Alimentos ultraprocessados: Ciência ou Indústria, em quem confiar?

19 de abril de 2024 - 13:51

Notícia enviada por nosso bolsista  FUNCAP – DAVI JACOME SANTOS VASCONCELOS.

A segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, publicada em 2014, apresentou para as pessoas uma nova classificação dos alimentos, mudando a ótica da classificação anterior, que focava mais nas características nutricionais dos alimentos. Nessa nova classificação, o foco passou a ser o nível de processamento do produto. Os alimentos foram divididos em 4 grupos: alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultraprocessados.

O primeiro grupo, dos produtos in natura, diz respeito a alimentos que não sofreram nenhuma alteração ou processamento após serem retirados da natureza, enquanto os minimamente processados são aqueles que, após extraídos, passaram por processos como limpeza, congelamento, tritura, secagem, pasteurização ou outros processos que não alteram significativamente o valor nutricional do produto. Os alimentos processados são os cuja produção utiliza de alimentos in natura e ingredientes culinários (que são basicamente temperos e ingredientes adicionados em preparações). Por fim, os ultraprocessados são aqueles cuja formulação inclui inteiramente ou majoritariamente substâncias extraídas de alimentos, derivadas de constituintes alimentares ou sintetizadas em laboratório.

Esse ano, entretanto, o Governo Federal decidiu por retirar completamente os ultraprocessados da cesta básica, visando reduzir o risco de desenvolvimento de doenças que são frequentemente associadas ao consumo desses alimentos, como as doenças cardiovasculares, obesidade e diversos tipos de câncer. A medida gerou reação do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, que a criticou no Congresso Nacional, alegando que se trata de “terrorismo nutricional”. A literatura científica, todavia, apresenta evidências coesas que apoiam a ideia de que o aumento no consumo de ultraprocessados está associado a um maior risco para o desenvolvimento dessas doenças crônicas não transmissíveis, bem como a uma deterioração da qualidade nutricional da alimentação, como aponta Louzada et al (2021).

É um tema que merece envolvimento ativo da sociedade, aí se incluindo a comunidade e os profissionais da saúde.

Confira os artigos e a notícia, que trazem: a nova classificação de alimentos, as evidências acerca do consumo de ultraprocessados e seus reflexos na saúde, e a declaração feita no Congresso Nacional, respectivamente: