie, com base em características morfológicas e dados genéticos.

O Myotis ruber é classificado como “quase ameaçado” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), em razão da redução de seu habitat natural. Já o Molossus pretiosus apresenta ampla distribuição geográfica e maior tolerância a ambientes modificados, sendo considerado de baixo risco de extinção. Ambas as espécies são insetívoras e exercem papel fundamental no controle biológico de insetos, inclusive pragas agrícolas, contribuindo para o equilíbrio ecológico.

Para a bióloga Nádia Cavalcante, a descoberta reforça a importância da preservação dos ecossistemas serranos e da continuidade de estudos sobre a fauna local. Ela destaca ainda que, embora os morcegos sejam, por vezes, associados a riscos sanitários, sua presença é benéfica ao ambiente e não justificaria ações de captura ou extermínio. Em casos de contato com morcegos, a recomendação é não tocar no animal e acionar equipes especializadas, como a Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) de Fortaleza.

Clique aqui para ler o artigo.