Linha 01 – Linguagem, Tecnologia e Ensino

PROJETOS DE PESQUISA EM ANDAMENTO

 

Projeto: Multimodalidade e Semiótica Social em Ambientes Digitais: estudos de relações intersemióticas em materiais didáticos e gêneros multimodais (MULTISSAD)

Coordenadora: Profa. Dra. Antonia Dilamar Araújo

Descrição: Este projeto de pesquisa, que se insere na área de Linguística Aplicada, fundamenta-se na abordagem da Semiótica Social e tem como foco o estudo da construção de sentidos e funcionalidades por meio da multimodalidade e letramento multimodal/visual em gêneros textuais multimodais que circulam na sociedade contemporânea em ambientes digitais produzidos em línguas inglesa e espanhola. Como objetivo geral, o projeto busca analisar a construção de sentidos em textos multimodais de natureza diversa que circulam em revistas, jornais, materiais didáticos online, em websites educacionais e plataformas digitais para compreender as relações intersemióticas presentes nos referidos textos por meio da integração de diversos modos e recursos semióticos, com o fim de contribuir com propostas de atividades de ensino para o desenvolvimento de letramento multimodal nos contextos educacionais. Metodologicamente, a investigação caracteriza-se por ser uma pesquisa descritiva e exploratória, compreendendo um corpus de textos multimodais ancorados em websites institucionais e/ou educacionais, mídias audiovisuais e plataformas digitais a serem analisados de forma qualitativa. Os pressupostos que embasam as análises fundamenta-se na Teoria da Multimodalidade (KRESS, 2005; JEWITT, 2008, 2009; UNSWORTH, 2006, BULL; ANSTEY, 2010), Gramática do Design Visual, (KRESS; VAN LEEUWEN, 1996, 2006), relações texto-imagem (MARTINEC; SALWAY, 2005, KRESS, 2005) e letramento multimodal (WALSH, 2010; CALLOW, 2008), que focalizam na construção de significados nas diferentes formas de comunicação com base nas metafunções representacional, interacional e composicional, em seus recursos semióticos de realização e no desenvolvimento de habilidades para ler e interpretar imagens estáticas e em movimento e outros recursos semióticos.

Palavras-chave: Semiótica Social. Multimodalidade. Ambientes Digitais. Materiais didáticos.

 


 

Projeto: Correlação dicionário e Gramática em dicionários on-line 

Coordenador: Prof. Dr. Antonio Luciano Pontes

Descrição: A separação entre léxico e sintaxe foi uma constante nas abordagens do estruturalismo clássico. Na atualidade, é evidente que a interrelação léxico-sintaxe ocupa um lugar central na maioria, porque não dizer, na totalidade dos modelos de descrição: Gramática Gerativa, Gramática Léxico-Funcional, Gramática Cognitiva, Gramática de construções etc. Todos parecem coincidir em que não se pode manter a separação de ambos os componentes, ainda que, na forma de conectá-los, se apresentem de formato distinto. De igual modo, a Gramática e o Dicionário, em consequência, deixaram de ser concebidos como áreas independentes. Diante disso, pretendo analisar em dicionários aspectos gramaticais, implícitos e explícitos, à luz dos pressupostos da Gramática Funcional (HALLYDAY, 1991; DOMINGUEZ, 2006; ALONSO, 1989). Para tanto, temos como material de análise os dados extraídos nas estruturas lexicográficas dos dicionários brasileiros Michaelis e Caldas Aulete, ambos on-line.

Palavras-chave: Dicionário, Gramática, Sintaxe, Léxico.

