LITERATURAS, NACIONALIDADES E COLONIALISMOS

17 de maio de 2019 - 12:12

 

LITERATURAS, NACIONALIDADES E COLONIALISMOS: CARTOGRAFIA SOCIAL DAS COMUNIDADES IMAGINADAS DE BRASIL, CABO VERDE E GUINÉ-BISSAU

 

Resumo: 

Esta proposta aprofunda e expande o projeto do Observatório das Nacionalidades (ON), iniciado em 2015 com o tema “A Defesa do Atlântico Sul no contexto da cooperação Brasil-África”. Então, o enfoque principal era a reflexão sobre um conceito multidimensional de defesa que levasse em conta aspectos ambientais, socioeconômicos, políticos e culturais provenientes de reinvindicações de setores sociais organizados e suas lutas por preservação da natureza, bem viver e valores democráticos. A abordagem renovada do conceito pode ser encontrada nas duas publicações que resultaram dapesquisa: o número temático da revista Tensões Mundiais, editada pelo ON, v. 12, n. 22 de 2016 e a coletânea intitulada a Defesa dos Povos do Atlântico Sul. No entanto, o intenso debate acadêmico entre pesquisadores brasileiros e africanos, em particular ao tratar de narrativas e casos específicos de conflitos de diversas naturezas, revelou a necessidade de estudos das comunidades nacionais que não puderam ser desenvolvidos a contento.  Daí a importância de dar continuidade às atividades de investigação.O presente projeto, portanto, irá examinar em perspectiva transdisciplinar os processos nunca concluídos de construção das nacionalidades, tendo como campo empírico Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau.  O problema a ser investigado é, sobretudo, de caráter teórico-conceitual e diz respeito às interrelações entre nacionalidades e campo artístico, com destaque para as literaturas oral e escrita com expressão em língua portuguesa, seja como língua oficial seja como língua de comunidades de diáspora. Desse modo, busca-se concentrar esforços na elaboração de procedimentos metodológicos que tenham como ponto de partida os conceitos-chave de “comunidade imaginada”, de Benedict Anderson, e “cartografia social”, de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Há indícios a serem aprofundados, no decorrer da pesquisa, de confluências e afinidades entre os autores, ainda pouco percebidas na academia. Trata-se de um caminho alternativo para pensar as mudanças advindas na ideia de nação, sendo imprescindível diferenciar o Estado da nação. Este é um campo de conhecimento complexo, que exige ter em conta as acepções de colonialismo, nacionalismo e imperialismo, muitas vezes usadas pela corrente epistemológica dominante na área de Relações Internacionais para “subalternizar” os povos dos continentes africano e latino-americano, os quais persistem como espaços de disputas globais no século XXI. A equipe interinstitucional de pesquisadores provenientes da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) irá organizar um grupo de estudos e um curso de extensão, para debater os textos selecionados e analisar criticamente as realidades brasileira, cabo-verdiana e bissau-guineense.  A difusão dos resultados da pesquisa será feita por meio do site do ON, num número especial da revistaTensões Mundiais e no VII Encontro Tensões Mundiais.  A expectativa é de que a pesquisa contribua para desenvolver processos e instrumentos metodológicos próprios e adequados a situações singulares, sem a pretensão de elaborar uma teoria que apague diferenças nem de assumir a perspectiva eurocêntrica como ponto de vista universal das relações sociais.

 

Coordenação: Mônica Dias Martins

Financiamento: CNPQ/UNIVERSAL 2018

Prazo de realização: 2019 – 2021