Uece vai à escola: projeto de extensão realiza esquete para alunos do Ensino Médio

15 de setembro de 2023 - 16:04

O laboratório Cetros, da Uece, realizou atividade na Escola Estadual de Ensino Médio Balbina Jucá, no bairro Jardim Iracema/Fortaleza. O evento é parte do projeto de extensão “Arte e Crítica Social” e de iniciação artística “Ao Pé da Letra”, encampados pelo laboratório e vinculados à Pró-reitoria de Extensão da Uece. A equipe, formada por atores/atrizes, desenhistas, musicistas, designer gráfica e dançarino, apresentou a peça “Os sentidos de ser-tão!”, com texto de Epitácio Macário (coordenador do projeto na Uece) e direção de Rafael Abreu, da companhia Acaso de teatro e dança.

O roteiro tem como argumento central os conflitos e desafios da vida dos jovens trabalhadores nos sertões do Ceará e nas periferias de Fortaleza, com destaque para os dilemas do êxodo rural, do mundo do trabalho, relações de sociabilidade, violência e esperança. “Os sentidos de ser-tâo! não trata do sertão como região geográfica, mas quer indicar uma ação formativa que leva a pessoa a ser mais, a desenvolver suas potências subjetivas, a ser-tão!, afinal”, informa o coordenador dos projetos.

Ambientado no interior do Ceará e na periferia de Fortaleza, a história recorta e conecta aspectos tratadas nos contos e crônicas do livro “Ao pé da letra: literatura no balaio de artes”, produzido pelo Coletivo Ao Pé da Letra e publicado pela Editora da Uece (EdUece), em setembro de 2022. Durante o enredo, a vida dos trabalhadores vai escorrendo como os rios que cortam as terras ressequidas e desaguam no mar das periferias de Fortaleza.

Os temas vão da falta de terra e emprego no campo à violência, que é expressa no caso da Chacina do Curió, desafiando a força e a determinação da juventude que sonha e busca um mundo justo e esperançoso. “É uma peça muito tocante que me desenvolve como ser humano, me leva a sentir a dor dos outros e assumi-las como luta minha”, é como enxerga a estudante de Computação, Rita Jennyfer. Já Kaio Vinícius, que é bolsista de Iniciação Científica e atua nas atividades do projeto Arte e Crítica Social, declarou: “a arte me permite vivenciar experiências que eu mesmo não vivi; quando atuo como um menino sertanejo que pegou o peso da enxada, eu experimento as sensações dele, embora não tenha vivido lá”. Essa experiência, continua K. Vinícius, “ocorre comigo que estou atuando e com o público que está assistindo, provocando reflexões em meninos que atravessam a periferia da cidade debaixo de bala, por conta da ação policial, pra buscar um sonho que é algo que o Estado deveria providenciar”, concluiu o ator.

Na visão da desenhista e estudante de Serviço Social Vivian Gabrely, “a peça é muito importante tanto para quem assiste como para nós que realizamos. Ela me toca muito na parte que fala da chacina do Curió. Me constrói no sentido de tá ali aprendendo como também me estimula a aperfeiçoar minha arte, ao desenhar em público”, afirmou ela ao final da atividade na Escola Balbina Jucá.

Para a vice-coordenadora do projeto de iniciação artística Ao pé da letra, Richelly Barbosa, que é assistente social na UFC, o laboratório “Cetros tem se destacado na realização de atividades extensionistas e agora está atuando em escolas da periferia de Fortaleza, levando mensagem de esperança e luta para a juventude que, inclusive, sonha em entrar na universidade”. Além da formação humana no sentido amplo, a assistente social, que também é designer gráfica, realça que o público das escolas é formado por “alunos(as) que sonham entrar na universidade e que precisam intensificar sua relação com a leitura literária; e o projeto Ao pé da letra contribui muito para isto”.

Enquanto a encenação se desenrola, três desenhistas produzem uma obra posicionados no fundo do palco. O estudante de Serviço Social Nilo Craveiro avalia as atividades como muito importantes para seu desenvolvimento pessoal e profissional. “Eu era mais fechado só comigo mesmo e não estava acostumado a desenhar assim para muita gente; as atividades têm me ajudado a perder o medo e isso me ajuda a evoluir como pessoa”, afirmou ele. Esta opinião é compartilhada pela aluna do curso de Pedagogia da Uece, Edissa de Aquino, para quem “a experiência do Arte e Crítica Social me colocou dentro de um coletivo e estou crescendo como artista, como desenhista, e também pela integração de várias artes levando uma mensagem de paz e esperança, mesmo tratando de temas tão pesados”.

Na versão atual, o projeto de extensão Arte e Crítica Social e de iniciação artística Ao Pé da Letra adotam como metodologia a integração de várias linguagens artísticas para tratar e refletir sobre temas da questão social e de conjuntura brasileira. Articuladas pela Literatura, outras linguagens artísticas propiciam experimentos estéticos muito significativos na formação dos(as) jovens. Para Luís Calaça, estudante do curso de Música da Uece, a participação no projeto “é uma experiência desafiadora, pois produz esquetes integrando várias artes, o que afeta em profundidade tanto os artistas como o público que assiste”.

Assista ao vídeo da apresentação: Parte I e Parte II