 


 

Projeto: Estudo sociorretórico de gêneros acadêmicos à luz do conceito de cultura disciplinar

Coordenadora: Profa. Dra. Cibele Gadelha Bernardino

Descrição: O projeto de pesquisa ESTUDO SOCIORRETÓRICO DE GÊNEROS ACADÊMICOS À LUZ DO CONCEITO DE CULTURA DISCIPLINAR está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PosLA) e ao grupo de pesquisa Discurso, Identidade e Letramentos Acadêmicos (DILETA). O referido projeto tem como objetivo geral “investigar como as crenças epistêmicas, as práticas disciplinares e as práticas sociorretóricas das difrenes ultrasdisiplinares da academia (HYLAND, 2000; PACHECO E BERNARDINO, 2023) influenciam a construção, a compreensão e a configuração coposcioal SWAES,1990, 2004, 2016) dos gêneros acadêmicos em uso pelas comunidades acadêmicas”. Ao projeto em questão interessa ainda aprofundar a discussão teórica sobre as categorias analíticas “crenças epistêmicas” e “práticas disciplinares” com foco no processo de aprendizagem, produção e uso dos gêneros acadêmicos por parte dos membros de comunidades disciplinares específicas.

Palavras-chave: Gêneros Acadêmicos; Culturas Disciplinares; Análise Sociorretórica de Gêneros.


 

Projeto: Ensino de gramática: um olhar sobre as práticas, metodologias e materiais didáticos na escola

Coordenadora: Profa. Dra. Cibele Gadelha Bernardino

Descrição: O ensino de língua materna nas escolas, especialmente em relação ao tratamento da gramática, é, ainda hoje, um desafio necessário. Como afirma Neves (2015), a quantidade de pesquisas em torno dessa questão é expressiva, demonstrando a pertinência de discuti-la. Contudo, vale ressaltar que ainda há lacunas relativas ao ensino de gramática que precisam ser preenchidas. A esse propósito, uma questão central que ainda não está resolvida diz respeito a como contemplar um ensino de gramatica que seja pautado na premissa uso-reflexão-uso dos recursos linguísticos. Para Campos (2014), o problema do ensino de gramática reside em uma metodologia que prioriza o reconhecimento de categorias e de nomenclaturas em detrimento da compreensão de que a gramática é uma importante ferramenta para compreender e para produzir textos. Dessa forma, ao utilizarmos a língua, empregamos um conjunto de recursos e de articulações léxico-gramaticais que são responsáveis pela construção de sentidos. Como assinala Neves (2015), o domínio de um idioma é o resultado de práticas efetivas, significativas e contextualizadas. Em vista disso, neste projeto de pesquisa, temos o propósito de investigar práticas docentes, metodologias de ensino de língua materna e materiais didáticos que lidem com o chamado “ensino de gramática”. Assim, pretendemos analisar que concepções de língua, de linguagem e de gramática subjazem a esses materiais, metodologias e práticas; e, ao mesmo tempo, propor princípios norteadores para a elaboração de atividades de ensino da variedade de prestígio da língua materna que funcionem como instrumental para a produção de textos dos mais variados gêneros.

Palavras-chave: Ensino de gramática. Materiais didáticos. Metodologias.

 


 

 

Projeto: Leitura e produção em mídias e plataformas digitais

Coordenadora: Profa. Dra. Débora Liberato Arruda Hissa

Descrição: Neste projeto de pesquisa, problematizamos as políticas de alfabetização/letramento digital nacionais e internacionais, no que diz respeito à Educação Midiática e aos Multiletramentos (GNL, 2021). Também estudamos a formação discursiva (CHARAUDEAU, 2008, 2016, 2019; BAKHTIN, 2011; VOLÓCHINOV, 2017) das plataformas e das mídias digitais, a partir da lógica da captura de atenção (WOLF, 2019; ZUBOFF, 2019; CESARINO, 2022; FISHER, 2023). Para tanto, partimos de estudos sobre Educação Midiática, Letramento Digital (HISSA, 2021), Multiletramentos (PINHEIRO, 2021; HISSA, 2021), Ecossistema da desinformação – Infodemia, Infocracia, Desmediatização, Pânico Moral, Teoria da Conspiração, Dissonância Cognitiva, Discurso de ódio (HAN, 2017, 2018, 2022), Plataformização (POELL, NIEBORG e DIJCK, 2020; HISSA, 2023), além de metodologias que descrevam, analisem e caracterizem as produções feitas para/nas mídias digitais (RECUERO, 2017). Temos especial interesse em estudar as relações discursivo-argumentativas das mídias digitais e seu modo de amalgamento do tempo-espaço, navegação, leitura, produção, interação e interatividade no ambiente virtual. Temos disposição por pesquisa sobre recursos digitais multissemióticos/multimodais e pelo letramento algorítmico que reflete sobre o fluxo de informações nas mídias digitais, as estratégias linguísticas de maximização do tempo de permanência do usuário em frente à tela (DESMURGET, 2023) e a extração ininterrupta dos seus dados (datificação). Acreditamos que a formação discursiva das mídias e plataformas digitais, enquanto realização simbólica, tem sérias implicações para a nossa linguagem, para a nossa cognição, para o nosso sistema educacional e para a nossa democracia.

