Único no CE, equipamento de ponta analisa elementos-traço essenciais e tóxicos na Uece
24 de setembro de 2024 - 16:49
Multiusuário, o equipamento poderá ser utilizado para órgãos do Governo do Estado do Ceará, outras instituições de pesquisa e pela indústria
Aconteceu, nesta terça-feira (24), no campus Itaperi, a inauguração da Expansão do Laboratório de Análise de Alimentos e Micronutrientes (LAAM), o LABMULTI, que abriga um equipamento de última geração, o único em funcionamento no Ceará. Trata-se do Espectrômetro de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS) modelo Nexion 1000 da Perkin Elmer, útil para análises de elementos essenciais e tóxicos em diversas matrizes, como alimentos, sangue, tecidos humanos, urina, solo e muitas outras.
O equipamento, avaliado em mais de R$ 1 milhão, foi adquirido por meio de edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e o novo espaço, localizado no prédio dos Laboratórios Associados de Inovação e Sustentabilidade (LAIS), foi reformado com recursos da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece).
O Laboratório é coordenado pela professora do curso de Nutrição da Uece, Carla Soraya Maia, com o apoio do professor de Química da Faculdade de Educação de Crateús (Faec/Uece), Luan Fonseca.
O evento de inauguração do novo espaço e do novo equipamento foi presidido pelo reitor da Uece, professor Hildebrando Soares, que destacou a evolução da instituição. “A Uece atingiu um patamar de maturidade que se expressa também na criação de um centro de pesquisa que se desenvolve dentro da Universidade, com aquisição de equipamentos, como este que hoje inauguramos, e que permitem que a universidade se torne referência na pesquisa também nesse segmento”. O gestor comemorou: “Esse é um momento feliz, pois está dentro de um movimento que a Uece vem fazendo de se tornar um grande centro de formação qualificada, ao mesmo tempo um centro de produção científica, tecnológica e inovadora, capaz de enfrentar grandes dilemas do povo do Ceará, do povo brasileiro”.
O vice-reitor da Uece, professor Dárcio Ítalo Teixeira, lembrou que, como pesquisador, em seu doutorado, precisou se deslocar para Brasília para conseguir utilizar um equipamento como o que hoje a Uece possui. Agora, como gestor, ele comemora. “Que bom que estamos hoje inaugurando essa expansão, com esse valioso equipamento. Ser um pesquisador não é fácil, mas quando conquistamos um equipamento dessa natureza, temos um marco que valida todo o nosso esforço”.
A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da Uece, professora Ana Paula Rodrigues, salientou a importância dos pesquisadores, dos professores e dos parceiros. “Acreditamos que ciência, fazemos com parcerias, com colaboração. Nossos parceiros são muito importantes para esta instituição, que faz ciência, faz pesquisa, constrói conhecimento, contribuindo para o avanço científico e tecnológico do nosso Estado”. E celebrou a conquista institucional: “Fico muito contente, como docente, como pesquisadora e como gestora dessa instituição, com aquisições como essa e outras, que fazem com que nossa Uece cresça. Isso realmente é muito gratificante para todos nós!”
A diretora do Centro de Ciências da Saúde, professora Samya Coutinho, exclamou: “Estou me sentindo em Harvard! Quando chegamos a esse nível, percebemos que nosso avanço também depende de nós, de nossas lutas. Então, quero parabenizar a todos os professores do curso de Nutrição dentro desse contexto, assim como os demais pesquisadores envolvidos”.
Com a nova expansão, o intuito é criar na Uece um centro de análise de elementos-traço, como explica a coordenadora do Laboratório, Carla Soraya Maia. “Elementos-traço são metais ou minerais que estão presentes em pequenas quantidades no nosso corpo e no meio ambiente”. Esses elementos podem ser classificados como “essenciais”, a exemplo de zinco, selênio e magnésio, presentes no sangue; ou “tóxicos”, como o chumbo e arsênio. Segundo a coordenadora, em breve, a Uece receberá outro equipamento, de especiação. “Além de determinar o conteúdo desses elementos-traço, vamos conseguir ver as espécies químicas associadas a eles”.
A pesquisadora fala, ainda, sobre a natureza multiusuária do equipamento, sendo possível ser utilizado pelos diferentes órgãos vinculados ao Governo do Estado do Ceará, por outras instituições de pesquisa e até pela indústria. “Ele traz para o Ceará uma série de possibilidades, nas áreas clínicas, de saúde pública, de alimentos, e na área de contaminantes, na área toxicológica. Ele traz um novo momento para o Ceará”, ressalta Carla Soraya.
O professor Luan Fonseca, também responsável pelo Laboratório, apresentou o equipamento, explicando suas funções e sua relevância. “O Ceará tem hoje à disposição um equipamento de última geração para fazer esse tipo de análise. Muito mais do que apenas um equipamento, se trata de um laboratório de análise de traços, uma rede multiusuária, em que esse equipamento está inserido”.
“Estamos muito felizes porque nossa capacidade técnica e produtiva tem sido reconhecida, com muito trabalho na Universidade e fora dela, pelos editais e parcerias nacionais e internacionais. Então, estamos felizes por hoje a Uece poder disponibilizar para seus pesquisadores, para o povo do Ceará e para o povo do Nordeste, essa condição de trabalho”, comemora a coordenadora Carla Soraya.
Estiveram também presentes no evento de inauguração, a pró-reitora de Políticas Estudantis, professora Mônica Duarte; a vice-coordenadora do curso de Nutrição, professora Sônia Castro; o vice-diretor da Faculdade de Veterinária, professor Isaac Neto; a diretora de Pesquisa, professora Célia Sampaio; a coordenadora do Laboratório de Conversão Energética e Inovação (LCE+), professora Mona Lisa Moura; as representantes da Unilab, professora Eveline Abreu; da UFC, professora Wladiana Matos; e do Nutec, Cleidiane Gomes.
Saiba mais
Diferente de outros grandes equipamentos presentes do Ceará, o Espectrômetro da Uece possui sensibilidade extrema, sendo ele multielementar, com capacidade de identificar até cerca de 90 diferentes elementos simultaneamente, em 2 minutos, a partir de uma única amostra. A detecção é feita em partes por bilhão, como explica o professor Luan:
“Imagina que você perdeu sua lente de contato em uma praia de oito quilômetros de areia. Encontrar parte por bilhão é encontrar essa lente de contato na praia. Então, a gente trabalha em concentrações muito pequenas, em menos de dois minutos. Na análise, você leva ali um pouquinho de sangue, em dois minutos você sai com todos os elementos que você tem naquele fluido”.
Pesquisas já estão sendo desenvolvidas com o uso do novo equipamento, entre elas, a que trata sobre má nutrição e deficiência de micronutrientes na população adolescente. “Às vezes, por exemplo, você tem uma criança obesa, mas ela tem deficiência de zinco para o crescimento ou tem deficiência de ferro. Então, nós vamos detectar o zinco e o ferro nessa população de adolescentes obesos, por meio da análise de fluidos corporais, como sangue e urina”, explica a professora Carla Soraya. Outro estudo que se inicia visa analisar a presença de elementos tóxicos no caranguejo, e outros alimentos do Ceará, enquanto outras visam identificar elementos em fluidos para associá-los a riscos cardiovasculares, fome oculta e à saúde mental de crianças e adultos. Além dessas, outras pesquisas já são discutidas, em parceria com UFC e Unilab.