Ciclo de Debates discute o assédio sexual contra mulheres

15 de dezembro de 2017 - 10:57

 

No próximo dia 19 acontecerá no Auditório do CESA, o Ciclo de Debates: Precisamos conversar sobre Assédio Sexual contra a Mulher. O evento acontece de 9h às 12h e contará com a mediação da Profa. Dra. Glaucíria Mota Brasil ( LabVida-UECE) e com as debatedoras: 

 

 – Delegada Rena Moura (Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil)

 

– Assistente Social e Psicóloga Roberta Lopes Sousa (Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência Francisca Clotilde/Coordenadoria de Políticas para as Mulheres/Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Desenvolvimento Social e Combate à Fome da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (SCDH)

 

– Profa. Dra. Raquel Coelho de Freitas (NUDIJus/Faculdade de Direito/UFC)

 

O evento é gratuito e as inscrições e credenciamento poderão ser feitas no dia.

 

Destaque

Em 2016, o Instituto YouGov realizou pesquisa sobre assédio sexual no Brasil, na Índia, na Tailândia e no Reino Unido onde foram ouvidas 2.500 mulheres com idade acima de 16 anos nas principais cidades desses países. No Brasil, 503 mulheres participaram da pesquisa em todas as regiões do país, em uma amostragem que acompanhou o perfil da população brasileira feminina apontado pelo censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Todas as estudantes que participaram da pesquisa afirmaram já terem sido assediadas em suas cidades. Para a pesquisa, foram considerados assédio atos indesejados, ameaçadores e agressivos contra as mulheres, podendo configurar abuso verbal, físico, sexual ou emocional. “Em relação às formas de assédio sofridas em público pelas brasileiras, o assobio é o mais comum (77%), seguido por olhares insistentes (74%), comentários de cunho sexual (57%) e xingamentos (39%). Metade das mulheres entrevistadas no Brasil disse que já foi seguida nas ruas, 44% tiveram seus corpos tocados, 37% disseram que homens se exibiram para elas e 8% foram estupradas em espaços públicos”. A pesquisa revela, sobretudo, que 86% das mulheres brasileiras sofreram assédio em público.

 

Segundo Nadine Gusmão, então representante da ONU Mulheres no Brasil, os dados da pesquisa são reveladores da desigualdade entre homens e mulheres na sociedade. “É uma questão de gênero, de entender que na sociedade, qualquer que seja, as mulheres não são consideradas iguais aos homens. A ideia é que a mulher está subordinada no lar, na casa, no trabalho. Dados [da Organização Mundial da Saúde] apontam que uma a cada três mulheres sofre violência doméstica. Para os homens, os corpos e as vidas das mulheres são uma propriedade, está para ser olhada, tocada, estuprada”. Ainda de acordo com Nadine Gusmão, “é necessário implementar políticas públicas que garantam a segurança da mulher em espaços públicos, com políticas públicas específicas, como a iluminação adequada das ruas e transporte público exclusivo para mulheres. Quando se pensa que quase todas as mulheres têm a experiência com abusos, não se tem a ideia do assédio. Isso tem um impacto, isso limita de andar na rua com segurança e direitos como educação e trabalho.”

 

Mais recentemente, dados de pesquisa da “Organização Não Governamental Think Olga revelam que 99,6% das 7,7 mil mulheres entrevistadas já foram assediadas em algum momento de suas vidas. O documento revela, ainda, que cerca de 98% sofreu assédio na rua e 64%, no transporte público. Segundo a pesquisa, 81% das mulheres mudam a rotina por medo do assédio. Isso inclui desde uma simples troca de roupa até a escolha por outro trajeto nas ruas”. E as consequências podem ser devastadoras na vida cotidiana dessas mulheres; uma vez que refletem na saúde física e emocional dessas mulheres. Ao considerarmos que “a mulher assediada pode desenvolver distúrbios como ansiedade, depressão, perda ou ganho de peso, dores de cabeça, estresse e problemas no sono”.

 

Frente a essa realidade global e local, o Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética da Universidade Estadual do Ceará, como espaço de estudos, debates e proposições no campo dos Direitos Humanos e Sociais, busca contribuir por meio de discussões e reflexões acerca das políticas públicas de enfrentamento das práticas visíveis e invisíveis do Assédio Sexual que tem vitimizado uma parcela expressiva da população brasileira (mais especificamente as mulheres).