Palavras-chave: Educação Midiática. Letramento Digital. Plataformas de mídia digital. Multiletramentos. Ecossistema de Desinformação.


 

Projeto: Escrever, editar e aprender: tratamento didático da escrita na educação básica e na educação superior 

Coordenadora: Profa. Dra. Eleonora Figueiredo Correa Lucas de Morais.

Descrição: Com base na Teoria Dialógica do Discurso (TDD), do Círculo de Bakhtin, e em teorias de aprendizagem (Vigotski, 2007), o projeto busca discutir o tratamento didático da escrita na educação básica e na educação superior. Considera-se a escrita como prática social, cuja produção se dá como processo voltado ao outro e que incide efetivamente na produção de conhecimento. A partir disso, analisa-se o potencial epistêmico da escrita (Carlino, 2005) e discute-se a construção de redes dialógicas de produção por meio dos processos de revisão e de edição de texto. Na educação básica, investigam-se as práticas pedagógicas de ensino de escrita e sua relação com o que indica a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e com outros documentos norteadores; assim como se analisa o impacto das avaliações externas nas práticas de escrita estimuladas pela/na escola. Na educação superior, analisa-se a escrita como aspecto fundamental da participação dos estudantes nas comunidades acadêmicas, seus desafios e suas estratégias de aprendizagem. Discutem-se, ainda, os conceitos de multiletramentos (NLG, 1996), escrita em pares, tecnologias digitais aplicadas à aprendizagem e seus usos éticos em diversos contextos.

Palavras-chave: Teoria Dialógica do Discurso. Ensino de língua portuguesa. Ensino de escrita. Edição e revisão de textos. Tecnologias digitais.

 


Projeto: História da violência no Ceará em registros escritos nos séculos XVIII e XIX: edição e análise de textos

Coordenador: Prof. Dr. Expedito Eloísio Ximenes.

