UECE, mais uma vez, única universidade do Brasil a participar do Innovate4Health

28 de outubro de 2022 - 15:18 # #

 

Innovate4Health 2022 é promovido pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, uma das maiores entidades de saúde do mundo, localizada nos Estados Unidos

Estudantes do curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece) foram selecionados, pelo segundo ano consecutivo, para participar do programa Innovate4Health 2022, promovido pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, dos Estados Unidos, uma das maiores entidades de saúde do mundo. Com o projeto “Vax4All – Vacinação para a População em Situação de Rua”, os estudantes Thiciano Sacramento Aragão e Karla Larissa de Andrade Pinto, ambos da Liga de Clínica Médica (LCM), e Tayanne Silva Sampaio, Júlia de Hollanda Celestino e Maria Clara da Costa Fernandes, da Liga Acadêmica de Infectologia (LAINF), sob orientação da professora Tatiana Paschoalette Bachur, formam a única equipe brasileira escolhida para vivenciar o programa, entre os 16 projetos selecionados.

A professora Tatiana Bachur explica que o projeto consiste em estimular a adesão da população que vive em situação de rua a se vacinar, mudando a forma usual – na qual o próprio indivíduo procura os postos de vacinação – para uma adaptada, em que profissionais da saúde se deslocam para os locais de apoio a essas populações, como o Centro Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP). “Pensamos nisso porque existem diversos fatores sociais que contribuem para a baixa adesão vacinal dentro desse grupo”, explica a docente.

Inicialmente orientados pela professora, os estudantes agora são acompanhados por uma equipe internacional de especialistas da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health para o aprimoramento do projeto, com a finalidade de proporcionar uma inovação com grande impacto social e baixo custo dentro da área da saúde. As reuniões com os especialistas e com as outras equipes selecionadas têm acontecido de forma virtual. A primeira ocorreu em 8 de outubro, dando início a uma jornada de aperfeiçoamento e aprofundamentos que só terminará em janeiro de 2023, com a perspectiva de um último encontro presencial em Baltimore, Maryland, Estados Unidos, onde fica a sede da instituição, para apresentação dos projetos que se destacarem no programa.

Neste ano, duas ligas acadêmicas do curso de Medicina da Uece compõem a equipe: a Liga de Clínica Médica (LCM) e a Liga Acadêmica de Infectologia (LAINF). De acordo com a professora Tatiana, além das reuniões em língua inglesa para aprimorar o projeto, o grupo vai aprender as melhores estratégias de divulgação da ideia, tanto para atingir um maior número de pessoas beneficiadas dentro da população-alvo, quanto para, ao final da jornada em 2023, saber como apresentar a ideia às instituições governamentais – município, estado e Governo Federal.

Seleção

A professora Tatiana Bachur detalha, ainda, que os projetos inscritos no Innovate4Health precisam fornecer uma visão inovadora, incluindo problemas, desafios e contextos específicos observados no sistema de assistência à saúde, à comunidade ou no sistema de produção de alimentos. “Além disso, é preciso demonstrar o posicionamento de querer de fato implementar o projeto. Os projetos ou intervenções não precisavam ter resultados parciais ou já terem passado por ações-piloto, mas a ideia central devia ter potencial e promessa de aplicação”, detalha.

Um dos estudantes selecionados, Thiciano Sacramento, da LCM, conta que a ideia de novamente inscrever a Uece no programa Innovate4Health foi fomentada pelo desejo dos integrantes de contribuírem com soluções para a melhoria do campo da saúde pública em um contexto global, com ênfase em ideias inovadoras que levem em consideração a atenção ao baixo custo de implementação e uma alta efetividade, aplicabilidade e replicabilidade.

O estudante comenta que a experiência contribuirá para sua formação acadêmica, uma vez que durante o curso a participação em projetos e atividades que vão além dos requisitos obrigatórios da grade curricular da graduação são essenciais para um bom aproveitamento dos estudos.

“É nosso papel enquanto estudante e posteriormente como profissionais graduados nos esforçarmos para buscar sempre otimizar o atendimento para a população e tornar a saúde mais acessível para a sociedade dentro do contexto em que vivemos. Sentimo-nos bastante honrados em sermos a única equipe selecionada para representar o nosso país nesse projeto e estamos nos dedicando para concluirmos com êxito e trazermos essa relevância internacional para nossa universidade pública, a Uece”, diz Thiciano.

Já a aluna Tayanne Silva Sampaio, da Liga Acadêmica de Infectologia (LAINF), destacou a importância de realizar um projeto que atendesse uma demanda urgente e gerasse um impacto social benéfico à sociedade. Ela conta que a LAINF já trabalha o assunto de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) com pessoas atendidas no Centro POP. A equipe percebeu que havia uma grande parcela da população de rua não vacinada, apesar da importância da imunização para esse grupo vulnerável.

“Percebemos que isso acontecia por questões sociais, dentre elas a vergonha e o medo de ser julgado nos locais de vacinação. É por isso que nossa ideia é adequar o Plano Nacional de Vacinação do País visando esse grupo, levando profissionais de saúde para os locais onde essa população já é atendida e se sente mais confortável, como o Centro POP. Com isso, nosso intuito é aumentar o número de vacinados e a adesão aos esquemas vacinais desse grupo”, informa Tayanne.

A aluna destaca que a Johns Hopkins University é mundialmente conhecida por sua excelência e que o contato com profissionais tão bem capacitados é uma grande oportunidade. “É uma experiência que agrega valor à minha formação, tanto por esse contato com grandes profissionais internacionais, que nos auxiliam ao longo do sprint, quanto pelo contato com as outras equipes de diversos países, que possuem outras visões e percepções de como a sociedade e o mundo funcionam. Acredito que esse novo olhar, que o contato com os outros grupos proporciona, faz essa experiência ser ainda mais enriquecedora e importante para minha formação profissional e pessoal, pois consegue ampliar meus horizontes e me faz perceber que existem realidades diferentes das que vivemos aqui no Brasil”, avalia.

Ao todo, 74 equipes de vários países se inscreveram no Innovate4Health 2022, sendo selecionadas 16 equipes. A Uece é a única universidade brasileira com representação no programa. A professora Tatiana Bachur enfatiza que a Johns Hopkins University é conhecida por suas inovações em pesquisas médicas, ocupando a 25ª posição entre as melhores universidades do mundo, segundo o QS World University Rankings 2021. Além de possuir o Hospital Johns Hopkins, a entidade é uma das principais instituições médicas do mundo.

“Diante disso, pode-se ter uma ideia da magnitude da seleção do projeto e da participação dos acadêmicos de Medicina da Uece nesse programa. No contexto universitário, projetos e atividades desse tipo são fundamentais para estimular a proatividade, a capacidade de percepção das necessidades do entorno e o desenvolvimento das habilidades oratórias e de escrita. Além disso trazem frutos para o próprio aluno, para a comunidade acadêmica e para a sociedade”, destaca a docente.

Integrantes da equipe (da esquerda pra direita): Maria Clara da Costa Fernandes (LAINF); Júlia de Hollanda Celestino (LAINF); Tayanne Silva Sampaio (LAINF); Thiciano Sacramento Aragão (LCM); Karla Larissa de Andrade Pinto (LCM); e professora Tatiana Paschoalette Rodrigues Bachur (mentora da equipe e coorientadora da LAINF).