Professor do curso de História da FAFIDAM colaborou em artigo publicado no Boletim DATALUTA
2 de abril de 2018 - 22:59
O artigo intitulado “O golpe na questão agrária brasileira: aspectos do avanço da segunda fase neoliberal no campo”, produzido coletivamente pelos (as) pesquisadores (as) José Sobreiro Filho – UFPA, Bernardo Mançano Fernandes – UNESP, Danilo Valentin Pereira – UNESP, Eraldo da Silva Ramos Filho – UFS, Diogo Marcelo Delben Ferreira de Lima – UFMT, Rosa Maria Vieira Medeiros – UFRGS, Lorena Izá – UNESP e Francisco Antonio da Silva – UECE, é produto das reflexões e dos debates do coletivo de pensamento Rede DATALUTA, territorializada em todas as regiões do Brasil, se dedica ao levantamento, organização e representação de dados referentes à questão agrária, a partir dos estudos, análises e construção de conhecimento sobre a conjuntura agrária nacional. Apresentamos uma leitura teórico-crítica embasada nos debates coletivos e nas análises dos dados que compõem o Relatório DATALUTA 2017, contribuindo com compreensão da situação política do campo brasileiro depois do golpe político-jurídico-midiático-ruralista que destituiu a presidenta Dilma Rousseff em 2016. Estre as mudanças políticas resultantes do golpe está a diminuição e finalização de políticas públicas destinadas para a população pobre e o crescimento de políticas públicas para as corporações, com destaque para a bancada ruralista que forma a base de sustentação do governo golpista.
O artigo analisa também os impactos do golpe no campo destacando seu caráter perverso de intensificação da questão agrária. O golpe político atingiu o campesinato, os povos indígenas e outros povos tradicionais que foram excluídos de políticas públicas e constam como estorvos na agenda política do governo golpista. A exclusão das classes populares do campo faz parte da razão neoliberal que defende privilégios econômicos para os ruralistas, drenando, cada vez mais, recursos estatais para o modelo hegemônico de desenvolvimento do campo, financiando as corporações do agronegócio. A disputa entre o Paradigma do Capitalismo Agrário e o Paradigma da Questão Agrária tornou-se ainda mais nítida, sobretudo, pela desigualdade na correlação de forças, sendo que o Estado passou não somente a coadunar e ser financiador da agenda neoliberal, mas também organizador do processo repressivo sobre as organizações contra hegemônicas.