Descrição: O proponente deste projeto, desde 1998, desenvolve pesquisa com a documentação do Ceará produzida nos séculos XVIII e XIX, guardada no Arquivo Público do Estado do Ceará-APEC. Em 2010 criou o grupo de pesquisa Práticas de Edição de Textos do Estado do Ceará PRAETECE, em 2012 ingressou como docente no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada-PosLA e, em 2016, no Mestrado Interdisciplinar em História e Letras-MIHL, ambos da Universidade Estadual do Ceará. Suas pesquisas se realizam no âmbito dos dois programas com alunos de mestrado e doutorado, como também na graduação com bolsistas de IC dos Cursos de Letras e História da FECLESC, tendo como objetivos levantar, editar e analisar a documentação histórica da antiga capitania do Ceará produzida nos períodos colonial e imperial, relativa a vários assuntos cujos ecos ainda reverberam na sociedade atual. Os resultados das pesquisas já realizadas são trabalhos de conclusão de cursos de graduação -TCC, dissertações de mestrado, teses de doutorado, livros, capítulos e artigos que analisam elementos filológicos, históricos e linguísticos dos documentos. A proposta deste presente projeto guarda-chuva é congregar os pesquisadores egressos da pós-graduação (os doutores) e os que estão em formação doutorandos, mestrandos e graduandos para contribuir no processo de sua formação permanente, que por meio de subprojetos, pesquisarão os diferentes grupos sociais vitimados (crianças, mulheres, pessoas escravizadas, indígenas e camponeses) que sofriam a violência cotidiana, bem como a violência institucional. As etapas da pesquisa constam do levantamento dos documentos no APEC e de outras fontes, da edição filológica e da descrição codicológica, do levantamento e análise dos tipos de violências praticadas, dos instrumentos e das práticas linguageiras que contribuem para a compreensão das práticas violentas. Dessa forma pretende-se contribuir para a constituição da história da violência no Ceará, trazendo os dados do passado, que podem contribuir para compreender o presente. Os documentos editados serão analisados pelos pesquisadores em seus estudos e, também, disponibilizados ao público em geral, que tenha interesse pelo assunto. Espera-se a produção de muitos produtos em forma de artigos científicos, dissertações, teses e outros gêneros acadêmicos. Pretendendo-se colaborar de forma crítica com os estudos linguístico-filológicos e históricos engajados em questões sociais e trazer dados do passado para compreender o presente da sociedade no que tange ao tema proposto.

Palavras-chave: Violência. Edição semidiplomática. Estudo Linguístico. Estudo Histórico-Social. Filologia textual.


 

Projeto: A violência histórica contra negros e indígenas no Ceará: edição de textos escritos nos séculos XVIII e XIX e estudo comparativo com a contemporaneidade

Coordenador: Prof. Dr. Expedito Eloísio Ximenes.

Descrição: Este projeto está ancorado em um projeto guarda-chuva intitulado História da violência no Ceará em registros escritos nos séculos XVIII e XIX: edição e análise de textos que está institucionalizado na UECE, com vigência de 03/01/2022 a 31/12/2026. Vários estudantes de graduação e de pós-graduação estão inseridos, realizando pesquisas sobre o tema da violência que envolvem outros sujeitos como mulheres e crianças. A temática A violência histórica contra negros e indígenas no Ceará: edição de textos escritos nos séculos XVIII e XIX e estudo comparativo com a contemporaneidade visa fazer um levantamento de documentos produzidos em todo o período colonial no Ceará que registram violência contra os sujeitos que eram mais vulneráveis como escravizados e indígenas. A pesquisa terá como locus os acervos documentais do Ceará como o Arquivo Público do Estado do Ceará-APEC e arquivos eclesiásticos e cartoriais tanto cearenses quanto de outros estados brasileiros. Serão levantados os textos, selecionados, digitalizados por meio de scaner, armazenados em instrumentos eletrônicos como HD externo e em computadores, para posteriormente se fazer uma transcrição e edição filológica conservadora, obedecendo os rigores metodológicos da Paleografia e Filologia. Posteriormente serão contabilizados os dados encontrados como os sujeitos vitimados com todas as informações dadas sobre eles (nome, origem, idade etc.) e os tipos de agressões sofridas. Outra etapa da pesquisa é a análise dos dados e as possíveis comparações com a realidade atual desses sujeitos no contexto cearense. Os produtos gerados a partir dos dados serão em forma de tabelas, índice onomástico, artigos científicos, capítulos de livros, TCCs, dissertações e teses dentre outros. Além de discussões em eventos como seminários, simpósios, palestras, comunicações sobre a temática. Dessa forma pretende-se contribuir para a constituição da história da violência no Ceará, trazendo os dados do passado para se compreender o presente. Os documentos editados serão analisados pelos pesquisadores em seus estudos e, também, disponibilizados ao público em geral, em ambiente virtual. As análises dos textos serão realizadas sob vários vieses teóricos e metodológicos tanto no campo da Linguística, da Filologia, da História, da Sociologia, do Direito etc. Pretende-se contribuir para a preservação das informações e da memória dos povos colonizados e submetidos aos maus-tratos investigando a reverberação e as consequências da história colonial cearense nos contemporaneidade.

