Gordura dietética e doenças crônicas
18 de agosto de 2021 - 12:25
Notícia da semana enviada por nosso atual bolsista IC-UECE, Carlos Cardoso Neto.
Muitos alimentos, padrões dietéticos e determinados nutrientes já foram relacionados com as doenças cardiometabólicas ou seus fatores de risco, porém em nenhum desses casos a correlação é tão intensa quanto a gordura dietética.
Estudos com alimentação controlada mostram a ligação entre o consumo de gordura saturada e os níveis aumentados de colesterol total e do mais preocupante, a lipoproteína de baixa densidade (LDL), que é bastante associado ao risco cardiovascular.
Porém, com as recomendações para a diminuição do consumo de gorduras saturadas, ocorreu o aumento no consumo dos grãos refinados, aumentando assim a prevalência da diabetes melito tipo 2.
As gorduras dietéticas são divididas em três grupos: gorduras saturadas, gorduras insaturadas e gorduras trans. As gorduras saturadas são mais facilmente encontradas nos produtos de origem animal, como os laticínios e as carnes. Já as gorduras insaturadas, que são divididas entre monoinsaturadas e poli-insaturadas são encontradas nos óleos, nozes, sementes e em peixes de água fria. Uma dieta mais rica em gorduras insaturadas tem sido relacionada à prevenção de doenças cardiometabólicas, como é o caso da Dieta do Meditarrâneo.
A Dieta do Mediterrâneo é uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, legumes, nozes e azeite de oliva extra-virgem, basicamente repleta de gorduras insaturadas. Inclui também peixes e aves de carnes magras. Portanto, é uma dieta tida como protetora contra as doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo. Isso ocorre também muito por conta da qualidade dos carboidratos ingeridos nesse tipo de dieta, pois foi visto que o consumo exagerado de carboidratos simples na dieta está associado ao aumento da mortalidade total.
Ao que parece, o fator de risco sob o qual as gorduras insaturadas mais tem influência é a pressão arterial, que também é considerado o fator de risco que mais causa mortes por doenças cardiovasculares, pois foi visto que uma dieta rica nesse tipo de gordura pode auxiliar na diminuição de até 5 mmHg na pressão diastólica e sistólica. Portanto, não há evidencias que uma dieta pobre em gorduras exerça algum tipo de ação protetora contra as doenças cardiometabólicas mas evidências apontam que uma dieta com um bom teor de gorduras insaturadas exerce esse papel, especialmente em um contexto de uma Dieta do Meditarrâneo.
Confiram a revisão sobre o tema Foi realizada em 2018, mas traz atuais e relevantes contribuições. Segue o link da publicação:
https://www.uece.br/nutrindo/wp-content/uploads/sites/82/2021/08/Gordura-Dietética-x-Doenças-Crônicas.pdf