Palavras-chave: Documentos Históricos. Edição Filológica. História da Violência. Estudo Linguístico. Estudo Histórico-Social.


 

Projeto: Abordagem do texto como evento – busca de coerência entre teoria e prática

Coordenadora: Profa. Dra. Maria Helenice Araújo Costa

Descrição: Esta proposta de pesquisa em Linguística Aplicada tem como fundamento teórico mais amplo a concepção não representacionista da linguagem, que, por sua vez, serve de base para a noção beaugrandiana de texto como evento comunicativo multissistêmico. Entendemos que, ao incluir entre essa multiplicidade sistêmica os participantes do discurso e ao propor que o texto somente adquire existência quando em processo de textualização, Beaugrande (1997) postula o que poderíamos chamar uma “virada epistêmica” nos estudos textuais, na medida em que eleva o texto da condição de objeto de análise ao status de agir humano, de forma de vida. Ao considerar os participantes do discurso como um dos múltiplos sistemas constitutivos do evento textual, o autor deixa clara a proposta de não separação absoluta entre sujeito cognoscente e objeto cognoscível e, assim, reconhece o texto como um fenômeno complexo que, como tal, deixa de ser passível de análises descritivas a partir de categorias rígidas e resultados apriorísticos. Enquanto evento, o texto é naturalmente dinâmico, instável, mais “performatizável” que “constatável”. Essa caracterização do texto como fenômeno complexo gera naturalmente dificuldades para o/a pesquisador/a ou o/a professor/a que recorre a categorias rígidas e/ou a atividades de ensino instrucionista. Entendemos que essas práticas ilustram a crítica beaugradiana à contradição entre teorias inclusivas e práticas excludentes. Neste projeto, damos continuidade ao estudo que já vimos desenvolvendo, tendo em vista o fato de que as questões que levantamos continuam necessitando de aprofundamento e ampliação, muito embora já tenham propiciado a produção de dissertações e teses e a publicação de livros que discutem a questão central: “Se o texto é constitutivamente instável, incompleto, efêmero, como sistematizar o estudo desse objeto?” Para buscarmos respostas a essa questão, elencamos aqui alguns pressupostos que, a nosso ver, guardam pontos de afinidade com as ideias beaugrandianas discutidas aqui: a proposta antropológica de Hanks (2008) e as bases teóricas dos estudos da complexidade (DEMO, 2002; MATURANA, 2001; MATURANA; VARELA, 1995; MORIN, 2005 [1982]). Além dessas fontes, vemos, na discussão dos processos de referenciação, categorização e inferenciação por Marcuschi (2007), uma contribuição para a abordagem da textualização como o fenômeno que põe em movimento o uso da linguagem no desenvolvimento de diferentes práticas sociais, entre as quais o ensino de língua materna. O projeto abriga, então, subprojetos que enfoquem questões relacionadas à produção e à compreensão do texto em diferentes situações e modalidades, incluindo textos digitais.

Palavras-chave: Texto. Complexidade. Textualização. Teoria versus Prática.


 

Projeto: Linguagem, Tecnologia e Ensino na Educação Básica e no Ensino Superior

Coordenadora:  Profa. Dra. Nukácia Meyre Silva Araújo

Descrição:  A partir do olhar da Análise Dialógica do Discurso (ADD), considerando-se os horizontes teórico-metodológicos do círculo bakhtiniano, este projeto tem como objetivos analisar e discutir a linguagem como objeto de análise e de ensino, na universidade e na escola considerando variados aspectos. No âmbito do ensino superior, interessa-nos discutir letramentos acadêmicos e letramento em saúde; curadoria digital em linguística aplicada, formação do docente de língua portuguesa, como leitor e como produtor de textos; escrita e autoria de material didático. Na educação básica, investigamos a estrutura e o conteúdo e os possíveis impactos da Base Nacional Comum Curricular, nos materiais didáticos, no currículo e no próprio ensino de língua portuguesa; o papel do professor como curador de recursos educacionais digitais, a criação e impactos da inteligência artificial generativa no aprendizado e nos usos da escrita.

Palavras-chave: Ensino de língua portuguesa; Inteligência artificial generativa e escrita; letramento em saúde.


 

Projeto: Escrita como prática cultural e Inteligência Artificial Generativa

Coordenadora:  Profa. Dra. Nukácia Meyre Silva Araújo

Descrição:  Desde o seu surgimento, a escrita como prática cultural tem se configurado como elemento essencial para organização de sociedades. Na contemporaneidade, mais especificamente a partir do desenvolvimento dos grandes modelos de linguagem (LLM) e da disponibilização de ferramentas baseadas nesses modelos em ambientes digitais (Chat GPT, Bard, Copilot, por exemplo), as práticas escriturais ordinárias e não ordinárias vêm sofrendo uma grande modificação. Este projeto tem como objetivo desenvolver investigações sobre o impacto do uso de inteligência artificial generativa (IAG) em práticas de escrita de alunos da Educação Básica e da Educação Superior, destacando-se temas como autoria, plágio, ética científica, qualidade de textos gerados por IA, usos éticos de IA na escola, entre outros aspectos que podem ser explorados neste novo campo de estudo.

Palavras-chave: escrita, Inteligência artificial generativa, autoria


 

Projeto: Português como Língua de Acolhimento (PLAc): perspectivas e práticas hospitalidade pela linguagem

Coordenadora:  Profa. Dra. Nukácia Meyre Silva Araújo

Descrição:  Nos fluxos migratórios contemporâneos, a migração forçada, seja por questões políticas, econômicas e, as mais recentemente consideradas, questões ambientais, têm gerado desafios de ordens diversas, inclusive na educação linguística. Nas pesquisas em Linguística Aplicada (LA) desenvolvidas no mundo e no Brasil, vem ganhando corpo a discussão a respeito do ensino de línguas nacionais, como línguas de acolhimento, através das quais se daria o aprendizado de línguas por imigrantes. Nessas investigações, considera-se que esse aprendizado vai além do domínio de uma nova língua-cultura. Passa assim por aspectos que consideram um sujeito aprendente que se encontra em situação de vulnerabilidade social no país para onde a vida o trouxe. Colocando-se neste contexto, as investigações abrigadas neste projeto de pesquisa discutem as noções de língua de acolhimento (BARBOSA;BERNARDO, 2017), assim como as críticas feitas a essa nomeação (ANUNCIAÇÃO; CAMARGO, 2019) a noção de hospitalidade pela linguagem (BOUDOU, 2017). Considerando-se as relações dialógicas em Bakhtin e Paulo Freire, a discussão teórica embasa a proposição de material didático para o ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc), no âmbito de um curso de extensão de PLAc para imigrantes e refugiados do ensino na Universidade Estadual do Ceará.

Palavras-chave: PLAc, língua de acolhimento, hospitalidade.


 

Projeto: Formação de Professores de Línguas e Atividade Docente

Coordenadora: Profa. Dra. Rozania Maria Alves de Moraes

Descrição: O presente estudo se propõe a investigar, numa perspectiva discursiva e dialógica, a atividade de professores de línguas. Pretendemos analisar os inconvenientes, os conflitos e/ou os dilemas que esses professores encontram diante de elementos que constituem o seu trabalho, tais como estratégias e metodologias de ensino, prescrições, instrumentos e coletivos de trabalho. Algumas questões norteiam nossas reflexões: Como os professores adaptam/ressignificam (ou mesmo reelaboram) as prescrições concernentes ao seu trabalho? Como esses professores organizam seu meio de trabalho face às relações estabelecidas no triângulo sujeito (professor) – outro (aluno) – objeto (conteúdo)? Como os professores lidam com as abordagens/metodologias de ensino diante das demandas atuais de uma sociedade globalizada e tecnológica? Que tratamento didático é dado aos materiais adotados? Pretendemos, também, com esse estudo, estabelecer subsídios que promovam uma formação continuada no âmbito do ensino de línguas, de um modo especial, no que se refere ao ensino de leitura e/ou à produção de material didático, e à análise da atividade docente. A pesquisa se sustenta, fundamentalmente, no construto teórico da Clínica da Atividade (CLOT, 2007; CLOT; FAÏTA, 2016), da Ergonomia da Atividade (CLOT; FAÏTA, 2016; FAÏTA; SAUJAT, 2010), da teoria da enunciação de Bakhtin (2003; 2012), da teoria da Análise Dialógica do Discurso – ADD (BRAIT, 2012; SOBRAL; GIACOMELLI, 2016), da teoria desenvolvimentista de Vigotski (2007). No que se refere ao quadro metodológico pode- se utilizar a Autoconfrontação (VIEIRA; FAÏTA, 2003; CLOT; FAÏTA, 2016), que prevê sessões de autoconfrontação simples, cruzada, e de retorno ao coletivo com o grupo de professores de línguas, ou o método da Instrução ao Sósia (ODDONE et al. 2015; CLOT, 2007).

Palavras-chave: Atividade docente. Formação. Prescrições. Ensino de línguas. Ergonomia da atividade.


 

Projeto: Tratamento pedagógico das estratégias de textualização: desenvolvimento da interface entre linguística textual e ensino-aprendizagem de língua portuguesa

Coordenador: Prof. Dr. Valdinar Custódio Filho

Descrição: A linguística textual se pauta por um fazer científico que tem como objeto principal de suas análises o texto enquanto elemento orientador dos sentidos construídos para que se chegue à coerência. Há, então, um olhar investigativo tanto para as condições maiores que se ligam aos gêneros e às sequências textuais quanto para as condições menores que se revelam nas estratégias de textualização propriamente ditas, quais sejam, referenciação, organização tópica, intertextualidade, e outros recursos de expressão de pontos de vista, de marcação da impolidez e dos jogos polifônicos (Cavalcante, 2023, p. 180).Sobre a presença das estratégias de textualização nas práticas didáticas, além do pouco espaço reservado a elas nos livros didáticos, a abordagem acaba sendo, muitas vezes, inadequada. A título de ilustração, tratemos da referenciação. Há, portanto, duas questões importantes sobre o ensino de estratégias de textualização: 1) é preciso que esse ensino ganhe mais espaço; 2) é preciso que as atividades e descrições sobre os fenômenos sejam mais pertinentes. A partir dessas premissas, pensamos que a área de linguística textual tem muito a contribuir para a formação docente e para a linguística aplicada ao ensino, ao permitir que as bases do desenvolvimento da competência comunicativo-discursiva se estabeleçam mediante a mobilização de estratégias que garantam a eficácia de processos de compreensão e produção de textos. Ao mesmo tempo, consideramos que a ação docente pode se beneficiar de conhecimentos aplicáveis das teorias sobre aprendizagem (Chevallard, 1991; Vigotski, 2007), para que os instrumentos construídos pelo professor sejam mais bem orientados no sentido de propiciar a ação efetiva do aprendiz e o melhor aproveitamento da interlocução entre professores e estudantes. Nosso projeto de pesquisa tenciona investir nas possibilidades de construção dessa interface, considerando-se, eminentemente, o efeito que este estudo deve ter no corpo de conhecimentos que contribuem para a formação de professores autônomos e competentes (Geraldi, 1997). Para isso, propõe como objetivo geral refletir sobre práticas pedagógicas direcionadas à educação básica, nas quais se focalizem as estratégias de textualização em atividades didáticas de compreensão e produção textual, considerando-se as dimensões ensináveis de tais práticas bem como o tratamento sociointeracionista que medeia a relação entre trabalho docente e ação do aprendiz.

Palavras-chave: Linguística textual. Ensino de compreensão. Ensino de produção. Estratégias de textualização.